Câmbio desfavorável preocupa setor de papel e celulose

Discussão com empresários ocorreu durante Fórum Setorial da Fiep. Concorrência chinesa e código florestal também foram debatidos

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) realizou nesta segunda-feira (16) o Fórum Setorial de Papel e Celulose. A iniciativa tem como objetivo reunir empresários e representantes sindicais para discutir os gargalos e oportunidades do setor.

O evento desta semana deu continuidade a um trabalho iniciado em 2009, quando foram realizados os primeiros fóruns setoriais. Na época, foram identificados os principais problemas do setor de papel e celulose e elencadas as medidas que deveriam ser encampadas pela Fiep, pelo poder público e pelos próprios empresários na solução destas questões. Naquela ocasião, as maiores preocupações dos empresários eram a falta de mão de obra e a expectativa de uma legislação adequada à produção, hoje debatida no escopo do Código Florestal.

Vale lembrar que o setor de papel e celulose tem grande relevância para a economia do Paraná. O Estado emprega hoje 14.391 pessoas em 313 estabelecimentos, sendo o segundo principal produtor de papel do país. Em 2010 este segmento foi responsável por 5% do PIB industrial paranaense, algo em torno de R$ 2,6 bilhões.

Para enfrentar a demanda de mão de obra, a Fiep promoveu a capacitação de profissionais em diversos níveis. Em Telêmaco Borba, principal pólo moveleiro do Estado, foi ofertado, através do Senai, um curso de 2.200 horas para formação de técnicos em papel e celulose. Também está em desenvolvimento um curso superior, com duração de três anos, de tecnólogo em celulose e papel, com previsão para o início de suas aulas em março de 2012.

Outras iniciativas são pontuais e itinerantes, como uma Van equipada com um simulador de extração de madeira, que vai até as empresas para capacitar seus colaboradores a trabalhar com este equipamento com segurança. Outra iniciativa móvel é um veículo equipado com um laboratório, capaz de realizar diversos testes químicos, além de reproduzir o processo de fabricação de papel.

A discussão sobre o novo Código Florestal Brasileiro, outra preocupação do setor de papel e celulose, também foi encaminhado pela Fiep. A entidade vem articulando a interlocução do setor produtivo com o Executivo e o Legislativo federal, de modo a levar as demandas dos empresários paranaenses para apreciação dos órgãos competentes. Na opinião do presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel), Rui Gerson Brandt, é preciso regionalizar o novo código, de modo que cada Estado proceda de forma diferenciada.

A regionalização da legislação ambiental é um dos pontos defendidos pela Fiep na discussão sobre a nova legislação. Em abril deste ano a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, esteve na Fiep, onde recebeu o posicionamento dos empresários do Estado sobre o código. Na ocasião ela atentou para a necessidade de se pensar futuramente num “código da silvicultura”, já que o a área não foi contemplada a contento na formatação do código florestal.

Novas demandas – Este ano, a principal dificuldade apresentada pelos representantes do setor de papel e celulose no Fórum Setorial foi a questão cambial. O alto valor do Real frente a outras moedas de circulação internacional vem prejudicando sistematicamente a competitividade dos produtos paranaenses. Na opinião do presidente do Sinpacel esta condição pode levar à desindustrialização do setor, uma vez que outros países, mais competitivos, importam celulose do Brasil e exportam papel a um preço inferior ao praticado pelas empresas locais.

Segundo Ricardo Batista, gerente de produção da Klabin, indústria localizada em Telêmaco Borba e considerada hoje a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do país, a possibilidade de reduzir seu ritmo de produção vem sendo cogitada como forma de impedir a exportação de alguns produtos que não estão trazendo a remuneração esperada.

A competição com os produtos originários da Ásia também preocupa os empresários paranaenses. Segundo relato do diretor industrial da Santa Maria Papel e Celulose, Luiz Tadeu, existe a prática de dumping por empresas de papel da Indonésia, que estariam trazendo para o Brasil produtos subsidiados, com preços bem abaixo daqueles praticados pelas empresas brasileiras.

Apesar das preocupações dos empresários o setor foi superavitário em 2010, com exportações de US$ 428 milhões contra importações de US$ 35 milhões.

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