
Ao insistir no aumento de impostos como solução para o desequilíbrio das contas públicas, o governo transfere sua ineficiência para as empresas, compromete o crescimento econômico e impõe custos diretos à população.
A decisão do governo de recorrer novamente ao aumento da carga tributária para tentar equilibrar as contas públicas aprofunda um erro conhecido e recorrente. Em vez de enfrentar o problema estrutural do gasto público, opta-se por penalizar quem investe, emprega e sustenta a economia real.
A Lei Complementar nº 128/2025 deixa isso evidente. Ao tratar o lucro presumido como se fosse um benefício fiscal, cria-se uma justificativa formal para elevar impostos na prática. Para empresas com faturamento acima de R$ 5 milhões, o efeito é imediato: menos margem, menos previsibilidade e maior risco nas decisões de negócio.
Quem está à frente de uma empresa sabe como essa conta fecha.
Quando o imposto sobe, o investimento é reavaliado, a expansão é adiada e a contratação fica em espera. Não se trata de discurso, mas de gestão responsável diante de um ambiente cada vez mais oneroso.
O impacto é ainda mais grave porque quase metade do peso dessa medida recai sobre a indústria. É a indústria que investe no longo prazo, sustenta cadeias produtivas, gera empregos formais e paga melhores salários. Retirar recursos desse setor significa reduzir a capacidade de crescimento da economia como um todo.
O aumento da tributação sobre os Juros sobre Capital Próprio segue a mesma lógica equivocada. Recursos que deveriam fortalecer o caixa das empresas e viabilizar novos investimentos passam a ser absorvidos pelo Estado, enfraquecendo a competitividade e limitando a expansão dos negócios.
A elevação da carga também alcança o Simples Nacional, afetando pequenas e médias empresas. São negócios com margens estreitas, grande impacto regional e papel fundamental na geração de empregos. O resultado tende a ser menos formalização, menos crescimento e maior dificuldade para manter postos de trabalho.
Essas decisões não ficam restritas ao ambiente empresarial. Elas chegam diretamente à população. O aumento do custo de produção pressiona preços, reduz o poder de compra das famílias e desacelera a atividade econômica. O que começa como uma decisão fiscal termina no bolso do consumidor.
Preocupa ainda o avanço de propostas que reduzem a jornada de trabalho sem qualquer adequação econômica ou análise de produtividade. O efeito combinado é conhecido: mais custo por trabalhador, menor competitividade e menos capacidade de contratar.
A Fiep defende responsabilidade fiscal, mas responsabilidade fiscal não se constrói enfraquecendo quem produz. Ajustar as contas públicas exige eficiência, gestão e coragem para enfrentar o debate da reforma administrativa.
Persistir no aumento de impostos como solução automática é escolher um caminho curto e ineficaz. O Brasil precisa interromper essa lógica.
Quem paga essa conta é toda a sociedade, um preço caro que acaba servido à mesa de todas as famílias brasileiras, principalmente das que mais precisam.
Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP