Dramaturgas inglesas dialogam com jovens autores locais

Britânicas do Liverpool Everyman and Playhouse Theatre conduzem workshops e mesa-redonda com participantes do Núcleo de Dramaturgia Sesi Paraná

clique para ampliar clique para ampliarAs dramaturgas se entusiasmaram com a “energia” dos autores brasileiros e compartilharam suas experiências de trabalho (Foto: Mauro Frasson)

As diretoras Sue Dunderdale e Suzanne Bell e a autora Lizzie Nunnery, do Everyman and Playhouse Theatre, de Liverpool, na Inglaterra, estiveram em Curitiba na última sexta (26) e sábado (27) trocando experiências com os jovens autores participantes do Núcleo de Dramaturgia Sesi Paraná. As dramaturgas participaram de uma mesa-redonda aberta sobre o tema “Tradição e Ruptura no Teatro”, que contou ainda com a presença do dramaturgo brasileiro Roberto Alvim, e conduziram workshops sobre dramaturgia e direção aos participantes do Núcleo. O intercâmbio aconteceu a convite do British Council, parceiro do Sesi no Núcleo de Dramaturgia.

As dramaturgas se entusiasmaram com a “energia” dos autores brasileiros e compartilharam suas experiências de trabalho em um dos teatros que mais apoia o surgimento e desenvolvimento de novos dramaturgos no Reino Unido. “Estamos trazendo as maiores experiências de nosso trabalho como autores. E porque trabalhamos com novos autores é muito interessante descobrirmos o que as pessoas estão escrevendo e sobre o que elas estão escrevendo”, disse Sue Dunderdale. “É maravilhoso vir para cá ver não somente as diferenças do trabalho que autores estão fazendo no Brasil, mas as similiaridades, as discussões, os debates, os argumentos em comum vistos na Grã-Bretanha e no Brasil. O criar teatral tem as mesmas questões, sonhos e paixões em qualquer lugar”, contou a diretora Suzanne Bell, gerente literária e dramaturga do teatro inglês.

Em Liverpool, Suzanne criou e dirige um amplo programa de apoio ao desenvolvimento de novos talentos dramatúrgicos. “O teatro recebe cerca de 600 scripts por ano. E temos uma base de dados de 2 mil autores. Nosso programa recebe anualmente 10 autores para trabalhar seu desenvolvimento. Com isso, criamos uma concentração de talentos locais. O Everyman and Playhouse Theatre é como um lar para novos autores. Lutamos para que os jovens talentos sintam-se donos do teatro”, afirmou.

Na mesa-redonda, as dramaturgas contaram um pouco da história do teatro na Inglaterra e como a criação de ambientes para o surgimento e desenvolvimento de novos talentos  contribuiu para a criação de um cenário rico em novas ideias e número de produções. “A maior diferença entre os autores ingleses e brasileiros me parece que é que autores britânicos são bem ‘pé-no-chão’ e frequentemente apoiam seu trabalho no realismo e no naturalismo e muito do que fazemos como diretores é estimulá-los a ‘voar’. E no Brasil é o oposto: os autores parece que estão já ‘voando’, mas esqueceram do chão. Essa troca de ideias e diálogo é muito interessante”, disse Suzanne.

“O teatro é frequentemente visto como uma arte de diretor. Trouxemos esses workshops para desenvolver habilidades e a ideia de que os diretores podem trabalhar em parceria com autores”, afirmou Sue. “Gosto de oportunidades de conversar com outros autores. Meu papel é mais o de discutir processos, as dificuldades que encontrei, truques que aprendi para escrever mais e melhor. Uma diferença cultural é que escritores no Brasil sentem-se com menos poder para tomar controle da produção. Queremos mostrar que o autor pode se apoderar da encenação e estabelecer uma relação de colaboração com o diretor”, completou Lizzie.

No Brasil, as dramaturgas tiveram a oportunidade de assistir a montagens de companhias de teatro locais, incluindo a encenação em português de um texto de autoria de Lizzie Nunnery, chamado A Escuridão que nos Engole. As dramaturgas elogiaram bastante as atuações dos atores brasileiros. “Foi uma grande experiência. Muito útil para desenvolver o texto. É possível ver a forma da peça e sua musicalidade. Foi útil para ressaltar momentos rítmicos que não fucnionavam. E tivemos atores fantásticos paraticipando da encenação”, avaliou a autora.

Suzanne Bell apoiou a iniciativa do Sesi com a criação do Núcleo de Dramaturgia: “O que vocês estão fazendo é realmente bom em termos de desenvolver novos autores e dar-lhes espaço para que sintam que estão sendo ouvidos e tendo apoio. O desenvolvimento para diretores é extremamente vital, para que entendam a importância do dramaturgo”, afirmou.

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