
A falta de incentivos fiscais para a reciclagem prejudica o desenvolvimento da indústria de plásticos no Paraná, segundo empresários e representantes do setor, que participaram do Fórum Setorial realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná nesta sexta-feira (10), em Curitiba. O setor paranaense também é prejudicado pela alta carga tributária e pela alíquota diferenciada do ICMS na compra e na venda de produtos.
“Nosso setor vive um problema de imagem. Muitos falam que o plástico não é bom e causa estragos ao meio ambiente. Entretanto, não podemos viver sem o plástico, que é matéria-prima para os setores automotivo, construção civil, informática, alimentos e equipamentos médicos”, disse a presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico (Simpep), Denise Dybas Dias.
O encontro fez parte da série de fóruns setoriais que a Fiep vem realizando desde abril para discutir as demandas e os desafios dos setores industriais e para avaliar de que forma a federação, o poder público e os sindicatos podem melhorar as condições de produção e alavancar o crescimento de cada um. Os Fóruns são etapas que antecedem o Congresso Paranaense da Indústria, que acontece dias 21 e 22 de junho, em Curitiba, quando os as demandas do setor serão tratados de maneira mais pontual.
“O setor de plásticos é um dos mais importantes da cadeia produtiva, pois todas as demais indústrias precisam dos produtos produzidos por vocês”, declarou o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, destacando que com o trabalho conjunto do sindicato, empresários, e o apoio institucional da Fiep será possível desenvolver o setor no Paraná.
Hoje, a indústria de materiais plásticos está concentrada em Curitiba, São José dos Pinhais, Cascavel, Londrina e Maringá e é composta por 922 empresas e representa 8,04% do setor no Brasil. O Paraná é o quarto estado brasileiro em número de empregados no setor: são 23,6 mil funcionários, representando 7,28% do total de empregados do país, conforme dados de 2009 do Ministério do Trabalho e Emprego via Relação Anual de Informações Sociais (MTE/RAIS).
Segundo os empresários, o Brasil é um dos poucos países que não fornece subsídios econômicos e tributários para empresas que trabalhem com a reciclagem. “Estamos transformando um passivo ambiental em ativo econômico. Estamos desonerando o Estado e não temos nenhum incentivo”, disse Thomas Hoffrichter, da Tecno Recycling, de Campina Grande do Sul. “Em outros países, as recicladoras têm isenção de tarifa de energia elétrica e tributação diferenciada”, completou.
Para Denise, o incentivo à reciclagem também passa pela mudança de cultura do consumidor. “O plástico vem do petróleo, que é um recurso escasso. Quando jogamos o plástico fora, estamos dando o fim para um bem escasso, que poderia ser reaproveitado. A questão é muito maior e envolve mudança de cultura e incentivo ao consumo consciente”, destacou a presidente do Sindicato, lembrando que hoje todos os tipos de plástico podem ser reciclados.
Matéria-prima – A concentração do fornecimento de matéria-prima nas mãos de uma única empresa dificulta o setor. “Não temos a liberdade para escolher o fornecedor nem para negociar os preços. Isso prejudica o setor como um todo, em todo o país”, afirmou José Custódio, da Rioplast, de Pinhais. Rocha Loures considerou inaceitável o monopólio numa sociedade democrática, pois esta medida contribui com a desindustrialização. “A falta de concorrência e incentivos contribuem para a desindustrialização de nosso setor produtivo. Temos que reverter essa situação”, defendeu.