Engajar os industriais no processo de mudança de comportamento para que os recursos naturais sejam utilizados de forma sustentável. A frase do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo da Rocha Loures, resume as ações que o Sistema Fiep vem promovendo para garantir a preservação do patrimônio natural paranaense. ”Acreditamos que é possível adequar a expansão da produção com a conservação ambiental”, afirma.
Dentro deste processo de conscientização o Sistema Fiep lançou em maio o Programa Cooperativo de Gestão Ambiental em Indústrias Paranaenses, em parceria com a secretaria estadual do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Ministério Público. O programa quer estimular o setor industrial a resolver pendências no cumprimento da legislação ambiental em vigor, evitando penalizações a partir de planejamento monitorado para a solução dos problemas. ”Esta é a porta de entrada para o empresário buscar suporte técnico para solucionar pendências ambientais. Ao fazer sua adesão ao programa ele, automaticamente, está se comprometendo a se adequar às leis ambientais”, explica o vice-presidente da Fiep, Álvaro Scheffer.
A adequação pode ser feita por meio do Centro Nacional de Tecnologia em Saneamento e Meio Ambiente (Cetsam) do Senai-PR, que está credenciado para elaborar um diagnóstico completo da indústria. Se forem encontradas irregularidades, a empresa assinará o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O grande estímulo para os empresários é que não haverá multas a partir da adesão ao programa, desde que se cumpram rigorosamente com o plano e o cronograma traçados. ”Com este convênio, o Paraná passa a ser o único Estado brasileiro em que o meio ambiente deixa de ser um grande entrave para o desenvolvimento econômico”, afirma o presidente do IAP, Lindsley da Silva Rasca Rodrigues.
Este não é único trabalho que o Sistema Fiep vem desenvolvendo para garantir a sustentabilidade ambiental do Paraná. Ainda por meio do Cetsam, que é referência nacional na área ambiental pelas consultorias prestadas às indústrias do setor industrial, técnicos estão preparando um sistema de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), dentro das normas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto. De acordo com o diretor de Operações do Senai-PR, Luiz Henrique Bucco Bucco, o trabalho consistirá em otimizar o processo energético, de modo que caldeiras que utilizam combustível fóssil passem a usar biomassa. ”Conseqüentemente, haverá redução da emissão de gás carbônico”, afirma o diretor. ”Desenvolveremos uma metodologia que pode ser usada por várias indústrias”.
Além de consultoria e elaboração de projetos técnicos e tecnológicos, o Senai também mantém uma Bolsa de Reciclagem, serviço que divulga oportunidades de negócios entre as empresas que ofertam e procuram resíduos. Em quatro anos de implantação, o sistema proporcionou cerca de 14 mil negócios. ”A bolsa de reciclagem permite que resíduos que seriam jogados no meio ambiente sejam reaproveitados para outros fins, minimizando os impactos ambientais e aumentando o uso de matérias-primas”, explica o coordenador da Área de Assessoria Técnica e Tecnológica do Cetsam, Adilson Luiz de Paula Souza. ”Temos resíduos de todos os tipos, mas a maior porcentagem é de plásticos e metais”.
O Cetsam também foi responsável pela consultoria da implantação do aterro sanitário de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. O trabalho começou em 2003 e, paralelamente, foi realizado o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Domiciliares da cidade, envolvendo desde a coleta domiciliar, comercial e hospitalar até serviços de varrição, roçada/capina, coleta seletiva e operação do aterro. ”É o reconhecimento ao trabalho de excelência executado pelos técnicos do Cetsam”, comenta João Antonio Veneri, gerente do Senai da Região Curitiba e Metropolitana.
Segundo ele, o Centro também é referência na formação de técnicos em Meio Ambiente. O profissional com esta formação responde pelo monitoramento de sistemas de tratamento de águas, efluentes, resíduos sólidos e emissões gasosas. Também pode trabalhar com o acompanhamento de programas de controle de poluição, de minimização de consumo de água, energia, matéria-prima, insumos e fiscalizar os processos de redução, reciclagem e reutilização.
INDÚSTRIA DESTINA MAIS RECURSOS PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL
Segundo a pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria, 73% das empresas do setor industrial brasileiro destinaram recursos para a proteção ambiental em 2004. A principal razão apontada para a adoção de medidas nesta área foi o atendimento às leis ambientais (45,2%).
A pesquisa também apontou uma clara evolução na visão dos empresários em relação aos benefícios de desenvolver processos industriais adequados à preservação do meio ambiente. As manifestações indicam preocupação em atender um consumidor mais exigente e a possibilidade de reduzir custos através de programas de diminuição da geração de resíduos.
Por outro lado, o setor ainda apresenta uma série de dificuldades em relação à questão ambiental. Para 34% das empresas pesquisadas é difícil identificar e atender aos critérios técnicos exigidos pelos órgãos ambientais e 9,5% considera difícil identificar especialistas no setor.
Estes dados revelam que o campo de trabalho se mostra bastante promissor para quem deseja atuar na área de meio ambiente. Para suprir a demanda, o Sistema Fiep mantém, através do Senai um curso técnico em Meio Ambiente. Atualmente, a capacitação garante estágio para 75% dos alunos antes mesmo de terminado o curso. A qualificação é de nível pós-médio e tem duração de três semestres.