
Atualmente, apenas 20% de toda a carga que o Paraná movimenta pelo Porto de Paranaguá seguem por ferrovias. Todo o restante vai pelo modal rodoviário. O frete rodoviário caro, com o elevado custo do pedágio e do combustível, é computado no custo do produto, comprometendo a sua competitividade. Investir no transporte ferroviário é uma das alternativas mais indicadas para o barateamento deste custo logístico já que transportar por ferrovia custa de 20% a 30% menos que o transporte rodoviário.
“Para viabilizar o aumento do transporte de cargas de Maringá com destino a Paranaguá pelo modal ferroviário é necessária a melhoria na ferrovia, especificamente na altura da Serra do Mar, na chamada curva São João, que deve ter seu raio de curvatura suavizado, para permitir o tráfego de locomotivas modernas e composições ferroviárias maiores”, explica João Arthur Mohr, especialista em logística da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
Mohr firma ainda que os governos não têm recursos para investir. “Seus orçamentos estão comprometidos com educação, saúde, segurança e previdência. Por isso, cerca de 80% dos investimentos nas obras do PELT devem vir da iniciativa privada. Estamos agora buscando estes recursos. Se tivermos projetos e segurança jurídica o setor privado vai investir, inclusive investidores internacionais”, pontua.
O diretor presidente da Alcopar, Miguel Tranin, afirma que melhorar a infraestrutura na região de Maringá é essencial para garantir o desenvolvimento local. “‘O PELT antecipa a necessidade de infraestrutura com base na perspectiva de aumento da produção. Até 2030 a produção de açúcar deve chegar a 10 milhões de toneladas por ano e 85% desse volume deve ir por ferrovia a Paranaguá para ser exportado. Por isso, é tão importante este investimento na melhoria da ferrovia que liga nossa região a Paranaguá”.
O trecho citado por Mohr é uma das obras apontadas como prioritárias no PELT – Plano Estadual de Logística de Transporte – estudo desenvolvido pela Fiep e demais entidades que integram o Fórum Permanente de Desenvolvimento Futuro 10 Paraná. “Hoje, cerca de 9 milhões de toneladas do que o Norte e o Noroeste do Paraná produzem seguem por ferrovia para o Porto de Paranaguá”, explica o especialista da Fiep.
Segundo ele, a ferrovia nas condições atuais tem capacidade limitada a 10 milhões de toneladas por ano, sendo 9 milhões transportadas da região Norte / Noroeste e 1 milhão do Oeste.
Mohr explica que, com a melhoria na curva São João, investimentos em locomotivas e vagões modernos e a substituição de trilhos e dormentes deteriorados, em dois ou três anos, a capacidade da ferrovia seria ampliada para perto de 30 milhões de toneladas por ano. “Ou seja, cerca de 50% de tudo o que estará chegando no Porto de Paranaguá virá por via ferroviária, gerando uma economia de R$ 400 milhões por ano para o Estado”, afirma o especialista da Fiep.
A obra na ferrovia, uma das prioridades apontadas pelo PELT, depende de autorização do Conselho do Patrimônio, órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura, que tem que autorizar a pequena mudança no traçado da estrada de ferro na Serra do Mar com o deslocamento lateral dos trilhos entre 0 e 5 metros em uma extensão total de apenas 100 metros de ferrovia. A obra, quando autorizada, deve ser assumida pela iniciativa privada, por meio da empresa responsável pela operação do trecho.
Modal rodoviário – No modal rodoviário, o PELT aponta para Maringá a duplicação e a ampliação da capacidade de cinco eixos que ligam a cidade a Curitiba/Londrina, Paranavaí, Campo Mourão, Cianorte/Umuarama e Presidente Prudente (esta última cidade do interior de São Paulo).
Além disso, indica também a construção do contorno Sul de Maringá para facilitar o acesso das cargas do Oeste do Paraná com direção ao Norte do Estado e ao Estado de São Paulo. O atual contorno Sul tornou-se uma avenida muito movimentada sem condições de suportar este tráfego intenso.
Outra prioridade é a revisão dos atuais modelos de concessão para a redução do custo do pedágio para a metade, o que deve se viabilizar, com uma nova licitação em até quatro anos, quando vencem os atuais contratos de concessão. O novo modelo de concessão vai permitir o dobro de obras com a metade da tarifa nos próximos 25 anos.
Modal aeroportuário – A ampliação da pista do aeroporto para viabilizar o pouso de aeronaves maiores, incluindo voos de carga, é outra obra apontada no estudo como prioritária para Maringá. Além disso, o PELT indica também a instalação de equipamentos de aproximação para viabilizar pousos em condições meteorológicas adversas.
O PELT é um documento que traça um raio-x das obras prioritárias para o desenvolvimento do Paraná e para contribuir para um Estado mais moderno e competitivo. A expectativa é que o Plano direcione os investimentos públicos e privados para minimizar os gargalos na infraestrutura de transporte.