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A pesquisa de experiências internacionais comparadas executada pelo Observatório da Inovação da USP, patrocinada e recém publicada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), é uma rica fonte de inspiração, pois identifica os pontos essenciais das políticas de inovação praticadas pelos EUA, Canadá, França, Irlanda, Japão, Reino Unido e Finlândia.
As análises mostram que as empresas desses países estão no centro das atenções dos governos; há um forte debate sobre o papel das universidades para o desenvolvimento; existem novas formas de cooperação e diálogo entre os setores público e privado; o Estado desempenha papel relevante na elaboração e implementação de políticas de inovação; e há um forte investimento em educação básica, combinada à educação superior e pesquisa científica.
Essa divulgação chega num momento adequado, pois as propostas destinadas ao Brasil devem ser aproveitadas pelo novo governo que assumirá em 2011.
Os principais obstáculos à inovação no Brasil identificados são: a falta de coordenação entre ministérios e agências na implementação das políticas e dos instrumentos; baixo aproveitamento do poder de compra governamental; burocracia e lentidão na liberação de recursos; incerteza jurídica; desinformação; deficiência de gestão nas empresas e carência de empreendedores; e frágil relação das universidades com as empresas.
Entre as propostas para o Brasil merece atenção a recomendação de envolver cada vez mais as nossas lideranças empresariais nesse processo.
O estudo também propõe formar agentes de inovação; diferenciar a carga tributária para empresas inovadoras e aproximar as universidades das empresas.
No meu entendimento, no entanto, um destaque especial deve ser dado a três propostas. A primeira é a necessidade de montarmos um sistema de apoio às empresas na fase de pré-projeto, de modo a auxiliar as empresas a precisar seus diagnósticos e a formular projetos de maior qualidade.
A segunda é trabalharmos pela ampliação e pelo fortalecimento do mercado de venture capital em todas as suas formas e fases, criando inclusive um fundo nacional robusto para estimular o surgimento de novas empresas. E a terceira é usar o poder das compras governamentais como fonte para o avanço tecnológico e da inovação.
A relevância desse instrumento pode ser avaliada a partir das estimativas do valor das compras governamentais deste ano, que deve chegar a R$ 57 bilhões.
Os resultados do Observatório merecem ser divulgados no meio empresarial e junto a formadores de opinião.
Na próxima etapa, serão apresentados os modelos da China e da Índia, dois países com estratégias de desenvolvimento inovadoras e com os quais temos muito a aprender.
Por todas essas razões, esses pesquisadores devem continuar a “bem observar” o mundo para manter o nosso aprendizado atualizado.
Rodrigo da Rocha Loures é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República