A Educação Corporativa pode ser um investimento com retorno favorável para os negócios. Essa é a constatação que pôde ser destacada no I Seminário de Educação Corporativa, que terminou nesta sexta-feira (28). Promovido pelo Sistema Fiep, através da Universidade da Indústria (Unindus) o debate durou dois dias e reuniu cerca de 100 pessoas entre empresários, professores, diretores de RH, representantes de universidades e estudantes. Eles conheceram algumas das particularidades da metodologia de ensino, uma tendência que começou por volta dos anos 60 nas grandes multinacionais e tem sido difundida pelo mundo como uma forma de agregar competitividade às empresas.
Cases de grandes empresas como Sadia, Petrobrás, Siemens, HSBC, Embraer e Datasul, Vale do Rio Doce, Brasil Telecom, Caterpillar do Brasil, mostraram que o Brasil está bem avançado no setor de aprendizagem corporativa. De acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), atualmente são 100 Universidades Corporativas no País. Um número maior que o da Europa.
Segundo os executivos que estiveram no Seminário, esta nova forma de qualificar mão-de-obra específica que exige altas cifras de investimentos das corporações, mas dá retornos satisfatórios para as empresas. “Focando na aprendizagem e capacitação de nossos funcionários, conseguimos, além de ampliar o grau de motivação entre eles, aumento nas vendas de nossos produtos. Portanto, aumento considerável de lucro”, afirma Júlio César da Cunha, gerente de aprendizagem e conhecimento da Datasul, de Joinville (SC).
De acordo com Ana Paula Mundim, consultora da Accenture, empresa que presta consultoria em educação corporativa em diversos países, o investimento em aprendizagem deve estar planejado e justificado como qualquer outro tipo de negócio. “É preciso tratar a educação corporativa como um negócio que trará lucro para a empresa de alguma maneira. Seja junto ao cliente, seja junto ao fornecedor ou dentro da própria corporação”, afirma. Ela aponta critérios como governança, criação de valor, gerenciamentos de custos e padronização da melhoria de processos como pilares para uma boa implantação da Universidade Corporativa.
Para a Cia Vale do Rio Doce, a Universidade Corporativa, implantada em 2003, já está trazendo resultados concretos como a centralização das políticas de RH. Foi preciso fazer um trabalho minucioso com os mais de 22 mil funcionários para implantar a idéia do aprendizado corporativo. “Não adiantava termos todos os aparatos técnicos formatados sem criar a cultura da universidade. Daí, teríamos espaço e estrutura subutilizados”, afirma Ana Cláudia Freire, consultora interna de RH da companhia.
De acordo com o diretor da Unindus, Marcos Mueller Schlemm, apesar de ser um tema ainda novo entre as indústrias do Paraná, a educação corporativa ficou muito melhor explicada com o seminário. “Com os exemplos que foram mostrados no evento, acredito que ficou claro para as empresas que a aprendizagem corporativa é uma das ferramentas de gestão disponíveis para que as corporações ganhem mercado. Não só as grandes companhias estão tomando consciência disso, mas também as pequenas e médias empresas. Para aquelas que não têm condições de fazer esse investimento, a Unindus está à disposição para ceder o espaço e passar o know how”, conclui.