A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) recebeu, nesta quarta-feira (2), em Curitiba, o ministro designado da Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Javier Giménez Garcia de Zuñiga. Ele assumirá oficialmente o cargo no próximo dia 15, data da posse do presidente eleito do país, Santiago Peña. Além das perspectivas para o novo governo e possíveis parcerias com o Paraná, foram debatidas oportunidades de cooperação no plano de expansão do setor elétrico do país vizinho, que deve receber investimentos nos próximos anos.
“Receber o ministro é uma grande oportunidade para a indústria paranaense”, disse o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, reforçando que empresas do estado têm inúmeras possibilidades de negócios a serem exploradas no país vizinho. “Nada melhor do que o Paraná, pela proximidade que temos com o Paraguai, prestar serviços que precisarão ser feitos no país”, completou.
No encontro desta quarta, foram abordados especialmente os investimentos que o Paraguai deve fazer nos próximos anos para expansão de seu sistema elétrico. Por isso, a reunião teve participação de empresários ligados ao Sindicato das Empresas de Eletricidade, Gás, Água, Obras e Serviços do Paraná (Sineltepar), filiado à Fiep, que agrega companhias com experiência na prestação de serviços à Copel. O sindicato mantém, inclusive, uma escola em parceria com o Senai para capacitação de trabalhadores para o setor.
O presidente do Sineltepar, Felipe Dal Molin Puton, destacou que o sindicato, que representa mais de 35 empresas do setor, já vem dialogando com autoridades do sistema elétrico paraguaio e pretende organizar em breve uma missão ao país. A intenção é abrir conversas com o novo governo e se colocar à disposição para prestação de serviços e formação de mão de obra para o setor no Paraguai. “Queremos mostrar nossa experiência e oferecer também a nossa mão de obra e o nosso conhecimento, tendo em vista o que está sendo investido no setor elétrico lá”, explicou.
Fundo soberano
O ministro designado afirmou que, realmente, o Paraguai deve investir em uma expansão de sua rede elétrica nos próximos ano. Ele destacou que a Administración Nacional de Electricidad (ANDE) possui um plano em que calcula que, até 2030, vai precisar de investimentos em torno de US$ 2 bilhões nessa área. “É um programa superagressivo de expansão de investimentos na rede elétrica, que até hoje não foi implementado por falta de recursos”, disse Zuñiga.
Segundo o ministro, esse plano deve começar a sair do papel em breve, já que o Paraguai pretende criar um fundo soberano de US$ 500 bilhões para financiar obras e projetos de desenvolvimento no país, incluindo o setor elétrico. Ele explicou que, para viabilizar esse fundo, o Paraguai deve utilizar os recursos que iam para o pagamento da dívida referente à construção da usina binacional de Itaipu, cujas últimas parcelas foram quitadas em fevereiro deste ano. “A política do Paraguai é não baixar a tarifa e utilizar esse recurso, que antes era para pagar a dívida, para criar um fundo de investimentos inédito, o maior da história da região”, declarou.
Nas próximas semanas, com intermediação da Fiep, serão realizadas reuniões entre o Sineltepar e técnicos do novo governo para organizar a missão empresarial ao Paraguai. Além disso, Carlos Valter colocou o conhecimento e experiência do Senai para colaborar com os esforços de formação de mão de obra para o setor elétrico no país vizinho.
Também participaram do encontro desta quarta o presidente da Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, Antonio Carlos dos Santos, e gerente de Relações Internacionais do Sistema Fiep, Higor Luis Uchoa Bezerra de Menezes, entre outros representantes das duas instituições.