Soluções sustentáveis são destaque em evento do IST Meio Ambiente e Química

Evento reuniu especialistas e empresas para debater desafios e soluções em descarbonização, reúso de recursos e circularidade

O futuro da indústria passa, inevitavelmente, pela sustentabilidade. Essa foi a principal mensagem dos painéis promovidos no dia 6 de junho pelo Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente e Química, que reuniu especialistas e empresas para discutir temas como descarbonização, mercado de carbono, economia circular, reúso da água e metrologia ambiental. Com uma abordagem prática e acessível, os debates destacaram tanto os desafios como as oportunidades de colocar a sustentabilidade no centro da estratégia industrial.

No painel sobre descarbonização e mercado de carbono, a coordenadora do Instituto, Gleiciane Blanc, destacou que a recente legislação aprovada no Brasil é um marco importante. A norma exige monitoramento e ações de redução para empresas que emitem mais de 25 mil toneladas de CO₂ equivalente, criando um cenário regulatório mais exigente. Ainda assim, ela acredita que as maiores motivações para as indústrias aderirem à agenda climática vão além das obrigações legais. “A busca por financiamento, novos clientes e a exigência de sustentabilidade na cadeia de fornecedores têm sido fatores determinantes”, explicou.

Para o consultor do Senai de Santa Catarina, Mauricy Kawano, o evento reforçou o alinhamento das iniciativas locais com o que está sendo discutido nacionalmente. “Trabalhamos fortemente na criação de rotas de descarbonização industrial em Santa Catarina. As discussões de hoje trazem conhecimento técnico valioso que vamos compartilhar com a equipe”, afirmou.

Enxergar oportunidades

No campo da economia circular, o pesquisador Ricardo Morais ressaltou o papel do PLANEC – Plano Nacional de Economia Circular – como um divisor de águas. Segundo ele, o plano transforma intenções em diretrizes práticas, incentivando inovação e redesenho dos processos produtivos. “Muitas empresas já praticam circularidade sem perceber. O primeiro passo é olhar para dentro, identificar desperdícios e enxergar oportunidades de reuso, remanufatura ou logística reversa”, explicou.

A assistente técnica Giovana Giacomelli Guimarães, da Sustentables, destacou como o evento contribuiu para sua formação. “Entrei na área ambiental há um ano, e cada palestra é uma fonte de aprendizado. A que mais me impactou foi a sobre descarbonização. É um tema complexo, mas que vai se tornando mais claro a cada discussão”, comentou.

Tecnologia para decisões mais precisas

No painel sobre metrologia ambiental e controle da poluição, a coordenadora Ana Cristina Andrade abordou a importância das medições confiáveis para embasar decisões industriais. “A metrologia ambiental assegura que as medições de diversas matrizes ambientais como emissões atmosféricas, águas, solos e resíduos nos forneçam resultados confiáveis, comparáveis e rastreáveis. Isso garante que as decisões — desde ajustes operacionais até investimentos em tecnologias de controle da poluição — sejam baseadas em medições precisas e exatas”, explicou.

Entre os avanços tecnológicos mais relevantes nos últimos anos, ela destacou sensores de alta precisão com monitoramento contínuo, integração com sistemas digitais em nuvem, além de técnicas mais sensíveis e seletivas como espectrometria e cromatografia. O uso de sistemas portáteis de medição também ampliou a flexibilidade para ações em campo. “Esses avanços ampliam a capacidade de controle e reduzem a margem de erro nas medições”, completou.

Segundo Ana Cristina, garantir a confiabilidade e a auditabilidade dos dados passa por contar com laboratórios acreditados pela CGCRE/Inmetro, conforme a norma ISO/IEC 17025. “Essa acreditação atesta a competência técnica, infraestrutura adequada, pessoal qualificado e uso de métodos validados e rastreáveis”, reforçou.

Fechando os debates, o painel sobre reúso de água abordou as diretrizes da Resolução CERH nº 122/2023 e a importância de práticas hídricas mais eficientes. O pesquisador João Dagostin explicou que o reúso é uma estratégia essencial diante da escassez de recursos naturais. “A indústria precisa se adaptar para ser mais resiliente. Além de responsabilidade ambiental, isso é uma questão de competitividade. Países e blocos econômicos estão cobrando compromissos ambientais, e quem não se adequar poderá perder espaço no mercado”, alertou.

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