Publicado pelo jornal Gazeta do Povo em 2 de janeiro de 2017.
Por Edson Campagnolo
O título deste artigo pode dar um susto no leitor. Afinal, o Brasil atravessou, em 2016, um dos anos mais complexos de sua história recente. Um verdadeiro turbilhão político aprofundou uma crise econômica que já vinha se desenhando nos últimos anos. Às vésperas de 2017, provoco o leitor a pensar e ter atitudes para ter fé e acreditar que o pior já passou, que não podemos perder mais um ano.
Todas as dificuldades que enfrentamos em 2016, com uma enxurrada de denúncias de corrupção, prisões de autoridades e políticos dos mais diversos escalões e uma troca de governo seguindo os trâmites constitucionais, demonstraram que o Brasil tem instituições fortes. Nossa democracia se mostrou madura e estamos sabendo lidar com nossas mazelas com seriedade e responsabilidade. Com essa mesma maturidade, a sociedade brasileira deve encarar todas as reformas e mudanças estruturantes de que o país precisa para pavimentar seu desenvolvimento no futuro.
Em 2017, temos uma oportunidade ímpar para avançar nesse processo. O governo e o Congresso Nacional já deram os primeiros passos para algumas dessas mudanças com a aprovação da PEC do Teto de Gastos Públicos e o início da tramitação da reforma da Previdência. Dois temas que geram debates acalorados, em que muita desinformação acaba se sobrepondo a uma verdade essencial: sem o controle das contas públicas, que passa obrigatoriamente por uma revisão nas regras previdenciárias, não há como ter crescimento econômico sustentado de longo prazo – fator primordial para que tenhamos um país socialmente mais justo e igualitário.
Somadas a medidas de estímulo à economia em curto prazo, ações estruturantes como essas são importantes para resgatar um componente absolutamente fundamental para a superação de qualquer crise: a confiança. Somente com empreendedores e consumidores confiantes de que podem investir seus recursos com segurança no Brasil recriaremos um ciclo positivo de dinamismo econômico. É preciso, portanto, criar uma onda de otimismo em relação ao nosso país para que possamos reverter principalmente o grave quadro de desemprego – a face mais cruel da recessão em que nos encontramos.
É evidente que o esforço para que o Brasil supere definitivamente este momento de dificuldades passa por decisões políticas. Manter a vigilância sobre governantes e parlamentares, cobrando deles ações que atendam ao anseio de toda a sociedade, é uma obrigação de qualquer cidadão. Precisamos participar mais da vida política, fazendo com que nossa voz seja ouvida por quem conduz nosso país.
Mas não podemos apenas jogar a conta de todos os nossos problemas nas autoridades ou na classe política. Temos também de fazer nossa parte, em nosso dia a dia, com atitudes positivas, éticas e responsáveis. Influenciando quem está ao nosso redor a fazer o mesmo, vamos começar a transformar o Brasil desde a base até o topo.
Que esse espírito de otimismo e de transformação marque o país em 2017. Que seja um ano de excelência, em que consigamos não apenas superar esta crise que tanto nos afeta, mas também possamos vislumbrar um futuro condizente com o enorme potencial do Brasil e de sua gente.
Para vislumbrar esse futuro, é necessário ter fé. Isso requer uma mudança de atitude. Cito, então, o texto de Mateus (6,22-23) como uma provocação ao cidadão brasileiro que se diz patriota: “A lâmpada do corpo são os olhos. Se teus olhos forem bons, todo o seu corpo terá luz. Se, porém, teus olhos forem maus, todo o seu corpo estará em trevas. Portanto, se a luz que em ti há são trevas, quão grande são estas trevas”. Muda, Brasil!