Novas formas de comunicação influenciam a governança das cidades

O filósofo Pierre Lévy, um dos maiores pensadores da cybercultura, falou no encerramento do terceiro dia da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras

clique para ampliar dsds (Foto: Rogério Theodorovy)

A humanidade vive o início de uma nova etapa na história das comunicações e do conhecimento, com mudanças que já estão influenciando as formas de governança das cidades. A afirmação é do filósofo Pierre Lévy, um dos principais pensadores da cybercultura em todo o mundo, que apresentou palestra na noite desta sexta-feira (12), em Curitiba, no encerramento das atividades do terceiro dia da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI2010).

Segundo Lévy, que é professor do departamento de comunicação da Universidade de Ottawa, no Canadá, o computador possibilitou ao ser humano um aumento significativo em seu poder de adquirir conhecimento. “Com a internet, temos uma espécie de grande documento único, com o qual todos podem colaborar e que está acessível a um custo muito baixo”, disse.

O amplo acesso a informações e a possibilidade de qualquer pessoa ser uma geradora de conteúdo na internet, vem alterando também a antiga noção de esfera pública. “Desde o início, a noção de cidade vem junto com a noção de uma esfera pública. A antiga esfera pública era elitista, restrita a quem se manifestava em público, aos autores que eram publicados ou a quem escrevia em jornais. Era um mundo pequeno”, explicou o filósofo. “Hoje, qualquer pessoa pode fazer seu discurso público, podendo se expressar por meio de textos, imagens e vídeos na internet”, acrescentou.

Para Lévy, essa nova realidade vai gerar alterações no modo de governança das cidades. “Mas ainda não inventamos a forma política que combina com essa forma de comunicação atual”, garantiu. De acordo com o professor, até agora existem apenas alguns sinais de que a sociedade e os governos estão se adaptando às ferramentas disponíveis com as novas tecnologias de comunicação. Uma delas é a tendência por uma maior transparência por parte das esferas públicas. “Hoje, todos os dados públicos são realmente publicados. Antes, os burocratas podiam ocultar esses dados”, disse.

Outra tendência apontada por Lévy é o fato de alguns governos já estarem criando sites em que os cidadãos podem encontrar serviços sem precisar se dirigir a vários órgãos públicos. “Há uma transformação de governança acontecendo, que é a tendência do e-governement. Mas por enquanto, vimos só o início disso”, declarou.

Essa grande geração e circulação de conhecimento no mundo virtual, segundo Lévy, faz com que se criem novos modelos de organização das cidades, integrando diversos tipos de redes sociais. “Temos uma camada acima da cidade real que é a cidade virtual, uma enorme quantidade de dados que no futuro estarão todos indexados. Por isso, considero a cidade como uma rede.

 

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