O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, assumiu o compromisso de agilizar a construção da nova pista do aeroporto Afonso Pena para viabilizar a operação de aviões de carga. Hoje, 94% da carga aérea exportada pelo Paraná sai do país por aeroportos paulistas, por falta de estrutura do terminal paranaense. O volume de embarques é de US$ 390 milhões.
Alencar, que também preside o conselho da Infraero, assumiu o compromisso diante de empresários e lideranças do Paraná, na última segunda-feira (05), quando esteve em Curitiba participando do debate sobre Governança da Política Econômica, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e demais entidades do setor produtivo paranaense. O vice-presidente pediu que o projeto seja encaminhado ao seu gabinete e garantiu que vai agilizar a sua aprovação.
Política econômica – O vice-presidente informou também que vai agendar um encontro entre o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, e outros dirigentes de entidades locais com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo do encontro é apresentar as propostas defendidas pela Fiep de mudanças na gestão da política econômica brasileira.
Alencar disse que as proposições defendidas por Rocha Loures são corretas e pertinentes. Ele elogiou a proposta de ampliar a representatividade do Conselho Monetário Nacional, elevando dos atuais três para nove representantes. “Esta casa tem proposta. A ampliação do CMN é fundamental porque amplia a representatividade”, disse.
Pela proposta da Fiep, o CMN, que hoje é composto apenas por representantes dos ministérios da Fazenda, Planejamento e Banco Central, passaria a contar com representantes também dos ministérios da Indústria e Comércio, Ciência e Tecnologia e do BNDES, entre outras instituições.
Desindustrialização – Falando em consonância com as posições defendidas pela Fiep, o vice-presidente disse concordar que o Brasil passa por um processo de desindustrialização. Os motivos, segundo ele, são a informalidade, a elevada taxa de juro, a excessiva tributação e a política cambial.
Segundo Alencar, “no Brasil o câmbio é burro” porque trabalha contra os interesses nacionais. “O câmbio poderia até flutuar, mas em um patamar correto se não fossem os juros exorbitantes”, declarou. Segundo o vice-presidente, não há no Brasil atividade produtiva capaz de remunerar o capital, o que leva o empresário a ser rentista. “Qualquer atividade produtiva remunera menos do que o custo do capital, por isso o empresário é levado às aplicações financeiras em detrimento da produção”, afirmou.
Para o vice-presidente, o crescimento do Brasil tem sido incompatível com seu potencial tanto de recursos naturais quanto de recursos humanos. Ele citou um estudo feito recentemente por uma empresa de consultoria que aponta a informalidade como um grande fator que perturba o crescimento do País. “A empresa que vive na informalidade não tem contabilidade, não tem instrumento de controle e, por isso, não cresce”. O mesmo estudo, de acordo com Alencar, aponta também, além dos juros altos, dos tributos e da taxa cambial, problemas de infra-estrutura e a baixa qualidade, a ineficiência e o alto custo dos serviços públicos como fatores que impedem o Brasil de crescer.
Alencar disse que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que está em pauta no Congresso Nacional, deve simplificar a vida das empresas e tirar da informalidade muitas delas. O evento na Fiep teve a participação também do deputado federal Luiz Carlos Hauly, relator do projeto de lei da micro e pequena empresa na Câmara dos Deputados. Hauly disse que a lei é um atalho que beneficiaria 98% das empresas brasileiras, acumulando 8 tributos em uma única operação. A lei, segundo ele, também trata do acesso ao crédito e será um incentivo para quem quer produzir.