

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, afirmou nesta quarta-feira (22), no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, que o combate à corrupção é um esforço que exige participação de toda a sociedade brasileira. Ele foi um dos oradores da comissão geral que discutiu o Projeto de Lei 4850/16, originado a partir da proposta de 10 Medidas Contra a Corrupção, movimento liderado pelo Ministério Público Federal e que conta com apoio da Fiep. Campagnolo declarou que, apesar de haver espaço para aperfeiçoamento de algumas das propostas, o início da tramitação do projeto no Congresso Nacional aumenta a esperança na redução da impunidade em crimes de desvios de recursos públicos no país.
“A questão da corrupção, que nos últimos anos tem tomado as manchetes da imprensa, não envolve apenas o Congresso Nacional, o ambiente político ou dos três poderes”, disse o presidente da Fiep. “É um tema latente também dentro do ambiente do setor produtivo. Infelizmente, a cada ano que passa, vemos que a corrupção está dentro de muitas empresas, da indústria, do comércio e dos serviços. É um mal que tem corroído a nação”, acrescentou.
Por isso, Campagnolo ressaltou a importância de o Congresso Nacional discutir com seriedade o PL 4850/16, num debate que deve envolver os diferentes setores da sociedade. “O Brasil precisa ser passado a limpo. O nosso país, felizmente, tem tido uma esperança de mudanças a partir da Lava Jato, mas as futuras gerações precisam de uma posição firme da Câmara Federal e do Congresso Nacional”, disse.
O presidente da Fiep fez ainda um apelo aos congressistas para que além das discussões sobre as propostas de combate à corrupção e a busca por soluções para a crise política que ainda afeta o Brasil, a Câmara e o Senado também se dediquem à aprovação de medidas que contribuam para a retomada do crescimento econômico. “Temos hoje menos 12 milhões de postos de trabalho no país. São 12 milhões de famílias impactadas e a cada mês que passa, a situação piora. A crise política tem que transitar em via paralela à retomada ao crescimento”, afirmou. “Peço que haja concentração de esforços nessas 10 Medidas de Combate à Corrupção, mas que haja também um olhar para a retomada do crescimento”, completou.
Quem também participou da comissão geral na Câmara dos Deputados foi o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba. Ele afirmou que a corrupção no Brasil é “histórica, endêmica, sistemática e se arrasta ao longo das últimas décadas”, além de não estar restrita a um único partido ou governo. Para o procurador, a impunidade é a grande responsável por esse quadro. “No Brasil a punição da corrupção é uma piada de mau gosto. A punição começa com dois anos e a pessoa acaba prestando serviços à sociedade e vai doar cestas básicas. Estamos expostos a nossos inimigos”, disse, ao citar estudo da Fundação Getúlio Vargas que aponta que a probabilidade de punição em casos de corrupção é de 3%.
Ambiente de negócios
A participação da Fiep no movimento pelas 10 Medidas de Combate à Corrupção – que em todo o país colheu 2 milhões de assinaturas de apoio – é mais uma ação no esforço da entidade para envolver o setor industrial nas discussões sobre o tema. A Fiep entende que a solução do problema passa também por mudanças de postura da iniciativa privada. Além disso, considera o combate a práticas corruptas essencial para a melhoria do ambiente de negócios do país.
Pesquisas internacionais comprovam essa tese. Países com menores índices de corrupção ocupam as primeiras posições nos rankings de competitividade. O Brasil, por sua vez, considerado o 76º país mais corrupto do mundo, segundo a Transparência Internacional, é apenas a 75ª nação mais competitiva do planeta, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, e a 116ª em qualidade de ambiente de negócios, em pesquisa do Banco Mundial.
Entre outras iniciativas para incentivar a indústria paranaense a se envolver no combate à corrupção e a adotar sistemas internos de controle, reduzindo os riscos de desvios, o Sistema Fiep já promoveu duas edições do Fórum Transparência e Competitividade. A última delas, em março deste ano, teve palestra do juiz federal Sergio Moro, responsável pelo julgamento das ações da operação Lava Jato.