Soluções para acabar com a crise
Executivo americano John Schulz fala na Fiep do estopim e consequências da crise internacional, assim como das formas de acabar com ela
Nos anos 70, quando se descobriu que o petróleo era uma fonte esgotável, o mundo passou por uma crise. As quebras bancárias foram tão espetaculares que as pessoas esquecem que o estopim da atual crise é novamente o petróleo. Buscar novas alternativas de fonte de energia faz parte das estratégias para acabar com a atual crise, pois há muito consumo de petróleo e uso de energia, enquanto a tendência é faltar oferta do produto. A afirmação é de John Schulz, doutor em história econômica e especialista em crédito bancário, que proferiu a palestra “Crise Americana nos Estados Unidos, e o Brasil”, promovida pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio da Unindus, com apoio do Centro Internacional de Negócios (CIN), nesta sexta-feira (12), em Curitiba.
“A bolha imobiliária colaborou para a expansão da crise. Com o crédito abundante, os americanos compravam imóveis pagando 10% ou 20% de seu valor e financiando o restante. Posteriormente, os bancos ofereciam hipotecas de até 105% do valor, para reformas e compra de mobília. Com o aumento de 20% no preço dos imóveis, os bancos ofereciam hipotecas secundárias, muitas vezes utilizadas para compra de automóveis e viagens, pois os proprietários passaram a acreditar que tinham um maior poder de compra, achando menos necessário guardar dinheiro para o futuro”, explicou o especialista.
“No Brasil, as siderúrgicas, o setor automobilístico e o da construção são os mais afetados pela crise americana. Para saírem da crise, é preciso que os empresários se unam e exijam políticas mais eficazes, como a redução de impostos”, afirmou Schulz, ressaltando que o momento também é de mais investimentos: “Além de uma política cambial voltada à indústria, é preciso se investir em infra-estrutura no Brasil”, disse.
Durante o evento, Schulz apresentou possibilidades de se acabar com a crise. “Os EUA devem proteger os grandes bancos, não os acionistas. Retirar as tropas americanas do Iraque, fonte de déficit do País, e diminuir o consumo de petróleo, via ações fiscais”, ressaltou o especialista. “A saída da crise passa em parte pela China, que está se tornando uma locomotiva, tornando-se uma grande produtora industrial e ganhando mercado em todas as áreas. Assim como os EUA, a China também deverá poupar energia, pois tem aumentado a demanda de uso de energia e insumos”, lembrou.
De acordo com o especialista, a crise não deverá se prolongar por muito tempo. “Não é a primeira vez que passamos por uma crise. Já tivemos crise por falta de oferta, antes da revolução; por excesso de oferta, em 1837; por causa das estradas de ferro e por causa da grande depressão econômica. A atual crise não se estenderá por um longo período e nem será resolvida com uma guerra”, afirmou.
John Henry Schulz – Executivo norte-americano, é sócio-proprietário da Queluz Gestão de Ativos e presidente da Brazilian Business School. Sua atuação no Brasil começou na década de 80, como representante legal do Chemical Bank e como vice-presidente e representante legal adjunto do National Westminster Bank. Nos EUA, atuou no National Bank of New York e na Imperial Commodities Corporation. É autor dos livros “O Exército na Política, Origens da Intervenção Militar” e “A Crise Financeira da Abolição”.
A explanação de Schulz foi assistida por mais de 300 empresários e profissionais de áreas internacionais do Paraná.