Conscientização é um dos principais desafios da logística reversa no Paraná e no Brasil

Seminário em Curitiba reúne mais de 400 participantes para debater o tema

A conscientização dos consumidores, o papel das indústrias e a importância da participação ativa de todos os atores envolvidos na cadeia da reciclagem, que engloba sociedade, poder público, empresas, entidades de classe e de educação, foi um dos consensos entre os painelistas da 6ª edição do Seminário Paranaense de Logística Reversa. O evento ocorre nesta quinta-feira (9/11), no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba.

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Nilo Cini, coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiep, na abertura do evento em Curitiba (Fotos: Gelson Bampi)

Já na abertura, o coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiep, Nilo Cini Junior, que também é presidente do Instituto Brasileiro de Logística Reversa de Embalagens (ILOG), enalteceu a presença dos mais de 400 presentes. “Temos de valorizar eventos e iniciativas como essa para melhorar a conexão entre todos que fazem a logística reversa acontecer”, destacou. “É nossa responsabilidade buscar novas tecnologias para promovermos, junto às indústrias, ações mais engajadas e comprometidas com a preservação do meio ambiente no nosso estado e no Brasil”, declarou.

O evento contou a com a participação da coordenadora geral de Logística Reversa do Ministério do Meio Ambiente, Sabrina Andrade, que apresentou um panorama geral da Logística Reversa no Brasil. “O desafio maior para a Logística Reversa no nosso país é a colaboração entre os diversos membros envolvidos no processo. Precisamos sensibilizar o consumidor para que entenda que é parte fundamental, que sua separação domiciliar faz a diferença e traz resultados. E depois mostrar como o material está sendo reciclado e reaproveitado para fortalecer essa parceria”, resumiu.

Ela destacou ainda a necessidade de regulamentar o novo decreto nº 11413/23, que estabelece novas formas de implementação e comprovação da logística reversa, fator que garante a rastreabilidade dos resíduos e também a questão da desoneração fiscal da cadeia e o incentivo para uso de matéria-prima oriundo da reciclagem. “Outra meta é incentivar que novas empresas recicladoras se instalem no Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, para baixar o custo do transporte e tornar viável o retorno do material ao ciclo produtivo”, completou.

Sabrina falou sobre um desafio grande para regulamentar a lei de incentivo à reciclagem, permitindo que tanto empresas quanto pessoas físicas possam deduzir o imposto de renda por meio de projetos de reciclagem. Segundo ela, isso pode revolucionar a gestão de resíduos no Brasil. “Outra meta é reunir estados e municípios para traçar estratégias de fiscalização e monitoramento para conscientizar empresas sobre a responsabilidade de dar destinação correta de resíduos sólidos”, conclui.

O diretor da Fiep e vice coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiep, Miguel Tranin, endossou a missão do Ministério, reforçando que a importância do engajamento das indústrias. Para ele, promover a logística reversa é um apelo mundial porque é preciso se preocupar com tudo que é produzido no planeta. “O Paraná está comprometido com essa necessidade de união conjunta. Agora precisamos avançar ainda na conscientização dentro das escolas, com os nossos jovens, nas universidades, incentivar o consumo de produtos fabricados a partir de materiais recicláveis, além de remunerar melhor as matérias-primas provenientes deste processo para obtermos melhores resultados”, explicou.

Representando a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), o diretor de Economia Sustentável, Gabriel Schuhli, reforçou a importância da parceria com a indústria, que exerce uma função primordial, de gerar emprego e renda no estado, mas que mantém um amplo compromisso de exercer sua atividade com respeito ao meio ambiente. “Produzir e preservar. Somos todos parte da solução para construirmos uma política de estado de economia circular e gestão de resíduos eficiente, o que é fundamental para o futuro do planeta”, ressaltou.

Sobre os desafios no Paraná, o gerente executivo do Instituto Paranaense de Reciclagem (Inpar), Gustavo Fanaya, enalteceu a necessidade da informação sobre a legislação e as obrigações previstas chegarem atualizadas para as empresas. De acordo com ele, mesmo o tema sendo difundido há muitos anos, ainda há muita desinformação. Desde junho de 2021, a Lei Estadual 20.607 estabelece diretrizes e estratégias para a operacionalização e fiscalização do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS). Ou seja, as empresas precisam comprovar ações de logística reversa obterem e renovarem sua licença de operação. Mas mesmo assim, muitos gestores nos procuram sem saber como cumprir a lei. “Esse debate é fundamental para engajar e conectar e oferecer a solução adequada nesse processo. Esse é um desafio estadual forte e por isso devemos somar esforços para transformar essa cultura e tornar a logística reversa mais eficiente no nosso estado”, concluiu.

O evento prosseguiu com debates e cases de empresas paranaenses com logística reversa e na conexão do tema com ESG – Environmental, Social and Governance -, que significa atuação seguindo políticas alinhadas nos aspectos Ambiental, Social e de Governança.

Após o encerramento do Seminário, ocorreu a tradicional cerimônia de outorga do Selo Clima Paraná, reconhecimento a empresas e municípios paranaenses comprometidos com a melhoria contínua de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável de suas atividades. Este ano, 132 organizações e seis localidades tiveram suas condutas aprovadas, ou seja, todos comprometidos com a agenda climática. O Selo tem validade de 12 meses.

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