Biocarvão impulsiona agricultura sustentável e captura de carbono no solo

Solução sustentável melhora solos, reduz emissões e transforma descartes em ativos econômicos

Responsabilidade ambiental, inovação e sabedoria ancestral têm se unido para enfrentar um dos maiores desafios da atualidade: a redução das emissões de carbono. Um exemplo dessa convergência é o biocarvão, ou biochar — uma solução tecnológica com raízes milenares que tem ganhado protagonismo nas estratégias de descarbonização.

Produzido a partir da pirólise, processo de termodegradação de resíduos orgânicos em ambiente com pouco ou nenhum oxigênio, o biocarvão transforma materiais como resíduos agrícolas, restos de poda e até lodo de esgoto em um produto rico em carbono. Durante esse processo, o carbono presente na biomassa é fixado na estrutura do biocarvão, impedindo sua liberação na forma de CO₂, um dos principais gases do efeito estufa.

Apesar de parecer uma inovação recente, a técnica tem origens milenares. Povos indígenas da Amazônia, há mais de dois mil anos, já utilizavam práticas semelhantes na criação da chamada Terra Preta — um solo altamente fértil que permanece produtivo até hoje. Esse conhecimento ancestral inspirou a ciência moderna a redescobrir o potencial do biocarvão como aliado na regeneração de solos e no combate às mudanças climáticas.

Além de capturar carbono de forma permanente, o biocarvão oferece uma série de benefícios ambientais e sociais: melhora a retenção de água e nutrientes no solo, aumenta a produtividade agrícola, reduz o uso de insumos químicos e transforma resíduos em insumos valiosos. Suas aplicações vão da agricultura à geração de energia, passando pela indústria, reabilitação de solos degradados, adsorção de poluentes e geração de créditos de carbono.

Produção mais eficiente e sustentável

Na vanguarda desse movimento, o Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente e Química tem liderado iniciativas para ampliar e aprimorar a produção de biocarvão no Brasil. Por meio de consultorias técnicas, análises laboratoriais e desenvolvimento de processos, o Instituto atua para tornar a produção mais eficiente e sustentável. Um dos cases de destaque é a produção de biochar a partir  do caraço da azeitona, exemplo prático da aplicação da economia circular e da valorização de resíduos.

A atuação do Instituto contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como a promoção da agricultura sustentável (ODS 2), a inovação industrial (ODS 9), o consumo responsável (ODS 12) e a ação climática (ODS 13).

A adoção do biocarvão mostra que soluções sustentáveis não precisam excluir o conhecimento do passado — pelo contrário, podem ressignificá-lo com base na ciência e na inovação. É esse equilíbrio entre tradição e tecnologia que aponta para um futuro mais regenerativo e de baixo carbono.

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