Cooperação

Encontro Internacional debate mercado de trabalho para pessoas com deficiência

Encontro Internacional debate mercado de trabalho para pessoas com deficiência

O Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através do Senai, promoveu nesta terça-feira (04) o 1º Encontro Internacional de Ações Inclusivas. Aberto a entidades integrantes do Sistema, empresas clientes e instituições parceiras do Senai, o evento contou com a presença da professora e diretora do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios – CNAM, da França, Eliana Sampaio.

Também participaram do encontro o sociólogo e professor Romeu Sassaki, especialista da ONU em Reabilitação Profissional, com 45 anos de experiência como consultor em assuntos de pessoas com deficiência, e a pedagoga e mestre em Educação Loni Elisete Manica, especialista em Educação Especial e gestora nacional do Programa Senai de Ações Inclusivas (PSAI), que só no Paraná já capacitou mais de mil pessoas.

Para o diretor regional do Senai Paraná, Carlos Sérgio Asinelli, o CNAM é uma referência na área de educação superior. A aproximação das duas instituições, disse, deve render acordos operacionais a partir deste evento. “Um dos núcleos do CNAM de maior interesse para nós são as ações de inclusão”, afirmou.


Eliana Sampaio falou sobre a experiência francesa na área e comparou com a situação do Brasil. A diretora do CNAM lembrou que a exclusão da pessoa deficiente é um problema que atinge o mundo inteiro. Na França, o assunto começou a ser debatido seriamente após a Segunda Guerra Mundial, quando o mercado de trabalho francês teve que absorver profissionais que haviam sofrido mutilações durante o combate.


Em 1987, a legislação francesa estabeleceu um sistema de cotas para essa população. É a mesma opção do Brasil, só que, ao contrário do sistema de cotas brasileiro, as empresas francesas podem optar por contratar a pessoa com deficiência ou contribuir para um fundo que financia a capacitação e inclusão dessa mão-de-obra no mercado de trabalho.


No Brasil, a Lei 8.213/91 determina que as empresas com mais de 100 empregados preencham de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência qualificadas profissionalmente. Só no Paraná, 855 empresas se enquadram na faixa. Se cruzado esse dado com a pesquisa do IBGE que indica que 14,5% da população paranaense têm algum tipo de deficiência, isso resulta em 9.227 postos de trabalho obrigatórios para esse público.


No Brasil, contou o consultor Romeu Sassaki, das cerca de 850 mil pessoas com algum tipo de deficiência que se encontram na faixa economicamente ativa, ou seja, dos 14 aos 60 anos, apenas 40% estão trabalhando. “Sendo 30% no setor informal, 8% como empresários e apenas 2% com carteira assinada”.


O cenário preocupante, segundo os palestrantes, indica que ainda falta muito para que a pessoa deficiente conquiste seu espaço. A gestora do PSAI nacional, Loni Manica, considera o Paraná um referencial dentro do programa. “Das cerca de 20 mil pessoas com deficiência capacitadas por unidades do Senai de todo o Brasil, mais de mil são do Paraná”, destacou.


Loni adiantou que a direção nacional do Senai autorizou a disseminação da experiência do Paraná com este encontro e as ações que resultarão dele para os outros departamentos regionais.


“Com este encontro, pretendemos, além da troca de conhecimentos, também o desenvolvimento de ações de cooperação que ampliem as possibilidades de atendimento a pessoas com deficiência e auxiliem as indústrias paranaenses no cumprimento da lei de cotas”, explicou Marlete Clara Simões, assessora da Coordenação de Alianças Estratégicas e Projetos Especiais do Senai e responsável pelo Programa Senai de Ações Inclusivas no Estado.


Marlete também acredita que o seminário e a aproximação com o CNAM possa resultar em parcerias para o desenvolvimento de ações inclusivas e de apoio aos empresários e profissionais de RH das empresas. Planos de trabalho conjuntos devem ser definidos durante a passagem de Eliana Sampaio pelo Paraná. A especialista do CNAM aproveita esta semana para visitar indústrias com ações inclusivas e unidades do Senai em Curitiba e Ponta Grossa.

CNAM possui 150 centros de treinamento na França
O Conservatoire National des Arts et Métiers – CNAM é uma instituição pública francesa similar ao Senai, com atuação nas áreas científica, profissional e cultural. O CNAM oferece educação profissional para adultos e pesquisa e consultoria nas áreas tecnológica e de inovação.

A instituição atua de forma integrada em toda a França. Sua estrutura é formada por 150 centros de treinamento, distribuídos em 28 regiões.
O CNAM foi fundado em 1794, logo depois da Revolução Francesa. Um de seus cursos de nível superior aborda a questão da deficiência, do ponto de vista social, jurídico, científico, tecnológico, cultural, psicológico, trabalhista e educacional.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - 80530-902 - Curitiba-PR