Fiep analisa impactos da taxação imposta pelos EUA para a indústria paranaense

Em live realizada nesta terça (5), entidade ressaltou que apenas dois de seus dez produtos mais exportados para o mercado norte-americano ficaram isentos da taxação; setor madeireiro é o mais impactado no estado

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) apresentou nesta terça-feira (5), em uma live transmitida a empresários e lideranças industriais, um panorama detalhado sobre os impactos da tarifa de 50% que os Estados Unidos, que passam a ser aplicadas sobre uma série de produtos brasileiros a partir desta quarta (6). O estudo aponta efeitos diretos sobre a competitividade da indústria do Paraná, especialmente em setores com forte vocação exportadora.

A análise destaca que o Brasil passou a liderar o ranking de países com maior taxação média sobre produtos importados pelos Estados Unidos, à frente de nações como Suíça, Canadá e China. Um cenário que se torna ainda mais alarmante quando se comparam as tarifas definidas para outros países da América do Sul, como Chile e Colômbia, taxados em apenas 10%.

No caso do Paraná, cujas exportações aos EUA totalizaram quase US$ 1,6 bilhão em 2024, o novo percentual de 50% afeta oito dos dez principais produtos comercializados pelas empresas do estado ao mercado norte-americano. Foram incluídos nas isenções definidas pela administração dos EUA somente os setores de papel e celulose, responsável por US$ 53,8 milhões em exportações no ano passado, e de suco de laranja, que comercializou US$ 9,5 milhões.

Riscos para o setor madeireiro

Na indústria paranaense, a nova tarifa atinge com intensidade principalmente os produtos madeireiros, que representam quase 40% de tudo o que o estado exporta aos EUA. O setor movimentou, em 2024, mais de US$ 614 milhões em exportações para o mercado norte-americano, sendo que determinados segmentos chegam a destinar mais de 95% de suas produções para os Estados Unidos.

Com a aplicação da taxação, as empresas do setor madeireiro, que geram 38 mil empregos diretos no estado, podem sofrer uma queda brusca nas vendas externas. O impacto pode ser ainda maior para municípios específicos, como Bituruna, União da Vitória e Imbituva, entre outros, que possuem elevada dependência do setor madeireiro em termos de postos de trabalho.

“A taxação imposta pelos Estados Unidos, mesmo com exceções pontuais, atinge em cheio a competitividade da indústria paranaense — por isso, é essencial uma resposta firme do governo brasileiro.”, destacou o diretor da Fiep e coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais, Paulo Pupo. “Estamos aguardando com urgência medidas concretas do governo federal, inclusive negociações diretas, para minimizar os impactos da taxação e garantir a manutenção das exportações.”

Além da madeira, outros setores com destaque nas exportações paranaenses aos EUA também serão impactados. Entre eles, o metalmecânico (exportações de US$ 397 milhões em 2024), couro (US$ 47 milhões), cerâmica (US$ 33 milhões), móveis (US$ 14 milhões) e alimentos como café, mate e carne.

Mitigação dos efeitos

Durante a live, a Fiep reforçou também os pleitos que a entidade já apresentou aos governos estadual e federal para mitigar os efeitos que a medida do governo norte-americano já está causando sobre empresas paranaenses. Entre as demandas entregues ao Executivo do Paraná estão a criação de linhas de crédito emergenciais, postergação de financiamentos e liberação de créditos acumulados de ICMS. A administração estadual sinalizou positivamente em relação aos pedidos, inclusive já tendo adotado oficialmente algumas dessas medidas.

“A Fiep está mobilizada em várias frentes, com articulações diárias em Brasília e junto ao Governo do Paraná, para garantir medidas mitigadoras que reduzam os impactos diretos da taxação sobre a indústria paranaense”, informou o superintendente da Fiep, João Arthur Mohr. “Nosso presidente, Edson Vasconcelos, tem atuado intensamente em reuniões com a CNI e autoridades federais para buscar soluções rápidas e estratégicas, mesmo sabendo que se trata de um cenário complexo, que exige firmeza e persistência institucional”, concluiu.

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