Um modelo de democracia ambiental

Em artigo publicado na Gazeta do Povo, presidente da Fiep defende o uso racional da água e um novo modelo de gestão dos recursos hídricos

O desafio da água não é só tecnológico e político, mas também é cultural e institucional. Falamos da aprovação de leis e regulamentos, mas principalmente da mudança de costumes seculares, vencendo a ideia de que o rio é a via de escoamento natural para os esgotos domésticos.

O momento é decisivo. O sucesso das iniciativas atuais determinará em breve os níveis de bem estar e desenvolvimento. Influenciarão nosso modo de produzir e fazer negócios e a inserção do Brasil na economia global. A água já é o insumo mais importante. Tratados internacionais estabelecem prioridades, como o abastecimento das cidades e o saneamento básico, seguidas pelo uso da água para irrigação e na indústria. Uso racional. É hora de elevar radicalmente a produtividade hídrica no Brasil, usando o mínimo de água para obter o máximo de produção.

A Fiep defende algumas cláusulas pétreas. A primeira: quem deve pagar pela água é o consumidor e não o contribuinte. A tarifa levará em conta a necessidade de investimentos e descontos para os mais carentes. A segunda: o governo não é o dono da água, mas sim a sociedade. Cabe ao governo investir em pesquisa e no monitoramento da qualidade da água, na preservação e restauração de mananciais e na prevenção de enchentes.

A terceira: o setor industrial e o agronegócio, juntamente com o governo, devem investir continuamente em pesquisas, tecnologias e técnicas gerenciais que contribuam para o uso racional da água na produção. A quarta: divisões geopolíticas são menos importantes do que bacias hidrográficas. Logo, o gerenciamento por bacias é imperativo, mas requer articulação entre todos os setores da sociedade.

Mas não estamos começamos do zero. Tramita na Assembleia Legislativa um projeto de lei que cria um consórcio entre estado e municípios para gerir a bacia do Alto Iguaçu. O projeto prevê um conselho no qual toda a sociedade fará parte como um parlamento metropolitano. Do amadurecimento dessas ideias nascerá nosso modelo de democracia ambiental.

É hora de elevar radicalmente a produtividade hídrica no Brasil, usando o mínimo de água para obter o máximo de produção.

Rodrigo da Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)

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