Indústria tem papel decisivo na mudança do perfil econômico de Ampére

Setor gera 4 mil empregos em município de 18 mil habitantes, no Sudoeste do Paraná, e contribui para a melhoria da qualidade de vida da população

O presidente da Fiep, Edson Campagnolo (a esq.) foi recebido pelo empresário Vianir Angonese, da Indústria de Móveis Notável (Foto: Gilson Abreu)

O poder transformador da indústria no desenvolvimento de toda uma região tem um exemplo concreto no Sudoeste do Paraná. Com apenas 18 mil habitantes, o município de Ampére assistiu, nos últimos 25 anos, a uma verdadeira revolução em seu perfil econômico. Antes dependente basicamente da agricultura, o segmento industrial – impulsionado principalmente por empreendedores dos setores moveleiro e do vestuário – gera atualmente cerca de 4 mil empregos na cidade, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida da população local.

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Nesta quarta-feira (12), o presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Edson Campagnolo, esteve em Ampére, dentro da programação do Gabinete Itinerante, e conheceu três empresas do município que têm investido fortemente em tecnologia para aumentar ainda mais sua produtividade. “Ampére é uma referência para o Paraná e o Brasil, porque mostra como a força empreendedora de empresários criativos e inovadores pode transformar uma cidade”, afirmou. “Nossa intenção com essa visita é mostrar o potencial que temos no interior e a contribuição que o setor industrial dá para o desenvolvimento de todo o Estado”, acrescentou Campagnolo.

O empresário Vianir Angonese, diretor-geral da Indústria de Móveis Notável, que emprega 402 trabalhadores, confirma que o crescimento do setor industrial no município foi fundamental para mudar os rumos da história em Ampére. “Até 25 anos atrás nossa economia era baseada em uma agricultura rudimentar. Hoje, a indústria é responsável por 60% da economia da cidade, criando oportunidades de emprego principalmente para nossos jovens”, disse.

O operador de máquina Valdir Machado trocou o trabalho na lavoura por uma ocupação na indústria

Valdir de Souza Machado, operador de máquina de embalagens da Notável, é um exemplo concreto de como a criação de empregos na indústria pode melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ele conta que, há 3 anos, deixou de trabalhar na zona rural para tentar uma vaga na empresa. “A vida na roça era muito difícil e tive uma mudança para melhor principalmente na minha vida financeira. Quando cheguei em Ampére, não tinha nada. Hoje tenho onde morar e meu próprio meio de transporte”, revela o trabalhador, que tem um filho de 8 meses de idade.

Tecnologia – O desenvolvimento industrial de Ampére, iniciado há duas décadas e meia, vem ganhando ainda mais impulso nos últimos anos graças aos investimentos que as empresas locais vêm fazendo em automação e ganhos de produtividade. É o caso da própria Notável, que há dois anos investiu cerca de R$ 12 milhões na compra de equipamentos de última geração e na ampliação da unidade para dobrar a sua linha de produção, destinada principalmente à fabricação de racks, estantes e roupeiros. Hoje, a empresa produz 85 mil peças ao mês, sendo que 85% da produção se destina ao mercado interno – regiões Nordeste, Sudeste e Sul. O restante é exportado para o Mercosul, Angola e países da América Central.

Além de garantir ganhos de produtividade, a Notável investiu também em tecnologia para obter lucro a partir dos resíduos gerados na fabricação dos móveis. Um equipamento em operação há quatro meses produz briquetes de madeira, vendidos para outras empresas para serem utilizados como combustível em caldeiras. Atualmente, a indústria produz entre 7 e 8 toneladas de briquetes por dia. “Cada tonelada de briquete é vendida por R$ 160. Antes, vendíamos uma carga com 14 toneladas de resíduos por no máximo R$ 400”, explica o diretor industrial da Notável, Aristani Angonese.

Os investimentos das empresas em automação devem se reverter em mais benefícios para Ampére em curto prazo. No caso da Movelmar Ambientes Planejados, que tem 80 funcionários, a aquisição de uma seccionadora e de uma máquina coladeira de bordas deve aumentar o faturamento da empresa em 15% a 20%. Isso porque, com ganhos de produtividade, a companhia vai buscar novos mercados além da região Sul, onde comercializa seus produtos atualmente. “O empresário precisa investir em produtividade, senão fica pouco competitivo no mercado”, afirma o diretor da Movelmar, Leocir Marafon.

Outra empresa de Ampére que investiu pesado em tecnologia foi a Gaam, que produz gabinetes e outros itens para banheiros e áreas de serviço. Recentemente, a empresa, que conta com 174 colaboradores, adquiriu dois robôs para pintura de pias, cubas e tampos, além de outros equipamentos. Hoje, a produção chega a 30 mil peças por mês, destinadas essencialmente para o mercado interno. “A industrialização do Brasil passa necessariamente pelo interior. Aqui também temos máquinas de alta tecnologia e é um motivo de muita satisfação podemos mostrar isso”, afirma Pedro Rodrigues da Silva, sócio-proprietário da Gaam, referindo-se à visita do presidente da Fiep à fábrica. “É importante que ele conheça as dificuldades que enfrentamos”, acrescentou.

União – Além do caráter empreendedor dos industriais de Ampére, outro fator considerado fundamental para o desenvolvimento da indústria na região é a união dos empresários. A presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Francisco Beltrão (Sindimadmov), Nadir Terezinha de Marchi, explica que um arranjo produtivo local, ainda em estágio de implantação, pretende facilitar principalmente a qualificação de trabalhadores para as indústrias da região. “As empresas de nossa base, como estas de Ampére, estão investindo muito em tecnologia e por isso é preciso investir em capacitação. Com o apoio do Sistema Fiep, estamos trabalhando para trazer mais cursos que atendam essa demanda”, afirmou.

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