Painel discute política sócio-ambiental,
inclusão social e viabilidade econômica
O debate envolveu o presidente do grupo Orsa, Sergio Amoroso, o ecologista Francisco Milanez e o presidente da Suzano Holding, David Feffer
A busca do desenvolvimento humano aliado à preservação ambiental foi o tema principal das discussões do painel sócio-ambiental, realizado na manhã desta terça-feira (15), no segundo dia do I Fórum da Liberdade do Paraná, que acontece no Cietep, em Curitiba. O Fórum é promovido pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio da Universidade da Indústria (Unindus), e pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) do Rio Grande do Sul, que realiza o evento há 19 anos em Porto Alegre.
Os palestrantes observaram que a consciência de responsabilidade sócio-ambiental cresceu no Brasil nos últimos anos, mas defenderam que não é possível pensar em conservação do ambiente sem inclusão social e viabilidade econômica.
“Não é possível ir a uma comunidade para realizar um trabalho social sem ter soluções econômicas. Educação, saúde, sustentabilidade e empregabilidade devem ser trabalhadas juntas e não de forma desagregada”, disse o empresário Sergio Amoroso, fundador e presidente do Grupo Orsa – conglomerado que se posiciona como uma das maiores companhias de celulose, papel para embalagens, chapas e embalagens de papelão do país.
Na opinião do ecologista Francisco Milanez, o desenvolvimento sustentável pressupõe desenvolvimento ambiental, viabilidade econômica, justiça social e o respeito entre as culturas. Compartilha da mesma opinião o diretor presidente da Suzano Holding S/A, David Feffer. Ao participar do painel, ele afirmou que a sustentabilidade está relacionada às nossas atitudes e aos impactos que geramos no meio ambiente. “É necessário envolver as esferas econômica, ambiental e social para garantir a preservação”, disse.
Uma das principais dificuldades para as grandes empresas, apontada pelos palestrantes, é a de aliar desenvolvimento sustentável com manutenção do lucro. “Ganhar dinheiro sem sustentabilidade não é negócio”, afirmou Francisco Milanez, citando como exemplo o caso da destruição da Amazônia, com a introdução da monocultura da soja. “A soja produzida na Amazônia é exportada para todo o mundo, mas os europeus não estão mais comprando produtos que não sejam ambientalmente responsáveis. A questão deixou de ser ambiental e passou para a esfera econômica”.
Sergio Amoroso disse acreditar que o grande desafio das empresas é agregar valor aos produtos florestais e não florestais. Ele deu o exemplo da Fundação Orsa, que mantém uma série de projetos que visam um modelo de equilíbrio entre sustentabilidade ambiental e social. “As soluções para as questões ambientais podem surgir de simples ações. Em Jarí, na Amazônia, há grande produção de açaí. Os produtores tiravam a polpa e jogavam o caroço fora. A quantidade de caroços acumulada estava se tornando um problema ambiental, até percebermos que o caroço poderia ser usado como combustível para as caldeiras das empresas da região. Esse exemplo poderia ser uma política de energia para toda a Amazônia”, disse ele.