
No Paraná, a inovação é o motor que impulsiona o desenvolvimento industrial e posiciona o estado na vanguarda da tecnologia. Transformar pesquisa aplicada em soluções concretas é decisivo para a competitividade, e o estado se destaca por conectar empresas, universidades e centros de pesquisa em iniciativas que redefinem a mobilidade elétrica e o armazenamento de energia no Brasil. Às vésperas do Dia Nacional da Inovação, celebrado em 19 de outubro, o Paraná reafirma seu protagonismo com projetos estruturantes que já apresentam resultados tangíveis e estabelecem bases sólidas para a indústria do futuro.

Baterias de íons-lítio
O Projeto Estruturante de Baterias de Íons-Lítio, conduzido pelo Senai Paraná por meio do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI Eletroquímica), avançou significativamente com o 1º Stage Gate realizado em 1º de outubro. O encontro reuniu representantes de 27 empresas e instituições parceiras do setor automotivo e energético, incluindo Petrobras, Stellantis, Volkswagen, GM, WEG, Tupy, CBA e CNH. Durante o evento, foram apresentados resultados, discutidos desafios e definidas estratégias para a produção semi-industrial de células de baterias no país.
O projeto contempla células prismáticas e cilíndricas, com grande parte do desenvolvimento já realizada em escala reduzida na planta de pesquisa e desenvolvimento. A chegada dos equipamentos, prevista entre o final de 2025 e início de 2026, permitirá a instalação da planta e da sala seca, ambiente essencial para controlar a umidade. A operação plena da planta deve iniciar após o comissionamento em 2026, com expectativa de domínio completo dos processos semi-industriais até meados de 2027.
O projeto é um esforço colaborativo sem precedentes na cadeia nacional de baterias, consolidando a capacidade do Brasil de integrar pesquisa, desenvolvimento industrial e mercado, criando bases sólidas para inovação e competitividade internacional. Entre os resultados já obtidos, destacam-se a aquisição de matérias-primas e células comerciais para referência em ensaios de caracterização, além da produção dos primeiros protótipos nacionais de células prismáticas, com capacidades de 25Ah a 100Ah, atingindo maturidade tecnológica TRL 5.
Paralelamente, foram definidos parâmetros críticos de formulação de eletrodos, processos de calandragem, injeção de eletrólito e aging, essenciais para a consistência e segurança nos ciclos de carga e descarga. A infraestrutura também avança: a construção da planta semi-industrial está em andamento, incluindo a instalação da sala seca. A linha de produção foi projetada e os equipamentos estão em fabricação, com chegada prevista em janeiro de 2026. A consultoria internacional do Fraunhofer ICT, responsável pela Análise de Ciclo de Vida segundo padrões ISO, reforça a aderência global a critérios de sustentabilidade.
O acompanhamento estratégico e financeiro permite avaliar metas e ajustar rotas, garantindo que o Brasil avance de forma estruturada, fortalecendo equipes e fornecedores e preparando a transição do laboratório para o ambiente pré-industrial. Entre os próximos passos estão a instalação da sala seca e dos equipamentos semi-industriais, novos ciclos de testes de desempenho, análises de impacto ambiental e econômico, além de workshops e visitas técnicas com empresas parceiras. O objetivo é alcançar TRL/MRL 7 e consolidar a produção nacional de células de baterias de íons-lítio, ampliando a capacidade tecnológica do país.
Carregadores veiculares
Outro projeto estruturante liderado pelo ISI Eletroquímica avança na mobilidade elétrica com a Plataforma de Interoperabilidade de Carregadores Veiculares.A iniciativa busca criar protocolos técnicos, certificações e um banco nacional de dados até 2028, eliminando barreiras técnicas e garantindo que veículos de diferentes fabricantes recarreguem de forma integrada em todo o território nacional.
Coordenado pelo Senai Nacional e pela FUNDEP, o projeto envolve quatro institutos: ISI Eletroquímica, Instituto Eldorado, Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados e Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação. A aliança industrial reúne 28 empresas, incluindo Stellantis, Volvo, Nissan, Mercedes-Benz e Caio.
A iniciativa promove soluções coletivas que fortalecem toda a cadeia de recarga veicular, integrando desde a geração de energia até o usuário final, garantindo solidez, qualidade e segurança no abastecimento. Entre as ações previstas estão a criação de infraestrutura nacional de testes em corrente alternada (AC) e contínua (DC), capacitação de profissionais, estabelecimento de banco de dados e suporte à regulamentação futura.
A padronização e a interoperabilidade aceleram a chegada de novos modelos ao país, assegurando desempenho confiável para os consumidores. A tropicalização das soluções é outro aspecto estratégico, garantindo que os equipamentos funcionem plenamente nas condições e demandas locais.
Com investimento superior a R$ 28 milhões, o projeto consolida o Paraná como polo de mobilidade elétrica, fortalecendo a transição energética e trazendo benefícios diretos para a indústria e a sociedade. É o segundo projeto estruturante iniciado em menos de 12 meses no estado, evidenciando a capacidade do Paraná de conectar pesquisa, inovação e indústria de forma estratégica.
Integração com o futuro
Os dois projetos estruturantes — baterias de íons-lítio e interoperabilidade de carregadores — refletem a maturidade do ecossistema industrial do Paraná. A integração entre pesquisa aplicada, desenvolvimento industrial e parcerias estratégicas cria condições para acelerar a eletrificação da frota, promover sustentabilidade e fortalecer a competitividade internacional.
Investimentos, geração de conhecimento e intercâmbio internacional com centros como Fraunhofer ICT, ZSW, KIT, além de instituições na China e Argentina, ampliam a capacidade de benchmarking e consolidam práticas de excelência tecnológica.
A experiência demonstra que colaboração e visão estratégica são fundamentais para transformar ideias em soluções concretas. O protagonismo do Brasil na cadeia de baterias e na mobilidade elétrica depende da capacidade de unir empresas, pesquisadores e governo em torno de objetivos claros e de longo prazo.
À medida que os próximos ciclos de testes avançados e a produção semi-industrial ganham ritmo, o Paraná se consolida como referência nacional em inovação tecnológica. A combinação de investimentos, infraestrutura, desenvolvimento de protótipos e padronização de processos cria condições para que o Brasil não apenas acompanhe tendências globais, mas se torne protagonista no setor de energia e mobilidade elétrica.