O 3º Segurança e Saúde em Foco, realizado nesta quinta-feira (15) no Campus da Indústria, reuniu um público expressivo no auditório Mario de Mari para debater um dos temas mais atuais da área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST): a inclusão dos Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho (FRPRT) na Norma Regulamentadora nº 01 (NR-01). O evento, promovido pelo Sesi Paraná, é uma referência na atualização técnica e estratégica do setor industrial e contou com a participação de especialistas nacionais, lideranças industriais e gestores de empresas de todo o estado.
A abertura foi realizada por Helio Bampi, vice-presidente da Fiep e conselheiro regional do Sesi, que representou o presidente Edson Vasconcelos. Em sua fala, Bampi destacou a importância de discutir o tema com profundidade e responsabilidade. “É realmente um grande avanço em nossa legislação, pela preocupação com os trabalhadores. Entretanto, precisamos ter cautela, pois este é um tema bastante amplo, e devemos definir muito bem o que acontece dentro dos portões de nossas indústrias, o que está fora delas — na sociedade, na família. O importante é que esses conceitos estejam muito bem definidos, porque também há a questão da interpretação jurídica”, afirmou.
Hugo Molina, superintendente do Sesi Paraná, ressaltou o papel estratégico da instituição no cuidado com os trabalhadores. “Os programas de saúde ocupacional deixaram de ser apenas um cumprimento legal e passaram a ser documentos vivos, impulsionados pelo cuidado genuíno com o bem-estar físico e mental do trabalhador”, afirmou. “Cuidar da saúde nas indústrias é cuidar da vida da indústria, e é isso que o Sesi faz com excelência. Ao protegermos as vidas nas indústrias, cuidamos também do desenvolvimento do Paraná, tornando-o um estado cada vez mais atrativo para novos empreendimentos.”
Robson Gravena, gerente executivo de Segurança, Saúde e Responsabilidade Social do Sesi Paraná, apresentou números que evidenciam a robustez da atuação do Sesi no setor. Em 2025, a instituição deve impactar cerca de 400 mil trabalhadores, com mais de 120 mil atendidos em programas de promoção da saúde. Além disso, são realizados mais de 500 mil exames ocupacionais por ano. Outro destaque é a campanha de vacinação contra a gripe, que leva o gesto vacinal diretamente às empresas — mais de 100 mil trabalhadores de 1.147 indústrias serão imunizados. “Falar de segurança, saúde e bem-estar no trabalho é, no fim das contas, falar de produtividade. O Sesi não vende soluções genéricas — ele entrega o que realmente é necessário para atender à norma com qualidade e responsabilidade”, destacou.
Entre os especialistas, a superintendente de Relações de Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sylvia Lorena, explicou que os FRPRT já estavam previstos na NR-17 e que sua inclusão na NR-01 não altera a forma de tratá-los, apenas reforça a necessidade de mapeamento. “A inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) só deve ocorrer se esses riscos forem devidamente investigados e identificados. Caso não sejam encontrados, não há necessidade de incluí-los no programa. E não há exigência legal de contratar uma nova categoria profissional para elaborar o PGR — o mesmo profissional capacitado pode continuar exercendo a função”, explicou. Ela também reforçou a importância de diferenciar os programas voluntários de promoção da saúde mental das obrigações normativas, destacando que ações como bem-estar e segurança psicológica são positivas, mas não substituem a avaliação exigida pelas NRs 01 e 17.
Ricardo Dantas Monteiro, médico do trabalho da CNI, apresentou a metodologia do Sesi para avaliação dos riscos psicossociais, com foco no estresse organizacional. O processo envolve escuta ativa da empresa e dos trabalhadores, aplicação do questionário internacional Job Stress Scale, checklist técnico de práticas preventivas e a avaliação técnica dos profissionais de SST. A metodologia está integrada às diretrizes da NR-01 e da NR-17, garantindo segurança jurídica e eficácia técnica.
Os resultados podem indicar a necessidade de Análise Ergonômica do Trabalho (AET), ações preventivas de âmbito da saúde mental e desdobramentos no PCMSO, como exames ocupacionais focados em saúde mental. “A existência de risco não significa, automaticamente, adoecimento. Nosso objetivo é oferecer uma ferramenta precisa, aplicável e alinhada às normas”, afirmou.
O evento também contou com palestra sobre inteligência emocional com Gustavo Arns e apresentação do programa Indústria Acolhedora, que conecta empresas e trabalhadores migrantes.