Setor moveleiro se une para viabilizar Central de Resíduos

Projeto começa a ser colocado em prática na próxima semana, quando consultores do Senai iniciam levantamento em 22 empresas de Curitiba e região

clique para ampliar Empresários do setor durante solenidade de assinatura dos contratos do Padtec (Foto: Gilson Abreu)

Indústrias de móveis de Curitiba e Região Metropolitana se uniram em um projeto para viabilizar a criação de uma Central de Reciclagem de Resíduos para o setor. Além dos benefícios ambientais, o projeto deve aumentar a competitividade das empresas. Na próxima semana, consultores do SENAI Empresas, área do Senai Paraná que presta serviços técnicos e tecnológicos à indústria, começam a fazer levantamentos em 22 empresas para implantar em cada uma delas o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), primeira etapa do processo.

Nesta terça-feira (29), representantes das empresas assinaram convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que por meio do Programa de Adequação Tecnológica (Padtec) vai financiar 50% dos custos para elaboração do PGRS. A assinatura dos contratos aconteceu na empresa Egurko Otza, em São José dos Pinhais.

“O PGRS é a primeira etapa do processo, em que faremos a quantificação e a qualificação dos resíduos gerados pelas empresas do setor”, explica o consultor do Senai na área de Gestão e Tecnologia Ambiental, Adilson de Paula Souza. “Com o PGRS implantado nessas empresas, teremos como calcular o quanto de resíduo é gerado no total de quase 1,5 mil empresas do setor na região metropolitana e passaremos a fazer um estudo de viabilidade técnica e econômica para saber se há condições de se instalar uma Central de Resíduos aqui”, acrescenta.

Em busca de sustentabilidade

A ideia da criação de uma Central de Reciclagem de Resíduos para atender as empresas de Curitiba e região começou a ganhar forma em abril, quando representantes de diversas instituições se reuniram para discutir a estrutura básica do projeto. A pedido do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov), a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Conselho Setorial da Indústria Moveleira e com suporte técnico do Senai, passou a apoiar a proposta.

“Queremos fazer uma Central de Resíduos que possa ser autosustentável, gerando empregos, lucro e retirando do meio ambiente esses resíduos que hoje vão para os aterros”, resume o coordenador do Conselho Setorial da Fiep, Constantino Bezeruska.

Para o presidente do Simov, Aurélio Sant’Anna, a implantação de uma Central de Resíduos vai possibilitar que as empresas aumentem as chances de alcançar sustentabilidade ambiental, econômica e social. “Especialmente no sentido de sustentabilidade ambiental e econômica, a vantagem é total. Já temos o caso de uma empresa da região que fez o PGRS e, o que antes era gasto para destinação dos resíduos, hoje se transformou em lucro. Isso aumenta a competitividade da empresa”, afirma.

Gerando recursos

clique para ampliar Tedeschi, da Inforline: empresa vende maior parte dos resíduos que gera (Foto: Gilson Abreu)

O caso a que Sant’Anna se refere é o da Inforline Móveis para Escritório, que tem fábrica em Colombo. A empresa implantou o PGRS em sua linha de produção há dois anos e já colhe os resultados do programa. “O PGRS nos deu o volume de resíduos que geramos e indicou a forma correta de segregá-los”, afirma o diretor da empresa, Luiz Fernando Tedeschi. “Com isso, das 120 toneladas de resíduos geradas por ano, 97% são transformadas em resíduo de boa qualidade, sendo que vendemos 85% desse total. O restante é doado para entidades, gerando renda em programas sociais”, completa.

Por já ter implantado o PGRS, a Inforline não precisará passar por esse processo novamente, mas será a 23ª empresa que fornecerá dados para o estudo de viabilidade que será feito pelo Senai. Para Tedeschi, a união das empresas na busca pela criação de uma Central de Resíduos é fundamental para aumentar a competitividade da indústria moveleira de Curitiba e região frente aos maiores pólos do setor no Brasil, como as regiões de Arapongas e da Serra Gaúcha. “O objetivo do projeto é termos uma central que possa gerenciar a questão dos nossos resíduos. Quando se colocam várias empresas na busca desse objetivo, tudo fica mais fácil”, declara.

Poder de negociação

Além do lucro com a venda de resíduos, o consultor Adilson de Paula Souza indica outras vantagens que a criação de uma Central de Resíduos pode trazer para as empresas do setor. “As empresas terão mais poder de negociação com fornecedores, já que as compras de produtos poderão ser feitas em maior quantidade através da Central”, afirma. Souza explica ainda que, a partir do momento que as empresas conhecem o real volume de resíduos gerados, passam a se preocupar mais com a própria gestão do negócio. “Elas podem mensurar os desperdícios na linha de produção e, com base nisso, melhorar todo o processo de gestão”, justifica.

De acordo com o consultor, o cronograma do projeto estipula que até o fim deste ano sejam concluídos o PGRS nas 22 empresas do setor. Em 2010, passa-se para a etapa de elaboração do estudo de viabilidade técnica e econômica da Central de Resíduos, que deve levar cerca de sete meses para ser concluída. Caso a Central seja viável, seriam necessários mais dois anos aproximadamente para realização das obras e início da operação.

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