A falta de educação profissional no Brasil e na maioria dos países do mundo é um dos principais problemas que fazem os jovens ter dificuldades para conseguir o primeiro emprego, segundo o diretor regional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na América Latina e Caribe, José Manuel Salazar-Xirinachs. Ele defendeu que o desenvolvimento dos países deve ser inclusivo e destacou o papel de instituições como o Senai na educação profissional, durante entrevista concedida nesta quinta-feira (4) na abertura da Conferência Internacional de Educação Profissional, realizada em Curitiba (PR).
Salazar participou do painel de abertura da conferência, com tema “Educação Profissional, Competitividade e Inovação”, que foi mediado pelo presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, e ainda teve a participação do diretor do Sesi e Senai Departamento Nacional, Rafael Lucchesi, e da pesquisadora especialista da OIT de Genebra (Suíça), Irmgard Nubler.
Para o diretor regional da OIT, se a formação profissional for baixa em relação à demanda e à necessidade dos jovens, a empregabilidade se torna baixa. Ele cita o fato de as taxas de desemprego entre os jovens ser três vezes maior do que as dos adultos, em quase todos os países. “Há outros obstáculos, mas um deles é que são os jovens que não foram beneficiados por uma educação dual, de uma educação no lugar de trabalho, e então se entra num círculo vicioso, porque os empregadores não os contratam porque os jovens nunca trabalharam em uma empresa e então não se faz a transição da escola para o mundo do trabalho”, comenta.
Ele destacou a atuação de instituições que incentivam a educação profissional na América Latina e no Caribe, dentre elas o Senai e o Sistema S como um todo. Salazar menciona que o Brasil tem liderado na América Latina, com seu potencial, o investimento em parques tecnológicos. “Há um grande respeito pelo Senai e pelo Sistema S e pelo que se tem feito no Brasil e o que se continua fazendo”, diz, sobre a participação das entidades nesse processo.
Desenvolvimento
Em geral, o desenvolvimento econômico, na opinião de Salazar, tem seguido uma agenda inovadora em três diretrizes para trazer bem-estar e garantir empregos de qualidade para a população: que o desenvolvimento seja duradouro, com metas para dez ou vinte anos; que seja inclusivo e que, dessa forma, proporcione mobilidade social, redução da pobreza e de desigualdades sociais; e que tenha sustentabilidade, com preocupação com a preservação do meio ambiente. “A grande riqueza dos países não está no subsolo, mas está nas pessoas. Isso equivale a uma revolução econômica e social”, afirma.
Sobre a crise econômica do Brasil e a desaceleração pela qual passam outros países da América Latina, o diretor regional da OIT cita um estudo que mostra os efeitos da desaceleração e retração no mercado de trabalho. “Claramente a desaceleração está impactando em um aumento da pobreza, no aumento da informalidade, na redução da qualidade de empregos. É fundamental encontrar as formas de recuperação”, acrescenta. Ele reforça, entretanto, que a principal característica da crise brasileira está em questões políticas e que o país possui potencial de desenvolvimento.
Evento
A Conferência Internacional de Educação Profissional, realizada em Curitiba (PR) e organizada pelo Senai no Paraná, reúne autoridades de vários países do mundo e busca realizar um intercâmbio e troca de experiências entre especialistas e profissionais. Participam palestrantes e conferencistas da América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia. Com início na quinta-feira (4), a conferência segue até o dia 12 de agosto na capital paranaense.
Serviço:
Conferência Internacional de Educação Profissional
Onde: Campus da Indústria – Avenida Comendador Araújo, 1341, Jardim Botânico, Curitiba (PR)
Quando: 4 a 12 de agosto
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