Depois do lançamento do Selo Quilombola no Estado e de levantar questões sobre o desenvolvimento sustentável das comunidades afro-brasileiras e igualdade racial, a I Feira Quilombola do Paraná promoveu uma mesa-redonda sobre a Lei 10.639, com foco na Educação. A lei determina a inclusão de história e cultura negras nos programas escolares do ensino fundamental e médio, tanto na rede pública quanto na escola privada.
O debate, que aconteceu sábado (28), teve a participação do coordenador do Instituto Adolpho Bauer, Adilton de Paula; do presidente do Grupo Clóvis Moura, Glauco Lobo, representando o governador do Paraná, Orlando Pessuti; Lirani Franco da Cruz, diretora da APP-Sindicato; Cassius Cruz, do Núcleo de Estudos Étnicos-Raciais; Rosângela Buch, do Programa Senai de Ações Inclusivas; e da professora Fernanda Cássia dos Santos, do Colégio Sesi de Ensino Médio.
Segundo Adilton de Paula, a lei 10.639, sancionada em 2003, busca valorizar a identidade dos povos africanos que contribuíram na formação da cultura brasileira, bem como promover um resgate para que os cidadãos afro-brasileiros conheçam melhor sua própria história. “No Brasil, principalmente após a assinatura dessa lei, não se pode pensar em uma Educação que não seja inclusiva, ou seja, deixar de fora os 52% da população, que é feita de negros e pardos”, disse de Paula.
“Embora as escolas tenham adotado essa lei, isso, por si só, não garante a igualdade. Como a escola reproduz a construção social em que vivemos, é um espaço privilegiado quando traz educadores que assumem seu papel e sua relação com a sociedade para a transformação”, observa a diretora da APP-Sindicato, Lirani Franco da Cruz.
Para Fernanda Cássia dos Santos, professora de História do Colégio Sesi, o grande desafio é a efetiva inserção desse programa nos currículos escolares. “Antes de tudo é necessário que os próprios professores estejam capacitados para trabalhar esses temas na prática”, disse ela.
Segundo Rosângela Buch, do Senai Paraná, o principal trabalho a ser feito nas escolas é a sensibilização dos professiores. “Isso inclui a identificação da discriminação, a difusão da solidariedade, a identificação de formas para lidar com a resistência ao novo e a promoção do respeito e valorização da cultura local”, disse ela.
A Feira Quilombola do Paraná foi realizada pelo Sistema Fiep, por meio do Sesi-PR, em conjunto com o Instituto Adolpho Bauer.
A feira aconteceu nos dias 27 e 28 de agosto, no Cietep, em Curitiba, e trouxe, além de debates e reflexão sobre a questão dos afrodescendentes, uma atrativa programação cultural, com danças, capoeira, teatro, roda de tambores, shows com Negra Li, MV Bill e Sandra de Sá, bem como exposição de produtos de comunidades quilombolas existentes no Paraná.