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As causas da mortalidade materna são conhecidas. O desafio é realizar ações efetivas e contar com políticas públicas eficientes que garantam a saúde da gestante. A afirmação é de Eliana Carzino, presidente do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, que participou nesta sexta-feira (28), em Curitiba, do seminário “Direitos Sexuais Reprodutivos – Redução e Vigilância da Mortalidade Materna no Brasil e no Paraná”.
Organizado pela Rede Paranaense da Saúde da Gestante e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o seminário marcou o Dia Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna. A Rede foi criada em novembro de 2008, como iniciativa do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Movimento Nós Podemos Paraná, Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis) e Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna.
“Nos vinte anos de atuação do comitê, percebemos que 82,3% dos óbitos maternos podem ser evitados. É inadmissível que mulheres ainda morram por conta de abortos, hemorragias, pressão alta, complicações anestésicas e infecções”, afirmou Eliana, enfatizando a necessidade de profissionais qualificados e políticas que garantam o parto humanizado e o acompanhamento das gestantes.
Segundo o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, reduzir a mortalidade materna não é só um direito humanos, mas um imperativo de saúde pública. “Dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, o da mortalidade materna é o mais difícil de ser alcançado. Entretanto, percebemos que, a melhoria deste indicador está relacionada ao avanço de todos os outros indicadores relacionados à saúde”, observou, destacando o trabalho do Movimento Nós Podemos Paraná como articulador das ações em prol da saúde da gestante nos municípios paranaenses.
Dados do Orbis apontam que, apesar da melhoria nos últimos anos, apenas 77% da meta foi alcançada no Paraná em 19 anos (de 1990 a 2009), indicando que ainda há necessidade de um grande esforço para se alcançar a meta no prazo previsto.
Jacob Arkader, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), destacou que medidas simples e de baixo custo podem surtir efeitos gigantescos quando se trata da saúde da gestante. “O planejamento familiar, atendimento à gestante durante todo o período do pré-natal e pós parto, além da humanização do parto fazer a diferença”, disse.
Outro dado preocupante em relação aos óbitos maternos se refere à subnotificação. “Quase 60% dos óbitos maternos não são notificados como tal. A subnotificação dificulta a análise da real situação da gestante, pois é através dos indicadores de mortalidade que são definidas as políticas públicas e as áreas de maior intervenção”, observou Terezinha Mafioletti, da Sesa.