Atitudes pessoais, movimentos da sociedade civil, projetos urbanos criativos, sem ser caros, podem contribuir e muito para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e sustentabilidade das cidades. Exemplos de iniciativas desta natureza foram narrados no painel “Experiências Inovadoras pela Sustentabilidade”, realizado sexta-feira (12). “Há muitas coisas que podemos fazer. A sustentabilidade não é uma ciência espacial. Muitas vezes basta seguir o que nossos avós nos ensinavam: ser frugal, não desperdiçar e deixar as coisas como as encontramos”, disse Marc Weiss, presidente da Global Urban Development, dos Estados Unidos.
A organização engajada da sociedade, o acesso a informações e indicadores sociais, ambientais e econômicos e a persistência em cobrar atitudes dos governos são também caminhos para melhorar as condições das grandes cidades, segundo Oded Grajew, membro do Movimento Nossa São Paulo. “Não há outra saída para mudar esse modelo a não ser pela organização, fortalecimento e pressão da sociedade sobre os governos, de todos os níveis”, disse ele. Criado há três anos, o Movimento Nossa São Paulo reúne 600 organizações civis e é hoje uma referência no País no que se refere a busca do comprometimento da sociedade e do governo com uma agenda de sustentabilidade. “Tivemos muitas conquistas, como importantes mudanças na lei orgânica do município. Mas ainda há muita a avançar. O processo é lento e é preciso persistir”, disse Grajew.
Aumentar a mobilidade por meio de transportes alternativos e reduzir a dependência de petróleo, em pelo menos 10%, já seria outra grande contribuição para melhorar o mundo, segundo o arquiteto e urbanista Jeff Olson. Ele levou ao encontro uma série de imagens mostrando projetos, desenvolvidos por ele em diversas cidades do mundo, que contemplam espaços verdes e também vias para as pessoas se deslocarem a pé ou de bicicletas. “Quando começamos a falar sobre o que é bom para melhorar a vida das pessoas vemos que são infindáveis as possibilidades de soluções técnicas”, disse Olson. “Mas é preciso educar as pessoas para uma nova forma de mobilidade nas cidades”, afirmou.
Iniciativas para melhorar a mobilidade urbana foram apresentados também por Oscar Diaz, diretor do Institute for Transportation na Development Policy (ITDP), com sede em Nova Iorque. Ele falou sobre os projetos e iniciativas de Bogotá, conhecidos no mundo pelo impacto na cidade. “A intervenção urbana, com parques, escolas, rede de esgoto, mudou radicalmente a face de um dos bairros da periferia da capital que era considerado um dos mais violentos do mundo”, contou. Ciclovias e medidas de segurança no trânsito resultaram numa adesão em massa pelo uso da bicicleta. “Hoje 350 mil pessoas vão ao trabalho usando esse meio de transporte”, contou Diaz. Outro exercício inovador é a participação da cidade no “Dia sem Carro”. O automóvel fica proibido em toda a cidade e mais de 7 milhões de habitantes se deslocam à pé, de bicicletas ou transporte coletivo.