Evento na Fiep aproxima parlamentares dos industriais do setor plástico
Encontro foi oportunidade para debater projetos de lei e incentivos para a área, em especial para a reciclagem A Federação das Indústrias do Paraná, por meio da Coordenadoria de Relações Governamentais, realizou, na última sexta-feira (14 de fevereiro), o Seminário Cadeia Produtiva do Plástico: realidade, gargalos e soluções para a reciclagem, educação ambiental e descarte […]
Encontro foi oportunidade para debater projetos de lei e incentivos para a área, em especial para a reciclagem
A Federação das Indústrias do Paraná, por meio da Coordenadoria de Relações Governamentais, realizou, na última sexta-feira (14 de fevereiro), o Seminário Cadeia Produtiva do Plástico: realidade, gargalos e soluções para a reciclagem, educação ambiental e descarte correto. O evento teve o apoio do Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná (Simpep) e reuniu os representantes dos deputados estaduais. O objetivo principal foi debater os projetos de lei em tramitação que impactam o setor, entre eles os que tratam da reciclagem.
“É necessário o debate em torno desta temática. A indústria do plástico é muito importante para o Estado do Paraná e o plástico é uma matéria prima que passa transversalmente por quase todos os segmentos industriais. É preciso orientar as empresas e as pessoas a fazerem o descarte correto”, disse Reinaldo Tockus, gerente executivo de Relações Institucionais e Assuntos Internacionais da Fiep, que fez a abertura do evento.
“O plástico é 100% reciclável. Porém, nem todo plástico é reciclado e isso se deve à falta de incentivo”, disse Dirceu Galeas, presidente do Simpep, durante o evento. Ele enfatizou que é preciso considerar toda a cadeia produtiva com o olhar da economia circular, que propõe que os resíduos de uma indústria sirvam de matéria-prima reciclada para outra ou para a própria, não gerando descarte e nem desperdício.
Benefícios sociais e ambientais – “O plástico não é lixo. Tem valor para reciclagem e é um dos produtos que mais gera renda para os recicladores porque é o produto que chega em maior volume nas áreas de reciclagem”, disse Vick Martinez, relações institucionais da indústria de plástico Braskem, convidada a falar no evento. Martinez contou que a indústria tem iniciativas nesta linha. Ela informou, no entanto, que faltam ações por parte do Legislativo que poderiam resultar em mais incentivos.
A executiva citou o exemplo da atuação do deputado federal Carlos Gomes (PRB-RS), que presidente a Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva da Reciclagem. “Carlos Gomes é um ex-catador de papel, atuou muito na área, tirando da recliclagem o seu sustento”, disse, acrescentando que Gomes é autor de vários projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional em prol da reciclagem. De acordo com Vick Martinez, o setor tem expectativa na aprovação de um projeto de lei, que seria uma espécie de Lei Rouanet da Reciclagem, por meio da qual empresas e pessoas físicas podem patrocinar projetos de reciclagem abatendo o valor total ou parcial do Imposto de Renda. “Uma lei neste sentido pode transformar este setor”, acredita.
Mil indústrias e 10 mil empregos – Em todo o Brasil, existem cerca de mil indústrias de reciclagem que geram 10 mil empregos e produzem anualmente 550 mil toneladas de produtos reciclados. O dado foi apresentado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). Segundo Paula Paris de Oliveira, coordenadora de Projetos Setoriais da entidade, apenas 18% dos municípios brasileiros têm coleta seletiva, o que limita bastante o aproveitamento do produto e o resultado das indústrias que se dedicam à reciclagem.
A Abiplast apresentou dados também que mostram a diferença entre o volume de água usado na lavagem de copos de vidro em comparação ao volume de água usado na fabricação de copos descartáveis. Para lavar um copo em máquina de lavar louças são necessários 232 mililitros de água e para lavar manualmente são 1,2 mil mililitros, ao passo que no processo de fabricação de um copo descartável são usados apenas 26 mililitros de água. “Isso mostra que usar embalagem retornável não é tão ecologicamente correto quanto se preconiza”, ponderou Paula Oliveira.
