Publicado nos principais jornais do Paraná, em 02 de agosto de 2012
Um país só é plenamente desenvolvido se tiver uma indústria forte, que garanta empregos de qualidade e renda aos trabalhadores. Desde o início deste ano, nós da Fiep temos participado de uma série de ações para alertar a sociedade e o poder público sobre a necessidade de medidas que aumentem a competitividade do setor industrial e garantam o crescimento do País.
Um dos principais entraves para o setor produtivo nacional é a deficiência de nossa infraestrutura logística. Em países desenvolvidos, os custos de transporte representam apenas 8% do valor final de uma mercadoria. No Brasil, esse percentual sobe para 18%.
Na semana que passou, demos mais um passo importante na busca por soluções para esse problema. Unidas, as três Federações das Indústrias do Sul num trabalho conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), lançaram o projeto Sul Competitivo. Durante um ano, realizamos um amplo estudo sobre a situação da infraestrutura dos três estados – que respondem por 17% da produção nacional. Foram elencadas 177 intervenções para solucionar os problemas logísticos da região, o que demandaria R$ 70 bilhões. Dessas, 51 foram consideradas prioritárias, a um custo de R$ 15,2 bilhões. A execução delas evitaria gastos anuais de R$ 3,4 bilhões, o que corresponde a 80% das perdas totais que hoje temos por causa do déficit de infraestrutura dos três estados.
É preciso, agora, trabalhar para a concretização das obras. O momento é propício. O governo federal acaba de divulgar o Programa de Investimentos em Logística, que prevê a aplicação de R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias de todo o País. Algumas das 51 obras prioritárias apontadas pelo Sul Competitivo já estão inseridas no programa federal e acreditamos que, em breve, poderemos vê-las concretizadas. A partir desse estudo outros projetos devem ser incluídos e realizados.
A prioridade absoluta para nós, paranaenses, é a construção da ferrovia que conecta diretamente o Oeste e Sudoeste com nosso porto de Paranaguá, o segundo mais importante do país. A obra que liga Maracaju (MS) a Guaíra, Cascavel e Guarapuava e, depois, diretamente a Paranaguá, é uma bandeira de nosso Estado, seja da iniciativa privada ou do poder público regional.
O modelo de concessão rodoviária baseado no pedágio, instituído no Paraná na década de 90, tem sido extremamente nocivo para a economia paranaense. Não queremos mais pedágios, mas também consideramos fundamental melhorar nossa malha rodoviária, através de um modelo de concessões eficiente e que gere baixo custo tarifário para os usuários.
Os esforços para que tudo isso aconteça não podem ficar restritos ao setor produtivo. É fundamental que os governos estadual e federal e as bancadas dos três estados no Congresso Nacional atuem firmemente para viabilizar os investimentos. Todos precisam participar desse esforço conjunto, só assim seremos capazes de garantir avanços para toda a sociedade.
Edson Campagnolo
Presidente da Federação das Indústrias do Paraná