UniSenai PR e MIT promovem imersão em IA para líderes industriais do Paraná

Evento promovido pelo UniSenai Business Global, em parceria com o MIT, mostrou aplicações práticas da tecnologia e reforçou o papel da liderança na transformação digital

Na última quinta-feira (2), a Sala Prospectiva do Campus da Indústria do Sistema Fiep recebeu a primeira etapa da “Imersão Executiva em Inteligência Artificial”, promovida pelo UniSenai Business Global em parceria com o MIT ILP e o MIT Startup Exchange. Executivos, diretores e presidentes de indústrias do Paraná participaram de uma experiência completa, que combinou palestras, workshop prático e painel de debate, proporcionando uma imersão na aplicação da IA à indústria e à tomada de decisões estratégicas.

A abertura do evento contou com a fala de Edson Vasconcelos, presidente do Sistema Fiep: “A inovação tecnológica não é mais uma opção, mas uma necessidade para a competitividade das indústrias. A IA está redefinindo processos, modelos de negócios e a própria forma de trabalhar.” Ele destacou que iniciativas como a imersão permitem que executivos conectem visão estratégica e tecnologia, transformando conhecimento em resultados concretos.

Para Fabiane Franciscone, diretora regional do Senai Paraná e reitora do UniSenai PR, a jornada fortalece a visão estratégica da liderança: “Essa experiência é fundamental para impulsionar a produtividade e a competitividade da indústria paranaense.”

Transformação digital como jornada contínua

Rafael Coimbra, editor executivo da MIT Technology Review Brasil, destacou um dado relevante: apenas 5% das empresas brasileiras que investiram em IA generativa tiveram retorno financeiro concreto, segundo levantamento do TEC.Institute em parceria com a MIT Technology Review Brasil. Para ele, as organizações que alcançam resultados positivos são aquelas que testam, aprendem e ajustam continuamente suas iniciativas, em vez de esperar pelo cenário ideal. Coimbra também abordou temas como a orquestração de agentes de IA e a IA espacial, reforçando que o avanço exige planejamento estratégico. “O maior erro é acreditar que a tecnologia, por si só, resolve problemas. A implementação de IA demanda visão estratégica, governança, limites claros, capacitação das equipes e um passo a passo estruturado. Só assim ela gera valor real.”

Carlos Aros, especialista da MIT Technology Review Brasil, ressaltou que a transformação digital é uma jornada contínua, sustentada por mentalidade, processos e gestão de dados. Para ele, a inteligência artificial representa uma fronteira de otimização, mas seu impacto depende da liderança: “Essa revolução precisa ser conduzida de cima para baixo. Digital é cultura e pessoas; a tecnologia é apenas o último elemento.”

No painel, foram apresentados dados que reforçam essa tendência. De acordo com a CNI, 74% dos investimentos das grandes indústrias em 2024 foram destinados à inovação tecnológica, e 35% priorizaram sensores, servidores, digitalização e telecomunicações. Já o IBGE aponta que 89% das empresas utilizam ao menos uma tecnologia digital avançada e que a IA foi a tecnologia que mais cresceu na indústria, passando de 16% em 2022 para 42% em 2024. Aros também trouxe cases nacionais e internacionais, destacando a importância do uso correto dos dados para gerar insights estratégicos e apoiar decisões de negócio.

Experiência na prática 

No workshop “IA na prática para decisões ágeis e seguras”, Jefferson Lobo, gerente executivo de marketing do Sistema Fiep, conduziu uma imersão prática destacando as etapas para implementar a tecnologia nas empresas, apresentou exemplos de prompts e ensinou os participantes a criarem um agente de IA com foco lean, trazendo insights valiosos para a indústria. Ele explicou que a ideia do projeto surgiu justamente para mostrar, desde a formatação da própria imersão, que a adoção da IA precisa começar pelo board. “Ao impactar conselhos e executivos, mostramos que a tecnologia é acessível e pode ser aplicada em diferentes camadas. Conscientizar lideranças cria um efeito multiplicador: elas provocam equipes, revisitam processos e transformam estratégia em prática.”

Mauricio Cine, diretor executivo da Cine Bebidas, destacou que a inteligência artificial já faz parte do cotidiano das empresas e começa a ganhar espaço também na sua organização. “Estamos em um processo inicial de implantação, ainda embrionário, mas vemos a IA como o futuro dos processos e da gestão interna. O que mais me marcou foi compreender a importância dos primeiros passos, especialmente em planejamento estratégico, governança e formação de pessoas. Experiências como esta aceleram a jornada das empresas e fortalecem toda a cadeia de fornecedores e clientes.”

Já Elizabete Ardigo, sócia-proprietária da B2 Brindes e presidente do SIVALE, destacou a aplicabilidade prática do aprendizado.“A IA já está presente no nosso dia a dia e vem para nos auxiliar, trazendo ganhos de produtividade. A explicação do Lobo sobre como montar um agente de IA, com exemplos da indústria de confecção, me fez enxergar aplicações diversas, desde organização de ordens de produção até análises de tempo e métodos, tudo incorporável ao dia a dia, gerando eficiência e produtividade.”

Próxima etapa

A próxima etapa da imersão levará os executivos a Boston, com visitas ao MIT, à Boston Dynamics e a outras empresas, além de debates sobre ética, cibersegurança e governança em IA. Fabiane Franciscone reforçou que a iniciativa busca integrar líderes industriais do Paraná, promovendo aprendizado estratégico e prático. “O grande objetivo é transformar esse conhecimento em ação dentro das nossas indústrias, ampliando produtividade, competitividade e acelerando a transformação digital do setor”, afirmou.

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