Poluição por resíduo x poluição orgânica ou química – Outra polêmica debatida foi a relacionada à poluição por resíduos físicos em comparação à poluição orgânica ou química. “Qualquer forma de poluição é danosa e deve ser evitada, mas sob o ponto de vista de impactos ambientais, a poluição por produtos orgânicos ou químicos é muito mais maléfica porque é algo que não se vê e cujos efeitos são muito difíceis de serem mitigados”, disse Silvia Rolim, da Plastivida, instituição ligada à Abiplast que atua em ações de educação ambiental.
“Resíduos plásticos no mar, por exemplo, são possíveis de serem retirados sem grandes impactos, ao passo que contaminação por óleo ou agrotóxicos provoca danos irreparáveis e muito mais perigosos em termos de saúde pública”, contextualiza Rolim.
Limitações da reciclagem – Uma das assessoras parlamentares presentes ao evento, Flávia Moura, assessora do deputado Goura (PDT) questionou os presentes sobre as limitações da reciclagem e o valor de mercado de produtos que são destinados às centrais de reciclagem, como os copos descartáveis. “Fala-se que este produto tem um valor de mercado muito baixo e, por isso, não compensaria reciclar”, questionou. Além disso, ela questionou também a segurança de reciclar um copo descartável questionando se o produto não poderia expor o consumidor a risco de contaminação.
O empresário Thomas Hoffrichter, proprietário da Tecno Recycling Indústria e Comércio de Materiais Plásticos Eireli, que atua na reciclagem, confirmou que o valor do produto é baixo e acrescentou que uma política de incentivo seria bem-vinda para estimular a reciclagem. Sobre a questão da segurança, o empresário esclareceu que os produtos são devidamente higienizados, secados e granulados podendo voltar para a cadeia produtiva. “Além disso, nunca um produto reciclado retorna para ser usado como embalagem de alimentos, o que descarta qualquer risco de contaminação”, acrescentou.
Os assessores parlamentares elogiaram a iniciativa da Fiep como forma de aproximar os industriais do setor dos parlamentares e esclarecer a polêmica em torno do tema. “Nós sabemos que a poluição não é causada apenas pelo plástico e que também não é causada pela indústria”, disse Caiê Alonso, também assessor do deputado Goura.
“Foi falado muito aqui de economia circular e da responsabilidade compartilhada, que são os temas da Política Nacional de Resíduos Sólidos e é neste caminho que devemos seguir”, destacou Alonso. “Quero parabenizar a iniciativa da Fiep em permitir essa aproximação e esclarecer dúvidas. Nosso objetivo é a cooperação. Não queremos criar projetos de lei infundados. Vamos trabalhar juntos para produzir o melhor texto legislativo possível”, disse o assessor do deputado Goura.
Mauricio Figueiredo, assessor parlamentar do deputado Galo (Podemos), disse que o evento foi muito válido. “Encontros como este são muito importantes. Estamos à disposição na Assembleia para trabalhar por projetos de lei que venham somar e contribuir para o desenvolvimento”, disse.
A coordenadora de Relações Governamentais da Fiep, Letícia Rezende, agradeceu a presença de todos e informou que outros encontros desta natureza devem acontecer. Ela colocou a equipe da Coordenadoria de Relações Governamentais e a estrutura do Sistema Fiep à disposição dos parlamentares e seus assessores para contribuir com informações e propostas para que os projetos de lei apresentados sejam coerentes e busquem o bem comum.
“É muito importante para a Fiep e para as indústrias do Paraná esta aproximação e esta integração com o Poder Legislativo”, disse. A Coordenadoria de Relações Governamentais do Sistema Fiep promove a interface da instituição com os poderes Legislativo e Executivo como forma de trabalhar por políticas públicas que promovam o desenvolvimento do setor industrial paranaense.