Rocha Loures pede a Lula mudanças na políticia econômica

O presidente da Fiep entregou documento ao presidente da República com propostas de mudança na condução da economia

Um discurso contundente marcou o pronunciamento do presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, no encerramento do Fórum Futuro 10 Paraná, na noite da última quarta-feira (30), em Curitiba. Loures pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presente ao evento, mudanças no sistema de gestão da política econômica. “Não propomos gastanças. O que buscamos é uma estratégia coerente que substitua a orgia dos juros elevados por uma governança mais correta da política econômica”, afirmou.

Para o presidente da Fiep, a atual taxa de juros valoriza demasiadamente o real e “transforma em pó as oportunidades de exportação”. “A atual política econômica brasileira equivale a um indesejado programa de desindustrialização”, disse. Segundo ele, por conta deste cenário, as indústrias estão desistindo de seus planos de investimento. “Não se trata de afirmar que está tudo errado. Trata-se, sim, de reformular algumas políticas e de adotar outras, cuja ausência nos tem conduzido a este recorrente e pífio desempenho econômico”.

“Vossa Excelência sabe que recebeu uma herança maldita dos governos que o antecederam. Mas não é crível que, tendo a inteligência, possa lhe faltar a coragem de alterar as mesmas políticas que continuam infelicitando a vida da população brasileira”, continuou o presidente da Fiep. “A fórmula mais adequada para combater as pressões inflacionárias é o investimento em inovação”, disse Rocha Loures, afirmando ainda que ampliar a capacidade produtiva é o antídoto contra elevações de preços pelo aumento da demanda.

Em seu discurso, o presidente da Fiep disse que ainda há tempo para a modernização institucional do país, em especial nos campos político, tributário, trabalhista e previdenciário. Para isso, ele propôs a convocação de uma Constituinte Revisional.

Loures também afirmou que nunca deixou de reconhecer os esforços realizados e os avanços obtidos no controle da inflação e na estabilização da dívida. “Estas e outras medidas de disciplina fiscal estão resultando em uma retomada da confiança e na redução do risco-país, do ponto de vista dos aplicadores financeiros”, disse. “Mas, como esta política não remove qualquer dos obstáculos à expansão da capacidade produtiva de maior valor agregado, está condenando o país ao atraso em uma perspectiva histórica”.

As propostas destacadas por Loures constam do documento entregue por ele ao presidente Lula ao final do evento. As colocações do presidente da Fiep, contudo, provocaram reação por parte do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também presente ao encontro, e do presidente Lula. Os dois fizeram uma ampla defesa da condução da política econômica, mas reconheceram que a taxa de juros é realmente elevada no Brasil.

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