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O Senai é um dos destaques da Bienal Brasileira de Design, que está acontecendo de 14 de setembro a 31 de outubro de 2010, em Curitiba. Três projetos foram selecionados pela curadoria da exposição – o vestido de noiva que vira um puff decorativo, de autoria do designer do Senai Paraíba; um aparador com formato de jacaré, do Senai do Acre, e um novo processo para curtir couro do peixe Pescada Amarela, do departamento regional da entidade no Maranhão.
“É a primeira vez que participamos da Bienal e é muito importante termos sido selecionados para a mostra”, diz Alessandro São Pedro Grupp, designer do Senai Acre. Ele é o autor do aparador “Y’acaré” (jacaré, em tupi), uma peça de 1,20m de comprimento por 0,90m de altura, totalmente desmontável, unida por apenas dois parafusos.
Produzida em madeiras nativas (amarelão e ipê), a peça, que está no Cietep, ressalta o regionalismo ao lembrar o formato de um jacaré. Segundo Alessandro, a sustentabilidade está presente no manejo florestal pelo qual se obtém a matéria-prima, no uso mínimo de parafusos, na facilidade da produção e na possibilidade de embalar e transportar a peça desmontada, de maneira prática.
“É gratificante ser professor do Senai, que trabalha com um programa dessa envergadura, difundindo conceitos de sustentabilidade, inovação tecnológica, responsabilidade social e ambiental”, disse Ângelo Rafael, designer do Centro de Tecnologia do Couro e Calçado do Senai Paraíba.
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O projeto de Rafael na Bienal, exposto no Cietep, demonstra como “reaproveitar” o vestido de noiva. Confeccionado em algodão colorido natural, o vestido não ficará esquecido no armário após a cerimônia de casamento. A parte de cima vira outro vestido. A saia bordada se transforma em um puff decorativo.
Segundo ele, o produto inteiro é sustentável. A estrutura do puff é produzida com madeira descartada das marcenarias. A base é feita com couro curtido ao vegetal, ou seja, com o uso de taninos naturais. O estofamento é de espuma reaproveitada.
Por meio desse projeto, ele também apóia uma cooperativa de produção e confecção do algodão colorido na Paraíba. Resultado de aperfeiçoamento genético desenvolvido pela Embrapa, o algodão colorido não perde a cor natural e é antialérgico. “Essas características fazem com que o produto esteja sendo bastante usado na confecção de roupas de bebê na Europa”, explica Rafael.
Jacirene França de Souza, instrutora da área de Vestuário do Senai de São Luis do Maranhão, usou sua formação em biologia e seus conhecimentos em arte e design para criar seu projeto inovador. O “Curtimento de Pele de Pescada Amarela em Tanquinho de Lavar”, substituiu o uso do fulão (equipamento caro, tradicionalmente usado para esse processo) e ainda contribui para minimizar um problema ambiental. O projeto está exposto no Museu Oscar Niemeyer.
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Cerca de uma tonelada de peles de pescada amarela eram descartadas no Mercado do Peixe, por mês. O curtimento reaproveita esse descarte, que polui o ambiente e causa mau cheiro, transformando-o em matéria-prima para novos produtos. Segundo Jacirene, o curtimento de pele de peixe já existe e é feito com tilápia. “No processo que desenvolvi, a novidade é o uso do tanquinho” contou Jacirene.
Partindo de outras pesquisas, a instrutora do Senai complementou seu projeto, substituindo alguns processos químicos usados para curtir a pele, em outros menos nocivos ao meio ambiente. O passo seguinte foi sensibilizar a população do local. “O projeto está voltado às comunidades pesqueiras, que podem obter duas fontes de renda: comercializando pele in natura e pele curtida, além de escamas e otólitos (osso da cabeça) para fabricação de acessórios, e bexiga natatória do peixe, que é usada em cosméticos e fios cirúrgicos”.
As vantagens da pele de pescada amarela em relação à pele de tilápia, segundo ela, são muitas: não precisa de criadouro; é um peixe de grande porte (um couro de pescada amarela equivale a 10 couros de tilápia); a pele é mais resistente e mais atraente.