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Quatro propostas sugeridas por trabalhadores de indústrias metalmecânicas do Paraná prometem solucionar as principais causas de acidentes de trabalho no setor. Soluções para problemas com ruído, cavacos de peças metálicas e para o layout do ambiente de trabalho são algumas dessas ideias surgidas durante o Ateliê de Prevenção de Acidentes de Trabalho, um programa que aplica metodologia francesa, na qual os participantes são instigados a buscarem soluções para aumentar a segurança nas indústrias em que trabalham. O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal), Sesi, Senai e instituições francesas são os responsáveis pela iniciativa.
As atividades do Ateliê começaram na semana passada, na unidade do Senai Cetmam, em São José dos Pinhais. Os 31 participantes, entre eles trabalhadores do setor metalmecânico, profissionais da área de segurança e saúde e estudantes, visitaram empresas do setor e analisaram as principais mudanças que precisariam ser feitas para aumentar a segurança do trabalhador e reduzir os riscos de doenças no ambiente de trabalho. A partir daí, começaram a materializar essas ideias através da construção de maquetes de madeira e papelão.
Uma das preocupações comum entre os participantes foi com “cavacos”, uma espécie de serpentina metálica cortante proveniente dos processos de tornearia. Dois grupos propuseram a construção de equipamentos para a captação desse material. Um dos idealizadores da proposta, Fernando Arcelino, de 32 anos, explica que o objetivo é evitar que o acúmulo de cavaco no chão ocasione quedas. E ele tem entendimento no assunto. Funcionário da área de usinagem de uma indústria mecânica de Pinhais, Fernando já sentiu na pele o problema com os resíduos: “Perfurei as duas mãos com este tipo de cavaco quando caí”, conta.
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Outra proposta surgida no Ateliê está relacionada com o ruído produzido nas indústrias que fazem cortes de chapas metálicas em guilhotinas. Segundo os trabalhadores da área, as chapas cortadas caem diretamente umas sobre as outras, produzindo um barulho desagradável e alto.
Para se ter ideia do impacto a altura média da queda do material é de 80 centímetros. A solução encontrada pelos participantes para isso foi a criação de uma esteira acoplada à guilhotina. “A chapa é cortada e cai em cima da esteira, que transporta o material para perto do funcionário que vai retirá-la. Enquanto isso, outra peça já está sendo cortada e não cairá por cima da chapa anterior”, explica o técnico de Segurança no Trabalho da Brose do Brasil, Alexandre Kutz.
Os equipamentos propostos são viáveis e práticos, podendo ser facilmente aplicados em empresas de médio e pequeno porte. “As ideias são de fácil execução, resolvem o problema e são viáveis economicamente”, avalia o engenheiro de Segurança do Senai Paraná, Bruno Caruso Adad. Ele informa que cada proposta será apresentada e ficará disponível para as empresas do setor interessadas. “Isso será feito por meio do Sindimetal. O objetivo é que as ideias sejam pulverizadas”, completa, destacando que cada projeto pode ser facilmente adaptado a outros tipos de negócios da cadeia metalmecânica.
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Como é o caso do projeto de layout para indústrias metalmecânicas. A planta proposta por uma equipe do Ateliê resolveria problemas comuns à grande parte das empresas do setor. “Geralmente uma empresa que começa pequena e vai crescendo com o tempo, acaba se adaptando conforme o espaço que dispõe, sem pensar na disposição de equipamentos e fluxo de funcionários”, explica a estudante do curso técnico de Segurança no Trabalho, Gisele Martins Storrer.
A estudante e seus colegas de equipe montaram uma maquete que representa o ambiente ideal de uma empresa. O novo layout concentra áreas que contemplam riscos comuns como as de soldagem e de pintura. A medida faz com que os sistemas de circulação de ar especiais, por exemplo, sejam instalados apenas onde são necessários, além disso, evita que trabalhadores de outros setores sejam expostos a riscos específicos de outra área. “Essa planta tem os requisitos necessários para se começar uma empresa e também para adaptar uma que já existe”, ressalta Gisele.
O encerramento do Ateliê será nesta quinta-feira (13), às 17 horas, na sede do Sindimetal, em Curitiba. As propostas e maquetes serão apresentadas para empresários do Sindimetal e também para representantes do Sesi e do Senai.
Metodologia estrangeira – Essa metodologia do Ateliê foi desenvolvida na França. O método chegou ao Brasil por iniciativa do Sesi e Senai Paraná, que mantêm intercâmbio com a Universidade Tecnológica de Compiègne e Ministério do Emprego, do Trabalho e da Coesão Social da França. Os especialistas franceses Pierre-Henri Dejean e Jessy Pretto, além de profissionais da área de consultoria na área de segurança e saúde do Sesi e do Senai, conduziram as atividades.