Na década de 1990, pensar e conceber uma escola sem matérias regulares, que desse mais autonomia ao aluno e se preocupasse principalmente em formar um cidadão preparado para a vida poderia parecer uma ideia ousada demais. Mas, foi o que a pedagoga Márcia Rigon (28 de dezembro de 1950 – 13 de junho de 2013) implementou em Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e, anos mais tarde, no Colégio Sesi Paraná, que adota sua metodologia “Oficinas de Aprendizagem” desde a sua fundação, em 2005. A experiência começou pelas unidades de São José dos Pinhais e do CIC, em Curitiba.
Estudantes mais proativos e conscientes de suas responsabilidades, que sabem trabalhar em equipe e pesquisar são algumas das vantagens da metodologia de Márcia (que, desde 1996, está patenteada na Biblioteca Nacional na categoria de propriedade intelectual, além de registrada no INPI). O fato de as turmas serem interseriadas a partir do Ensino Médio é outra característica importante, que estimula a integração e o respeito na escola, e evita situações de bullying.
A cada bimestre, os professores, que, neste modelo, atuam como mediadores do conhecimento, apresentam um tema que será trabalhado nas Oficinas de Aprendizagem, de forma interdisciplinar – os alunos têm a liberdade de escolher quais oficinas vão cursar. “O fato de o estudante fazer suas escolhas e se posicionar já gera autonomia”, explica a gerente de educação do Sesi, Lilian Luitz. “Como os trabalhos e avaliações são individuais e também em equipe, é preciso saber negociar e todos precisam contribuir.”
A criadora do modelo, que o detalhou no livro “Prazer em Aprender: o novo jeito da escola”, costumava dizer que nesse tipo de ensino o aluno “aprende a aprender”. A partir do momento em que tem poder de escolha sobre o seu aprendizado, se envolve de forma mais profunda com a escola. Desde a implementação no Sesi, o colégio e a metodologia ganharam diversos prêmios internacionais.
Além disso, o Colégio Sesi também realiza projetos e programas como o “Trilhas”, de orientação vocacional, tem convênio para ensino profissionalizante com o Senai (alunos podem frequentar os cursos com desconto, ou até gratuitamente), e leciona aulas de robótica em sua matriz curricular, em uma parceria com a Lego Zoom, que fornece soluções de aprendizagem com produtos da Lego. Todos os anos, os alunos são preparados para criar projetos e participar do torneio de Robótica First Lego League (FLL), criado para despertar o interesse dos estudantes em temas como ciência e tecnologia.
Adaptação
A ex-aluna Nathália Cavalheiro Auwerter frequentou uma das primeiras turmas do Colégio Sesi logo na implementação da metodologia. No começo, trabalhar em grupo e ter mais autonomia foi “estranho”, mas, rapidamente, passou a gostar muito do modelo, sobretudo pela possibilidade de interação com os colegas. “Você acaba conhecendo todo mundo da escola e, nos trabalhos, um incentiva o outro, gera um crescimento muito bacana”, diz.
O ensino profissionalizante também ajudou Nathália: no terceiro ano do Ensino Médio, cursou técnico em biotecnologia. No mesmo ano, passou na graduação do mesmo curso, na PUC Paraná. “Não precisei nem fazer cursinho, porque o técnico me ajudou muito nesta escolha, pois eu sabia realmente o que que queria fazer da vida.” Graduada há um ano, aos 23 anos, Nathália trabalha na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e é pesquisadora na área de virologia molecular.
Biografia
Natural de Montenegro (Rio Grande do Sul), Márcia Rigon formou-se em Letras e era especialista em linguística e filologia, com especialização nos idiomas francês e inglês. Lecionou por mais de 30 anos em escolas de Ensino Médio públicas e particulares, vivência que a fez refletir e pesquisar sobre uma educação diferente, que fosse prazerosa. Seu método “Oficinas de Aprendizagem” começou a ser desenvolvido em 1992, e aplicado em uma escola criada pela pedagoga em sua cidade. Em 2005, a metodologia foi implementada no Colégio Sesi, primeiramente nas sedes de São José dos Pinhais e do CIC. Hoje, todas as 55 unidades seguem o sistema da pedagoga.
Sobre o Colégio Sesi
O Colégio Sesi é a maior rede de Ensino Médio Particular do Paraná, com 55 unidades em várias cidades do estado e mais de 13 mil alunos. Criado em 2005 como iniciativa do Serviço Social da Indústria, o Colégio Sesi estimula os alunos a terem mais autonomia em relação aos seus estudos e prepara para o mercado de trabalho, desenvolvendo competências como o trabalho em equipe, com relacionamento e resolução de problemas. Desde 2014, conta também com o Sesi Internacional, que tem unidades em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá e Cascavel.