clique para ampliar ![]() |
O litoral paranaense tem potencial para se transformar em um importante ponto de apoio para a exploração do pré-sal na Bacia de Santos. Essa é a opinião do superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Mário Lobo Filho, que nesta quarta-feira (22) participou da sexta reunião da Câmara de Petróleo e Gás do Paraná, articulada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Ele revelou que duas empresas estrangeiras já receberam anuência da APPA para se instalar em Pontal do Paraná, município que teria condições de receber outros investimentos da indústria naval e da cadeia de petróleo e gás. Lobo Filho também apresentou o planejamento estratégico para o desenvolvimento dos portos paranaenses.
O superintendente lembrou que Pontal possui tradição na indústria naval, tendo sido sede de empresas que construíram, nas últimas décadas, componentes de plataformas para exploração de petróleo. “Em Pontal, a profundidade natural na beira do cais é espetacular, de 12 a 14 metros, contra, por exemplo, 8 metros do Porto de Paranaguá. É muito adequado para a construção desse tipo de instalação, mas em algum momento isso foi esquecido”, disse. “Quem sabe agora a gente possa recuperar esse tempo perdido e vocacionar a região de Pontal para grandes estaleiros, grandes construções e grandes terminais, para aproveitar o calado”, acrescentou.
Segundo Lobo Filho, duas empresas estrangeiras estão interessadas em se instalar em Pontal para construir componentes para plataformas de petróleo. Uma delas é a Techint, que já teve uma unidade funcionando no município. A outra é o grupo Subsea 7, que pretende instalar uma unidade para produção de dutos flexíveis utilizados na exploração de óleo em alto mar. “As duas empresas estão bem avançadas em suas instalações. Já demos (na APPA) anuência a esses dois grupos e eles estão agora pedindo anuência da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviário)”, explicou o superintendente, acrescentando que a distância entre o litoral paranaense e a Bacia de Santos, que concentra boa parte das reservas do pré-sal, deve ser aproveitada pelo Estado. “Não podemos perder essa oportunidade. Estamos na cara do gol em relação à exploração na Bacia de Santos”, declarou.
Mário Lobo Filho afirmou ainda que a APPA tem retomado as conversas sobre a instalação de um novo terminal portuário em Pontal do Paraná. “Ele deve ser um condomínio portuário, com cada proprietário (de áreas na região) podendo ter suas instalações, obedecendo ao plano de zoneamento do porto. Vamos estabelecer quais áreas podem abrigar estruturas industriais, ou de plataformas, ou de terminais para grandes embarcações”, justificou.
De acordo com o superintendente, o modelo de exploração de um futuro porto em Pontal ainda está sendo construído, mas a intenção é que o terminal conte também com investimentos privados. “Minha visão pessoal é que investimento público não é incompatível com o privado. Eles são complementares. Precisamos estabelecer algum nível de parceria com os proprietários dessas áreas, porque sem eles não faremos nada. A desapropriação seria caríssima e consumiria todo o nosso caixa”, afirmou.
Desenvolvimento industrial
Mário Lobo Filho apontou ainda o município de Antonina como outra região que pode abrigar empresas interessadas em aproveitar oportunidades do pré-sal. “Antonina tem muita área desmatada que poderia abrigar plantas industriais, pequenas indústrias de reparo e de apoio à navegação marítima. Seria também uma boa oportunidade para indústrias metais-mecânicas que queiram apoiar o pré-sal”, afirmou.
Para o superintendente da APPA, os investimentos previstos pela Petrobras para viabilizar a exploração do pré-sal, que devem ultrapassar US$ 8 bilhões até o fim de 2013 apenas na região Sul, devem ser aproveitados para levar desenvolvimento industrial ao litoral paranaense. “Uma queixa que sempre existiu da população litorânea é que as riquezas passam pelo porto (de Paranaguá), mas nunca ficam na região. O pré-sal pode trazer para a nossa região a construção naval. Não precisa ser o maior estaleiro do mundo, mas já vai dar muito emprego de qualidade e formar um arranjo produtivo”, disse.
Para isso, na opinião de Lobo Filho, é preciso identificar desde já as possíveis necessidades que indústrias que venha a se instalar no litoral possam demandar, especialmente na questão de capacitação profissional. “Precisamos formar gente nessa região para que possam fazer frente à mão-de-obra específica do petróleo e gás”, explicou.
Para isso, o superintendente convidou o coordenador da Câmara de Petróleo e Gás do Paraná, Jean Carlos Alberini, que é economista da Fiep, a participar da próxima reunião do Núcleo de Planejamento Estratégico da APPA. “Nosso planejamento estratégico não uma coisa fechada. Em relação à indústria de petróleo e gás, é uma coisa nova para nós, nunca tivemos esse foco. Mas acho que precisamos olhar com muito carinho para o pré-sal”, disse Lobo Filho.
Na opinião de Alberini, a aproximação entre a Câmara e a APPA vai ser positiva para auxiliar as indústrias que pretendem se instalar no Paraná para aproveitar oportunidades do pré-sal. “Estivemos recentemente na Rio Oil & Gas, principal feira do setor no País, e o grande alvo das empresas que nos procuraram foi a situação do Porto de Paranaguá e do litoral do Estado”, contou. “Sabemos que se houver um investimento muito forte no litoral, a estrutura dos municípios e a capacitação de profissionais na região precisarão passar por uma verdadeira transformação”, acrescentou.