

Representes da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e empresários paranaenses de segmentos afetados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros participaram, nesta segunda-feira (29), em Curitiba, de uma audiência pública na Assembleia Legislativa que debateu os impactos que a taxação vem causando sobre setor produtivo estadual. Na ocasião, o presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos, sugeriu a criação de um comitê de crise para avaliar permanentemente os impactos e medidas necessárias para socorrer as empresas e preservar empregos.
Vasconcelos ressaltou que, acima de tudo, é fundamental que o governo federal demonstre vontade política para abrir negociações efetivas que possam evitar o colapso de indústrias exportadoras, especialmente do setor madeireiro, o mais impactado no Paraná. “O problema político causou um problema técnico, e hoje nós temos um problema técnico grave nos Estados Unidos”, disse, referindo-se às investigações abertas por órgãos do governo norte-americano sobre práticas comerciais brasileiras, que podem resultar em tarifas permanentes sobre produtos nacionais.
Enquanto isso não acontece, o presidente do Sistema Fiep defendeu que seja criado um comitê de crise no Estado, que acompanhe especialmente o andamento das consequências do tarifaço sobre a indústria madeireira e busque alternativas para socorrer as empresas. “Esse paciente, que é o setor da madeira, não tem como deixar de ter um acompanhamento constante. É como quem está na UTI, se o médico não passar todo dia, ele vai morrer”, alertou. “Eu entendo a tese e a expectativa de que o governo federal vá se sentar com o governo dos Estados Unidos, mas isso não significa que sexta-feira o problema vai estar resolvido. Então, nós vamos precisar, de fato, criar um comitê de acompanhamento. Eu sei que esta Assembleia, com a sua competência e com os deputados que estão aqui, poderá nos ajudar com várias ideias”, acrescentou.
Demissões no setor

Além de Vasconcelos, outro orador da Fiep na audiência pública foi o diretor Paulo Roberto Pupo, que coordena o Conselho Temático de Negócios Internacionais e é também superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). Ele ressaltou que, somente nas empresas associadas à Abimci em todo o país, concentradas principalmente nos estados da região Sul, já foram registradas em torno de 4 mil demissões desde julho, sendo que outros 5,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas e 1,1 mil em layoff. Caso não haja solução na questão tarifária em breve, a estimativa é que mais 4,5 mil postos de trabalho sejam fechados nos próximos 60 dias no setor madeireiro. “O setor está na UTI, e as empresas que não estão na UTI, já estão internadas”, disse Pupo.
Ele afirmou que medidas emergenciais, como as já anunciadas pelos governos federal e estadual, são importantes para dar algum fôlego, mas a sobrevivência dessas empresas depende de uma negociação tarifária do governo brasileiro com os EUA para recolocar os produtos brasileiros em condições de competir no mercado norte-americano. “O Brasil tem a pior taxa (tarifária) nominal do mundo, então nós estamos fora do jogo (nos EUA). Se continuar isso, nós vamos ter um fator, que é o que mais nos preocupa, da substituição no mercado. O comprador norte-americano vai achar outro fornecedor e vamos perder o mix que nós tínhamos, que foi construído em 30 anos”, completou Pupo.
Além dele, o superintendente da Fiep, João Arthur Mohr, também fez uma apresentação durante a audiência pública mostrando os setores industriais mais afetados no Paraná. Ele destacou, em especial, justamente o setor madeireiro, que responde por quase 40% das exportações paranaenses para os EUA. Mohr ressaltou que esse segmento gera 38 mil empregos diretos, distribuídos em 266 municípios paranaenses. Algumas cidades, como Bituruna, União da Vitória, Imbituva e Guarapuava, entre outras, são mais afetadas por terem grande parte dos postos de trabalho nas indústrias locais concentrada justamente nesse setor.
O superintendente listou, ainda, outros segmentos paranaenses impactados pela redução das exportações aos EUA. Entre eles, o metalmecânico, de couro, cerâmica, móveis e alimentos como café, mate e carne. Na audiência, ele reforçou também os pleitos já feitos pela Fiep à Secretaria de Estado da Fazenda para socorrer indústrias afetadas, que incluem liberação de créditos de ICMS e criação de novas linhas de financiamento emergenciais.
Presenças
A audiência pública foi liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Curi. “Mesmo sendo uma demanda federal, a Assembleia do Paraná fez questão de reunir aqui agentes de fomento, secretário da Fazenda e representantes portuários para ouvir o setor e para entender o que o Estado pode fazer por esse setor que gera muitos empregos e renda”, disse. “É um momento de a gente reunir forças aqui no Paraná para ajudar principalmente o setor da madeira”, completou.
Também participaram da reunião o secretário de Estado da Fazenda, Norberto Ortigada, e os deputados estaduais Hussein Bakri, Luiz Fernando Guerra, Fabio Oliveira, Artagão Júnior, Anibelli Neto, Luiz Claudio Romanelli, Evandro Araújo e Márcia Huçulak, além do deputado federal Pedro Lupion, que preside a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Federal. Pela Fiep, estiveram presentes ainda os vice-presidentes Fabrício Antonio Moreira Neto e Roni Junior Marini e o diretor Edson Hideki Ono, além de presidentes de sindicatos empresariais e representantes de indústrias do setor da madeira.
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