Mais de 700 participantes entre empresários, diretores e executivos de empresas do setor de madeira e base florestal de diferentes regiões e segmentos madeireiros do Brasil participaram, na segunda-feira (16), da 5ª edição do Woodtrade Brazil, no Centro de Eventos Sistema Fiep, em Curitiba (PR). Promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), em parceria com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e a Malinovski, o evento apresentou o panorama atual e as principais tendências de mercado para o setor, que é um dos principais exportadores do país.
Com o objetivo de promover networking e troca de conhecimentos, o 5º Woodtrade Brazil apresentou palestras e painéis sobre suprimento florestal, competitividade das exportações brasileiras, desafios e oportunidades do mercado dentro e fora do país. “O setor de madeira e de base florestal representa 5% do PIB nacional, é muito representativo em faturamento e em produção”, destacou Juliano Vieira de Araujo, presidente da Abimci. Araujo disse ainda que, dentro da Semana Internacional da Madeira, o encontro entre empresários que trouxeram suas experiências do dia a dia nas indústrias, propiciou uma visão geral do que está acontecendo no mercado, dentro e fora do Brasil. “É uma grande troca de conhecimento que os ajuda a discutirem as melhores práticas industriais e comerciais”, finalizou.
O vice-presidente e coordenador do Conselho Setorial da Madeira da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roni Junior Marini, que representou o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, na abertura, ressaltou a importância do setor madeireiro na industrialização do Paraná. “O sindicato da madeira foi um dos fundadores da Fiep e da indústria do estado que hoje é o que mais cresce em produção industrial no Brasil. Juntos com o setor madeireiro, a Fiep está trabalhando em pautas importantes como a de logística para dar condições para nossa indústria ser mais competitiva”, afirmou Marini.
Em sua fala de abertura, Ricardo Malinovski, CEO da Malinovski, citou a evolução histórica do Woodtrade Brazil e comemorou o número expressivo de participantes. “Começamos esse projeto em 2016 e há oito anos estamos construindo pontes extremamente férteis do setor florestal e também da indústria da madeira. Temos um lema que é ir além da floresta, e ir além da floresta é exatamente o que está acontecendo aqui nesta sala: batemos um recorde de público. O Woodtrade Brazil e a Semana Internacional da Madeira é uma jornada de experiências extremamente positivas que começa hoje e vai até quinta-feira”, disse.
Após a abertura, Malinovski abriu a programação com a palestra “O mercado florestal brasileiro e seus desafios”, na qual trouxe um panorama do setor florestal, citando os principais desafios como mão de obra qualificada, déficit de matéria-prima, alta de custos e as mudanças climáticas. O executivo também falou do futuro. “Haverá um crescimento da economia verde e consequentemente maior uso de materiais sustentáveis. E o Brasil tem tudo para se tornar o principal produtor mundial desses materiais”, afirmou.
Participaram do evento as representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Lizane Ferreira, diretora do Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas (DEFLO/SDI); e Jaine Cubas, coordenadora-geral de Desenvolvimento Florestal; além de Fernando Castanheira Neto, do Sistema Florestal Brasileiro (SFB). Lizane apresentou as ações da Rede Floresta + Iniciativa Conexão Florestal, no âmbito do Plano Floresta + Sustentável. Durante sua fala reafirmou a importância do setor. “Quando a Abimci me perguntou onde é a casa do setor de base florestal, eu disse que é no Ministério da Agricultura exatamente no Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas. Eu não tenho dúvida de que todos aqui são grandes parceiros, geradores e influenciadores e parte desse processo”, concluiu.
No painel Mercado de Produtos de Madeira, apresentado por empresários e coordenadores dos comitês de produtos da Abimci, foi mostrado um panorama dos segmentos madeireiros de madeira serrada, molduras, pellets, pisos, paletes e embalagens, portas e compensados. Os painelistas discorreram sobre a evolução e avanços, tanto produtivos quanto mercadológicos, alcançados ao longo dos anos, nos períodos pré e pós-pandemia, em volume de produção, de mercado e em estratégias de desenvolvimento. Alguns segmentos têm cenários em comum, como os de portas de madeira, molduras, pisos e compensados, cujas expansões estão ligadas às movimentações do mercado imobiliário dentro e fora do Brasil. A falta de mão de obra especializada e os gargalos logísticos foram os desafios elencados em todas as apresentações. Entres as estratégias de futuro, os empresários citaram a necessidade de investimentos em novas tecnologias e padronização da produção para agregar valor aos produtos.
O evento também abordou os cenários do Reino Unido e Estados Unidos, mercados para onde são destinados um percentual importante das exportações brasileiras. David Hopkins, executivo chefe da Timber Development UK (Federação Inglesa da Madeira), fez uma análise das tendências atuais, perspectivas e oportunidades para a indústria brasileira no contexto britânico. “O Brasil é responsável por 65% do mercado de madeira compensada do Reino Unido, por isso é muito importante para mim vir a um evento como este e conhecer os empresários brasileiros”, disse Hopkins. Também apresentou estimativas positivas para a economia daquele país, em especial a possibilidade de crescimento da construção civil para os próximos anos. “Com o novo governo e a previsão do primeiro-ministro permanecer no cargo nos próximos anos, há a possibilidade do mercado crescer. A taxa de juros e a inflação já estão reduzindo”, contextualizou Hopkins.
Segundo Hopkins, unindo o cenário de queda de inflação e as novas exigências para empreendimentos, a previsão é de que a construção civil cresça 2% em 2025 e 3,6% em 2026, o que se consolida como um ambiente promissor para as exportações brasileiras. “O nosso principal fornecedor de compensado é o Brasil, responsável por 60 a 65% do que utilizamos. E o Brasil tem muito potencial para continuar sendo o nosso maior fornecedor”, conclui.
Sobre o mercado americano, o maior importador de produtos madeireiros do Brasil, Brent J. McClendon, presidente e CEO da National Wooden Pallet and Container Association (NWPCA), falou das condições atuais e das tendências de crescimento. Ele se referiu ao Woodtrade Brazil como o resultado da capacidade de mobilização das associações como a Abimci. “Este é um momento muito importante e mostra o poder das associações como a nossa e a Abimci. Nós aproximamos as pessoas, aproximamos líderes para desempenhar um papel importante para a indústria”, disse McClendon. A NWPCA tem membros em 40 países e, segundo McClendon, o trabalho da entidade se baseia na visão dos empresários. “O que fazemos é pela ótica de pessoas como vocês, que trabalham com a madeira, que reciclam a madeira”, acrescentou.
McClendon afirmou que o setor de paletes é um indicador econômico nos Estados Unidos. “Tudo é movimentado em paletes de madeira, 90% do comércio americano utiliza o palete. Aproximadamente 2 bilhões de paletes são usados por dia nos EUA e 45% da madeira serrada produzida no país é empregada na fabricação desse produto, sendo que 10% importamos do Brasil”, disse. O americano reforçou que o mercado estadunidense é uma excelente oportunidade para o produto brasileiro. “Todos os nossos membros estão consumindo um volume significativo de madeira. No Brasil há muitas oportunidades quando olhamos para normalização, conservação e nós queremos conhecer a compartilhar boas práticas entre nossos países”, afirmou McClendon. A programação da Semana Internacional da Madeira (SIM) prossegue até esta quinta-feira (19), com uma programação diversificada, que inclui a Feira Lignum Latin America, o 6º Encapp e, no estande da Abimci, o Lignum Latin America Talks, além de eventos simultâneos com conteúdos técnicos, inovações, tendências e tecnologias emergentes que estão moldando o futuro da indústria madeireira.