Recentemente, o Senai Paraná, por meio do Instituto Senai de Tecnologia em Produtividade, deu início à oitava chamada do programa Mover Hands On, uma das mais importantes iniciativas de transformação digital e aumento de produtividade voltadas à cadeia de fornecedores automotivo. Realizado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, o evento marcou o ponto de partida para um novo ciclo de consultorias que vão atender 35 indústrias paranaenses com soluções práticas em Lean Manufacturing e Digitalização Industrial.
A força de um programa que transforma
O Hands On é uma categoria estratégico vinculado ao Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), coordenado pelo Senai Nacional. O Mover visa a descarbonização da indústria automotiva, o incentivo à inovação e a melhoria da eficiência produtiva. E na categoria Hands On, o programa procura acelerar a produtividade das indústrias por meio da aplicação prática de ferramentas da Indústria 4.0, desmistificando o uso de tecnologias que antes pareciam restritas a grandes corporações.
O programa oferece até 600 horas de consultoria personalizada com duração de oito meses. Além de promover ganhos diretos de competitividade, a meta é elevar em mais de 20% a produtividade industrial, sendo ao menos 10% desses resultados alcançados por meio de ações de digitalização e automação.
Durante a abertura, o gerente do Instituto Senai de Tecnologia em Produtividade, Almir Joaquim, destacou a relevância da categoria Hands On no âmbito do Programa Mover. “Hoje realizamos o kick-off do programa Mover Hands-On, um programa com 35 indústrias que estão iniciando essa oitava chamada. O Hands-On integra o Programa Mover, que é o Programa de Mobilidade Verde e Inovação, coordenado por cinco grandes instituições. Essa categoria do Hands-On é coordenada pelo Senai Nacional. Aqui no Paraná, essas 35 indústrias estão iniciando a execução tanto das consultorias em Lean quanto em digitalização, que serão conduzidas e executadas pelo Instituto Senai de Tecnologia em Produtividade”, afirmou.
A programação também contou com as participações de Fabiano Hainosz, gerente sênior de Tecnologia e Inovação do Senai Paraná; Diego Costa, coordenador de Inovação da Abipeças/Sindipeças; e Patrícia Martins, gerente de Operações de Inovação e Tecnologia do Senai Nacional. O evento apresentou ainda os resultados das edições anteriores do programa — que já alcançaram 27,8% de ganho médio de produtividade, R$ 12,9 milhões de retorno anual, e o monitoramento em tempo real de 58 máquinas no estado.
Resultados que inspiram novas jornadas
Um dos pontos altos do evento foi a mesa-redonda com cases de sucesso de empresas que participaram das chamadas anteriores. Entre os exemplos, estão o Grupo ACA (Ar Condicionado Automotivo e Transformadora), a Taco-Ar Sistemas Automotivos e a Super Air Usinagem, que compartilharam experiências sobre os impactos do programa em suas operações.
As colaboradoras Gabriela Dumke, gerente de qualidade, e Thaysa Dumke, gerente de compras do Grupo ACA, destacaram como o programa ajudou a eliminar gargalos produtivos e disseminar uma cultura de melhoria contínua.
“Participamos do programa nas etapas de solda, corte de tecidos e fabricação de bancos. Durante o processo, identificamos que os maiores gargalos estavam justamente no corte e dobra de tubos e na parte da solda. Com o apoio dos consultores, tivemos acesso a várias ideias e soluções trazidas pela experiência deles. Uma das iniciativas, por exemplo, permitiu reduzir o uso de gases e eliminar operações desnecessárias de movimentação. Também conquistamos um aumento de 67% na produtividade e uma redução significativa no tempo de setup — chegando a uma melhoria de 57%”, relatou Gabriela.
“Participamos do programa em duas frentes e foi interessante perceber como o programa é flexível, conseguindo atuar em linhas de produção com características bem diferentes. Hoje, mesmo sem o acompanhamento direto do Senai, seguimos aplicando os ensinamentos do programa e continuamos colhendo resultados positivos. Se eu pudesse deixar uma mensagem para as novas empresas que vão participar dessa próxima edição, seria: participem. Vale muito a pena”, completou Thaysa.
Quando a inovação encontra o chão de fábrica
Outra experiência de destaque foi a da Taco-Ar Sistemas Automotivos e Super Air Usinagem, apresentada por Juliana Flores, diretora administrativa da empresa.
“O Programa Hands On trouxe um ganho muito significativo para a nossa empresa, especialmente nas etapas de separação de pedidos e controle de produção. Com o sistema MES, conseguimos mensurar diariamente o OEE das máquinas em tempo real. Tivemos também um case diferenciado, que foi a instalação do MES dentro do setor de logística. Hoje, consigo acompanhar em tempo real todo o processo — desde a entrada até a saída dos pedidos — e identificar rapidamente os fatores que impactam nas paradas e na separação. Isso gerou um aumento de 17% na eficiência dessa etapa, sem necessidade de demissões”, destacou.
Juliana ainda reforçou o impacto cultural do programa dentro da organização: “Implementar uma nova cultura de controle de processos é sempre um desafio — especialmente no início, quando há resistência por parte dos colaboradores. Mas, à medida que todos percebem os resultados e entendem os ganhos que isso traz para a empresa, a motivação cresce. O Senai tem um papel fundamental nesse processo: o de fortalecer a indústria brasileira”, concluiu.
Expectativas para a nova turma
As empresas que ingressam na oitava chamada iniciam uma jornada de aprendizado e transformação. Entre elas estão a Perkins Motores do Brasil, representada por seu diretor Rodrigo Chibior, e a Bremarc Sul Indústria Limitada, de José Lamir — ambas com grandes expectativas em relação aos resultados.
“O que nos motivou a participar do programa Mover, em parceria com o Senai, foi justamente a busca pela evolução contínua dos nossos programas de produtividade e pela disseminação da cultura Lean dentro da nossa organização. Participar desse projeto é uma oportunidade de estarmos mais próximos da indústria nacional e enxergar novas oportunidades de melhoria dentro da nossa unidade. Acreditamos que o programa Mover será fundamental nesse processo”, afirmou Rodrigo Chibior, da Perkins Motores do Brasil.
Já José Lamir, diretor-presidente da Bremarc Sul Indústria Limitada, reforçou a importância do programa para o avanço tecnológico da empresa.
“Nós somos fabricantes de perfilados de aço para automóveis e fornecedores da Stellantis, da Renault e de outras empresas do setor automotivo. Agora, sentimos a necessidade de dar um passo adiante, principalmente no que diz respeito à produtividade e automação dos nossos processos. Com essa parceria, esperamos conquistar ganhos reais de produtividade, evoluir como empresa, desenvolver ainda mais nossa equipe e, sobretudo, nos preparar para o futuro”, destacou.
O evento foi encerrado com a apresentação dos próximos passos do programa, que incluirão consultorias presenciais e acompanhamento contínuo dos especialistas do Instituto Senai de Tecnologia em Produtividade. A expectativa é que, até o próximo ciclo, novas empresas possam integrar a rede de indústrias paranaenses que estão moldando o futuro da manufatura enxuta e transformação digital.