
A indústria brasileira deve buscar ganhos de competitividade para que a presença de conteúdo nacional nos projetos ligados à exploração de petróleo do pré-sal, hoje exigida por lei, aumente naturalmente. A opinião é do superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Bruno Musso. Ele esteve em Curitiba na manhã desta segunda-feira (15), participando da reunião da Câmara de Petróleo e Gás, articulada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
Segundo Musso, o aumento do conteúdo nacional nos investimentos da Petrobras – que apenas até 2015 totalizarão US$ 224,7 bilhões (cerca de R$ 389 bilhões) – deve resultar da igualdade de condições para que a indústria brasileira possa competir com empresas estrangeiras que já atuam no setor. “É preciso permitir que a indústria local possa concorrer em igualdade de condições com a indústria estrangeira. A presença do conteúdo local nos projetos ligados à exploração e produção de petróleo deve vir como resultado de ganhos de competitividade para nossa indústria”, afirmou Musso.
Mas para que isso aconteça, o superintendente da Onip defendeu a definição de estratégias claras para toda a cadeia produtiva de petróleo e gás. “Existem várias ações pontuais para aumentar a competitividade da indústria brasileira nesta área, mas sentimos falta de uma política industrial para o setor, que organize a cadeia como um todo”, disse.
Levantamento

Durante a reunião, Musso apresentou os resultados de um estudo realizado pela Onip no ano passado, que mapeou as oportunidades e definiu uma agenda para aumentar a competitividade da indústria brasileira no segmento. Pelo levantamento, caso o setor atinja sua plenitude, o número de empregos diretos gerados passaria dos atuais 420 mil para até 2,1 milhões ao longo de toda a cadeia.
A pesquisa, que já foi entregue ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, apresenta os principais entraves que dificultam a concorrência das empresas brasileiras. Entre eles, a elevada carga tributária, a falta de mão de obra qualificada e as altas taxas de juros. “Além disso, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento deixam a desejar em relação aos países concorrentes, e sofremos também com um baixo índice de investimentos em logística e infraestrutura”, afirmou Musso.
Para superar os problemas, o estudo da Onip sugere uma série de políticas que possibilitem à indústria de petróleo e gás alcançar a produção prevista, de 5,6 milhões de barris ao dia até 2020, e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do País. As medidas pretendem viabilizar principalmente o aumento da escala de produção de componentes para o setor, a melhora dos processos produtivos e a ampliação da tecnologia agregada aos produtos nacionais.
“O Brasil precisa identificar os nichos em que sua indústria pode se encaixar e, a partir daí, investir em ganho de tecnologia e inovação”, afirmou Musso. “Temos algumas competências no País e inovações que estão fazendo sucesso inclusive no exterior e é preciso aproveitá-las e ampliá-las”, completou.