Ritmo de produção na indústria desacelera em 2023

Apesar dos resultados do quadrimestre, projeções otimistas até o fim do ano podem animar os empresários

Seguindo uma tendência nacional, a produção industrial paranaense de abril teve redução de 0,9% na comparação com o mesmo mês do no passado. Esta foi a segunda queda seguida do indicador, que teve alta apenas em fevereiro, quando cresceu 0,6%. A desaceleração da atividade na indústria nacional foi maior, ficou em -2,7%. E Estados vizinhos como Santa Catarina e Rio Grande do Sul tiveram queda ainda mais acentuada, de 5,9% e 7,2%, respectivamente, no mesmo período. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada.

Bebidas, alimentos e produtos mais baratos continuam tendo aumento de produção. (fotos: Gelson Bampi)

No acumulado de janeiro a abril, a indústria estadual diminuiu seu ritmo em 0,4%, frente ao mesmo intervalo de 2022. E os dados nacionais já estão 1% abaixo do alcançado no ano passado. Entre as 15 regiões analisadas pelo IBGE, apenas Amazonas (11%), Minas Gerais (6,5%) e Rio de Janeiro (3,4%) estão crescendo este ano.

O resultado também pode ser avaliado pelo desempenho das atividades industriais que estão com performance positiva desde o início do ano. Das 13 acompanhadas pelo IBGE no Paraná, cinco estão em alta até abril. É o caso do setor de petróleo (11,6%), moveleiro (11%), alimentício (7,4%), bebidas (1,7%) e produtos de metal (1,3%). Já entre as que estão com maior dificuldade este ano são madeira (-32%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-21%), produtos químicos (-15%), máquinas e equipamentos (-10%), minerais não-metálicos (-7%) e automotivo (-4%).

Influenciada pelas expectativas de aumento das vendas em decorrência das festas juninas, a indústria de bebidas paranaense teve a maior taxa de crescimento na variação mensal frente a abril de 2023, cerca de 15%. Depois aparecem alimentos (11,4%), petróleo (11,3%) e móveis (2,9%) com aumento na produção. Segmento de máquinas, aparelhos e materiais elétricos registrou a maior redução (-29%), seguido por madeira (-27%), produtos químicos (-23%), celulose e papel (-19%) e máquinas e equipamentos (-13%), minerais não-metálicos (-10 %) e automotivo (-6 %).

Motivações

Os motivos para essa redução na produção industrial nacional e paranaense são a influência de fatores macroeconômicos na vida dos consumidores. “Com desemprego em patamares elevados e trabalhadores com renda mais baixa, o consumo tende a diminuir. Some-se a isso a taxa de juros elevada no Brasil, o que inibe a busca por crédito para financiar a aquisição de bens de maior valor”, justifica o analista de Assessoria Econômica e de Crédito da Fiep, Evânio Felippe.

Segundo ele, o consumidor em dificuldade não compromete sua renda, adquirindo apenas o essencial. Estas condições afetam todos os setores econômicos, não só a indústria. Mas também o comércio e serviços. Bebidas, alimentos e produtos mais baratos continuam tendo aumento de produção, enquanto produtos de maior valor agregado, como automóveis, máquinas e equipamentos e eletrodomésticos, registram queda.

É o que apontam os dados da Sondagem Industrial de março, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para 45% dos empresários entrevistados o principal problema enfrentado no mês foi a demanda interna insuficiente. Eles também atribuíram à carga tributária elevada as dificuldades financeiras enfrentadas no período. “Quando o gasto com impostos é alto não sobram recursos para serem investidos em equipamentos, tecnologia, inovação e a indústria perde competitividade”, complementa o analista da Fiep.

Outro ingrediente que contribui para isso é o alto custo das matérias-primas para produção. Desde o início do ano passado, por conta do cenário econômico mundial e da guerra na Ucrânia, o preço de insumos utilizados na indústria subiram e isso afeta o controle dos custos de produção. “Ao repassar esses gastos ao preço de venda, as empresas perdem clientes no mercado, reduzindo ainda mais a demanda e tornando as linhas de produção ociosas”, complementa.

Embora o momento seja complicado, as projeções dos agentes financeiros para os indicadores econômicos, até o fim de 2023, animam os empresários. O PIB industrial deve crescer este ano e em 2024, respectivamente, em +0,60% e +1,04%. As expectativas de crédito, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, apontam alta em torno de 8% este ano e de 10% para o ano que vem. Outra boa notícia vem das vendas no varejo, com tendência de crescimento de 0,21% neste ano. A taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano, deve chegar, segundo as expectativas de mercado, cotada a 12,25% em dezembro e, a 10%, em 2024.

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