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A indústria paranaense fechou o ano passado com uma queda de 5,77% em suas vendas, revela levantamento divulgado nesta quarta-feira (03) pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Apesar do recuo, decorrente principalmente da crise econômica mundial, 2009 foi o segundo ano de maior faturamento da série histórica de vendas industriais pesquisada pela Fiep, que se iniciou em 1992.
O desempenho negativo da indústria paranaense em 2009 interrompeu uma série de crescimentos anuais que vinha sendo observada desde 2005. A expectativa de mais um período de expansão no ano passado foi frustrada em grande parte pela crise internacional. “A performance do faturamento da indústria do Paraná em 2009 ficou em linha com a redução do ritmo de crescimento da economia nacional, impactada pelo declínio de atividade na economia americana e europeia, ainda em processo de absorção das sequelas da crise financeira”, explica o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt.
Além da crise, o economista aponta outros problemas clássicos da economia brasileira que prejudicaram o desempenho da indústria paranaense em 2009. Entre eles, os gastos públicos crescentes e com reduzida produtividade; juros superiores aos praticados no mundo; carga tributária e encargos sociais elevados; reduzido grau e padrão de escolaridade; infra-estrutura deficiente; baixos níveis de poupança; e falta de planejamento estratégico para o desenvolvimento do País. “Esses são alguns dos fatores restritivos que determinam taxas de crescimento econômico incompatíveis com o potencial de recursos disponíveis no Brasil, o que trava a realização de um maior volume de investimentos privados”, declara Schmitt.
O economista justifica ainda que 2009, mesmo com a queda de 5,77% na atividade industrial paranaense, apresentou o segundo maior faturamento da série histórica por conta do bom desempenho de 2008, melhor ano da indústria paranaense.
Dezembro
A redução nas vendas industriais paranaenses em 2009 foi de certa forma amenizada pelo surpreendente desempenho registrado em dezembro. O faturamento do setor cresceu 6,64% no último mês do ano passado quando comparado com novembro. “Esse aumento é atípico porque, historicamente, a partir de outubro há um declínio dos negócios, que se estende até o mês de março do ano seguinte”, explica Schmitt.
Em dezembro, metade dos dezoito gêneros industriais pesquisados registraram aumento nas vendas. Entre eles estão os três gêneros de maior participação relativa na indústria paranaense: “Produtos Alimentícias e Bebidas” (+10,61%), por conta de aumento das exportações e da demanda interna; “Petróleo e Produção de Álcool” (+5,90%), devido ao aumento das exportações de álcool; e “Fabricação e Montagem de Veículos Automotores” (+15,17%), graças ao aumento das exportações e de vendas internas pela redução do IPI.
No acumulado do ano, porém, as vendas de veículos produzidos no Paraná tiveram redução de 16,88% em comparação com 2008. Essa queda foi a que mais contribuiu para o desempenho negativo geral da indústria paranaense em 2009, respondendo por 2,27 pontos percentuais dos 5,77% de toda a indústria de transformação do Estado. “A indústria automotiva paranaense tem 25% de suas vendas realizadas fora do país e, por isso, foi mais afetada que as fábricas que produzem exclusivamente para o mercado interno”, diz Schmitt.
Levando-se em conta o resultado global de 2009, apenas três dos dezoito gêneros pesquisados no Paraná tiveram aumento nas vendas industriais: “Edição e Impressão” (+31,46%), devido ao aumento da produção de material didático; “Artigos de Borracha e Plásticos” (+14.80%), pelo acréscimo na demanda por embalagens para alimentos e linha branca; e “Alimentos e Bebidas” (+2,06%), em decorrência da melhor safra havida em 2009.
O que também apresentou desempenho atípico no mês de dezembro foram as compras realizadas pelas indústrias paranaenses, que cresceram 0,80% no mês. Vale ressaltar que tanto as compras dentro do Paraná (+0,37%), quanto as de outros estados (+0,88%) e as importações (+2,66%) aumentaram no último mês de 2009. “Isso sugere um início de 2010 acima do registrado tradicionalmente”, afirma Schmitt. Quando comparado 2009 com 2008, as aquisições de insumos pela indústria paranaenses foram 11,31% inferiores. Os resultados acumulados no ano foram negativos para as compras dentro do Paraná (-7,28%), as de outros estados (-7,74%) e as do exterior (-31,67%).
Destino das vendas
Em 2009, os produtos industriais paranaenses foram vendidos majoritariamente para dentro do próprio Estado. Essa categoria de vendas apresentou crescimento de 7,07% no ano, respondendo por 39,69% do total, pouco à frente das negociações com outros estados brasileiros (39,55%, com queda de 4,40%). Já as vendas para o exterior caíram 23,24%, representando 20,76% do total.
Quanto ao nível de emprego na indústria paranaense, 2009 fechou com queda de 3,76% no pessoal empregado total e de 8,23% no pessoal empregado na produção. Mais uma vez, nesse quesito o desempenho registrado em dezembro também foi atípico, já que o emprego diretamente ligado à produção aumentou 0,30% no mês, que tradicionalmente se caracteriza por uma redução dos níveis de emprego na indústria.
Já a massa salarial líquida apresentou, em dezembro contra novembro, aumento de 20,01%, em parte devido a pagamentos de 13º salário, abonos e distribuição de resultados. As horas trabalhadas caíram 5,83% e a utilização da capacidade instalada caiu cinco pontos percentuais, situando-se em 75%.