O papel das universidades e empresas na construção de um mundo sustentável e a necessidade de mudança na forma de educar foram temas abordados na abertura do Global Forum América Latina 2011, nesta segunda-feira (29), no Cietep, em Curitiba. Os palestrantes foram unânimes em afirmar a necessidade de se inserir questões, como sustentabilidade, nos currículos, em todos os níveis de ensino.
“A solução para os desafios da sustentabilidade está nas pessoas. O primeiro passo é a educação. Temos que começar por nós mesmos. O que temos que mudar em nós, em nossos sistemas, principalmente aqueles que possuem impacto nas atividades de educação e consumo para que o futuro seja mais sustentável?”, questionou o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, na abertura da conferência, que é uma iniciativa do Sistema Fiep, através da Unindus, em parceria com a universidade americana Case Western Reserve University, de Cleveland.
A solenidade de abertura foi o único momento presencial da GFAL 2011. Todas as demais palestras e debates, que acontecem até quarta-feira (31), são virtuais, com conteúdos disponibilizados ao vivo pela internet. Os participantes podem organizar a programação de acordo com seu interesse.
A interação com os palestrantes será por meio de fóruns online, que estarão disponíveis durante a conferência. Ainda é possivel se inscrever através do site www.globalforum.com.br. Todas as palestras de segunda-feira poderão ser consultadas na terça-feira (30), através de uma plataforma na internet, no site do Global Fórum.
Minimizar problemas sociais – Ronald Fry, PhD do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e coformulador da teoria e metodologia da Investigação Apreciativa, compartilha da opinião de Rocha Loures. “Uma educação nos negócios, com foco na sustentabilidade, pode contribuir para minimizar os problemas globais e sociais enfrentados pela sociedade. Isso é parte de um novo currículo, que pensa de forma sistêmica e sustentável”, disse Fry, destacando que, como a sustentabilidade é um conceito holístico, as estratégias para lidar com ela também precisam ser.
Para Antonio Freitas, pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Pós-graduação e diretor de Integração Acadêmica da FGV (Fundação Getúlio Vargas), é necessário começar a mudança em todos os níveis da educação não apenas no Brasil, mas no mundo.
“Nas escolas de administração, os alunos são ensinados a obter um maior retorno financeiro em seus negócios, e não a tratar sobre questões sustentáveis. Não se ensina sustentabilidade no curso de engenharia, mas não se constrói um prédio sem fazer um levantamento dos impactos ambientais. As questões sobre sustentabilidade fazem parte do dia a dia. Agora é preciso levá-las para as salas de aula”, sugeriu Freitas.
A organização da sociedade em prol de causas relacionadas ao desenvolvimento também podem incentivar mudanças. Segundo Rocha Loures, o Paraná possui um trabalho intenso em prol do alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São mais de 100 mil voluntários atuando pelo desenvolvimento dos municípios e melhoria de qualidade de vida da população. “Temos que fomentar projetos de mudanças que concorram para a mudança da sociedade”, observou.
Educação e empresas – Segundo Sergio Scheer, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a universidade tem papel fundamental nas discussões sobre desenvolvimento sustentável. “Esse tipo de discussão traz um complemento à formação acadêmica e coloca o aluno frente a frente com os desafios do mercado”, disse Scheer, citando o programa Administração Sustentável, realizado em parceria com a Fiep e que formou sua segunda turma na semana passada.
“A Itaipu, como empresa geradora de energia, tem uma grande preocupação com a sustentabilidade. Além do cuidado com o meio ambiente, também trabalhamos com a questão social e inclusão”, afirmou a diretora financeira da Itaipu Binacional, Margeret Groff.
Wilson Nobre, professor do Departamento de Administração da Produção e de Operações Industriais da FGV-EAESP, acredita que a universidade passou por uma transformação intensa nos últimos anos. “Há 10 anos, criamos o Fórum de Inovação, um grupo de empresas e acadêmicos que discute a inovação. Os empresários são chamados a participar e direcionar as pesquisas. Isso é de extrema importância, pois aproximamos os grandes atores do desenvolvimento: a universidade e o setor produtivo”.