clique para ampliar Henrique Santos: o engajamento do empresariado é de extrema importância (Foto: Rogério Theodorovy) |
A redução da emissão de CO2 liberado pelas caldeiras de navios cargueiros, através da utilização do bagaço de cana ao invés de óleo como combustível já é realidade em muitos países europeus e agora chega ao Brasil. Esta foi uma das tecnologias dinamarquesas que mais chamou a atenção de empresários paranaenses que participaram do Seminário e Rodadas de Negócios “Brasil-Dinamarca: Cooperação em Meio Ambiente”, realizado nesta quarta-feira (09), em Curitiba. O encontro foi organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Conselho Temático de Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Centro Internacional de Negócios (CIN), em parceria com o Consulado Geral da Dinamarca.
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“Com os chamados ‘navios verdes’, já conseguimos diminuir em 20% a emissão de CO2 na atmosfera, além de reduzir em 20% os custos com combustível, utilizando o bagaço de cana”, disse Knud Bach, diretor da Aalborg Industries, empresa dinamarquesa que lidera o fornecimento mundial de caldeiras navais ambientalmente corretas. “Utilizamos a tecnologia verde, que não utiliza tratamentos químicos”, afirmou.
Na avaliação do diretor da Unindus, universidade corporativa do Sistema Fiep, Henrique Santos, as mudanças climáticas são um fato e é necessário o apoio de todas as pessoas. “O Protocolo de Kyoto fixou 2050 como prazo para que os países reduzam a emissão de gases do efeito estufa. Estudos mostram que se esperarmos até 2050 poderá ser muito tarde. É por isso que “, destacou.
A Fiep, através do Conselho Temático de Meio Ambiente, está realizando um levantamento das emissões de gases do efeito estufa pelas indústrias do Paraná. “Nosso desafio é produzir respeitando o meio ambiente. Quando o relatório da emissão de gases estiver finalizado, poderemos pautar nossas ações para a melhoria dos processos, respeitando a legislação ambiental”, observou o coordenador do Conselho, Roberto Gava.
O vice-governador do Paraná, Orlando Pessutti, presente ao evento, destacou que o Paraná e a Dinamarca têm ações semelhantes na preocupação com a conquista de um meio ambiente mais saudável. “Este encontro permitirá uma visão mais apurada em relação ao meio ambiente, uma vez que a Dinamarca é um dos países mais atuantes e avançados nesta área. Fazer parcerias com o país europeu significa abrir fronteiras e conquistar espaço para o Paraná”, destacou.
A opinião de Pessutti é compartilhada por Nicolai Prityz, cônsul geral da Dinamarca. “Temos muito em comum na área da tecnologia limpa. Curitiba é reconhecida pelo trabalho com meio ambiente e pelo desenvolvimento de um polo industrial com foco na sustentabilidade. A Dinamarca segue a mesma lógica, em que as questões ambientais não impedem o crescimento econômico, mas sim, viram negócios”, disse.
Rodadas de negócios – Empresários paranaenses puderam participar de rodadas de negócios com os dinamarqueses, visando a formação de parcerias e a atração de investimentos para o Brasil. “Para os paranaenses, é uma excelente oportunidade para negociar e conhecer os serviços oferecidos na Europa. Muitas vezes, o empresário não tem condições de sair do Brasil para conhecer as tendências, e o Centro Internacional de Negócios dá este suporte, incentivando o intercâmbio de informações e conhecimento de mercado”, destacou a coordenadora do CIN, Janet Pacheco, organizadora da rodada de negócios.
Vários dos participantes saíram com possibilidades de negócios. Um deles foi Emerson Carlos Langner, diretor do Simov (Sindicato das Indústrias de Mobiliário e Marcenaria do Paraná). O sindicato está desenvolvendo, em parceria com o Senai Paraná, um projeto para o reaproveitamento dos resíduos da área moveleira.
“O que é resíduo para nós pode se transformar em combustível para outras indústrias, como a cerâmica e a indústria da cal, que utilizam a sobras de madeira como combustível. A questão, entretanto, é que essa não é uma energia limpa, uma vez que há queima e liberação de gás carbônico. Queremos desenvolver uma tecnologia limpa, que transforme os resíduos em energia e não polua o ambiente”, disse Langner, após conversar com o diretor da Novozymes, Pedro Luiz Fernandes. A Novozymes, que tem sede em Araucária, desenvolve uma tecnologia de produção do etanol com o reaproveitamento do bagaço de cana. A intenção do Simov é desenvolver uma tecnologia parecida com os resíduos da indústria moveleira.
Também participaram da rodada as dinamarquesas AVK International, produtora de válvulas e acessórios para o abastecimento de água e gás; Risø DTU, Laboratório Nacional de Energia Sustentável e parte da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU); Aalborg Industries, líder mundial no fornecimento de caldeiras navais, aquecedores de fluido térmico e sistemas de gás inerte; Danfoss, especializada em produtos que ajudam a aquecer e resfriar casas e escritórios, refrigerar alimentos e controlar linhas de produção; e DHI consultoria.