Fiep lança livro que debate como fazer o Brasil crescer
Obra reúne opinião de grandes especialistas da política e economia brasileiras
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e a Universidade da Indústria (Unindus) lançaram, na noite de segunda-feira (05), o livro “Para o Brasil Voltar a Crescer – evidências, reflexões e caminhos”, publicado pela editora IBPEX. A obra traz a visão de John Schulz, Bolívar Lamounier, Cláudio de Moura Castro, Rubens Barbosa, Paulo Haddad, Sebastião Toledo Cunha e Belmiro Valverde Jobim Castor sobre as condições e oportunidades para a retomada do crescimento. Grandes nomes da área política e econômica, eles participaram de palestras promovidas pela Fiep e Unindus em 2006.
“É a melhor contribuição que o Sistema Fiep poderia dar para estimular a reflexão sobre a participação do setor produtivo na política e economia do País. Estamos atendendo uma demanda de informações por uma visão mais ampla do que está acontecendo e dos caminhos que podem ser tomados”, afirma Rodrigo da Rocha Loures, presidente do Sistema Fiep.
O diretor da Unindus, Marcos Mueller Schlemm, destaca o formato de perguntas e respostas adotado no livro, que facilita o entendimento de assuntos complexos. Segundo ele, o público-alvo é a classe empresarial, mas outros interessados podem adquiri-lo no site da Unindus (www.unindus.org.br) e nas principais livrarias de Curitiba.
Líderes ? A obra surgiu a partir de temas discutidos no programa Líderes Empresariais na Política, realizado de março a setembro de 2006, na Unindus, que trouxe renomados especialistas brasileiros em economia e política para falar aos empresários. “O objetivo foi estimular a participação no cenário brasileiro de forma consciente. Os encontros se tornaram plataforma de apoio para que os empresários pudessem refletir sobre temas de relevância”, conta Rocha Loures. “Depois de compilarmos as palestras percebemos que tínhamos um material rico em mãos e decidimos difundi-lo para outras pessoas”, acrescenta Schlemm.
A iniciativa antecipou as discussões sobre o crescimento do Brasil, que entraram em pauta com o lançamento, pelo Governo Federal, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O foco sobre a necessidade e as estratégias para o país crescer tornam a obra bastante atual e pertinente. “Trata-se de um material de interesse não só de empresários, mas de toda a sociedade. A questão do crescimento do país já estava no ar há muito tempo, antes mesmo do PAC. Por isso, quem ler o livro terá subsídios para fazer uma avaliação crítica do programa federal”, afirma o economista Paulo Haddad, que participa da obra no capítulo “Condições de recursos naturais definem crescimento futuro”.
“Abordo dois pontos cruciais: o desenvolvimento sustentável, que busca um crescimento compatível com o uso racional dos recursos naturais, e o desenvolvimento endógeno, que prevê a mobilização dos capitais internos e o incentivo ao empreendedorismo”, afirma ele.
O especialista em comércio exterior Sebastião Cunha, acredita que a obra vai permitir entender o crescimento alinhado ao cenário de investimentos internacionais. No livro, ele trata da inserção do Brasil nas organizações internacionais e mostra que o País tem cultivado alguns equívocos e más interpretações.
No capítulo “Reformas são essenciais para o fortalecimento da presença brasileira no mundo”, o embaixador Rubens Barbosa também fala do Brasil no contexto internacional. “O mundo está em grande transformação, tanto econômica como política. O que nós discutimos é como o Brasil se insere num cenário em que os países asiáticos obrigam a adoção de novas posturas. Hoje, mais do que nunca, a tomada de posição dos empresários é fundamental já que a variável externa é uma das questões mais importantes para o crescimento”, afirma Barbosa.
O historiador John Schulz, que escreve o capítulo “Mercado só funciona quando instituições funcionam”, avisa que se não houver nenhum tipo de reação o País corre o risco de se desindustrializar. “De 1850 a 1980 o Brasil foi a nação que mais cresceu. Porém, nos últimos 30 anos, aconteceu o contrário: o País cresceu abaixo da média dos anos anteriores”, conta.
A proposta do livro não é ser um manual, mas sim suscitar discussões e levar a adoção de posturas críticas. “Não se cria lideranças políticas. Nosso objetivo foi o de debater os problemas políticos do País, questões relevantes e, a partir delas, adotar uma posição. O livro mostra que não há um vetor único de desenvolvimento e apresenta o encadeamento das diversas dimensões político-econômicas”, afirma Belmiro Valverde Jobim Castor, responsável pelo capítulo “Mudança depende de vontade política e reformas”.