Representantes de cooperativas e de indústrias participaram em Londrina, na última segunda-feira (23), da reunião do Fórum Setorial de Alimentos de Origem Vegetal (com exceção da cadeia do trigo). O encontro, que contou com a presença do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, destinou-se a aproximar a Federação com o setor produtivo, com o intuito de mapear as demandas desta cadeia e debater ações para enfrentar os gargalos que minam o seu desenvolvimento.
A reunião deu sequência ao trabalho iniciado em 2009 quando foram realizados os primeiros fóruns setoriais dos diversos segmentos industriais do Estado. Na ocasião a Fiep identificou os problemas que poderiam ser resolvidos através de ações do poder público, da Federação e das próprias empresas e sindicatos.
Estes fóruns também servem para balizar o discurso do setor produtivo para o debate que acontece no Congresso Paranaense da Indústria, que será realizado no próximo dia 21 de junho.
O setor de alimentos de origem vegetal, que nesta divisão não inclui os subprodutos do trigo, tem grande importância na economia paranaense. Cerca de 30% das exportações do Estado referem-se aos derivados de soja e de milho, além disso, o Paraná produz 71% do amido de mandioca do Brasil. Trata-se de um setor que exportou mais de R$ 14 bilhões em 2010.
No encontro desta semana os empresários levantaram como principais entraves para o desenvolvimento do setor a precariedade da infraestrutura logística no Paraná, a falta de políticas de incentivo por parte do governo e também a insuficiência de mão de obra qualificada, tanto na área técnica quanto de gestão.
Este é um problema que foi identificado também no Fórum setorial realizado em 2009. Para enfrentar esta questão o Sistema Fiep empreendeu diversas ações de capacitação, como uma qualificação em Higiene Aplicada à Manipulação de Alimentos, com duração de 160 horas; aperfeiçoamento em Boas Práticas de Fabricação para Indústria de Ração Animal; Curso In Company na área de Manipulação e Legislação da Vigilância Sanitária, além de Cursos Técnicos de Alimentos e de Biotecnologia.
Também foram realizadas consultorias técnicas na área de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e na obtenção da certificação ISO 22000, além da disponibilização de um laboratório para análise de alimentos.
Segundo o gerente de planejamento da cooperativa agroindustrial Cocamar, Clodimar Vioto, hoje existe necessidade de gestores que detenham uma visão sistêmica do processo industrial. “Além da parte técnica, é preciso preparar novos líderes.”, observa.
Para o gerente de recursos humanos da empresa Cacique Café Solúvel, Ronaldo da Graça, a maior preocupação refere-se à liberação dos créditos de ICMS para exportação. A empresa, segundo ele, é a maior exportadora de café solúvel do Brasil, porém, a política de retenção destes créditos vem prejudicando suas operações. “Se o governo simplesmente cumprisse a Lei e nos deixasse trabalhar já seria muito bom.”, avalia.
Outra demanda apresentada no Fórum Setorial diz respeito à disponibilidade de crédito para as empresas do setor. Segundo o gerente comercial da empresa Pinduca, César Paggi, existe necessidade de uma normativa do governo para que os bancos privados possam operar linhas mais adequadas de crédito para este segmento industrial. Neste contexto ele destaca a necessidade de um prazo maior para pagamento dos empréstimos, que hoje é de 180 dias. Na sua opinião, o ideal seria um prazo de 360 dias, pois assim as empresas poderiam se planejar para comercializar seu estoque no momento mais oportuno e não de forma apressada para honrar o compromisso bancário.
Todas as sugestões e demandas foram debatidas com a federação durante o encontro. No que se refere à questão de mão de obra, a Fiep hoje conta com a Famec e com a Unindus, instituições de ensino que podem ajudar na solução deste problema, desenhando cursos específicos para a área industrial.
Para enfrentar o gargalo logístico, o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, sugeriu a criação de um comitê com os presentes, indústrias e cooperativas, para organizar as demandas do setor nesta área. A intenção é formatar um discurso técnico que não possa ser refutado pelos técnicos do governo e desta forma as propostas de política industrial da federação sejam acolhidas. O mesmo vale para a política tributária, que hoje mina a competitividade dos empresários paranaenses. “A maneira de preservarmos nosso espaço empreendedor é a união.”, destacou Rocha Loures.