Vendas da indústria caem e comprometem futuros investimentos

Em outubro, o faturamento do setor industrial recuou 2,5%, em função da redução da atividade em onze dos dezoito gêneros pesquisados pelo Departamento Econômico da Fiep

O resultado das vendas da indústria paranaense caiu 2,5% em outubro, na comparação com o mês anterior. Com isso, o faturamento do setor acumula queda de 1,98% no ano, ante os dez primeiros meses de 2004. Apesar da redução dos negócios ser sazonal e esperada, em função da venda antecipada para as festas de fim de ano, o cenário preocupa os empresários. “O que vemos é reflexo da política econômica. A opção pelo juro alto, que impacta a taxa de câmbio, prejudica o desempenho da indústria. O faturamento negativo vai afetar diretamente a capacidade de investimento das nossas empresas paranaenses em 2006”, adverte o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures.

Segundo a pesquisa Análise Conjuntural, elaborada pelo Departamento Econômico da Fiep, apenas seis segmentos industriais (Produtos Farmacêuticos e Veterinários; Material de Transportes; Papel e Papelão; Perfumaria, Sabões e Velas; Material Elétrico e de Comunicações e Químico) tiveram resultados positivos no acumulado do ano. Outros 12 apresentaram desempenho negativo em comparação com o ano passado.

Para o economista Maurílio Schmitt, da Fiep, outro entrave para o setor produtivo é a política tributária. “A arrecadação está apenas cobrindo rombo e a União passa a ser cada dia mais cara para a sociedade. Infelizmente, o cenário político futuro indica ser inviável qualquer mudança estrutural, como as reformas tributária e política ou o aprofundamento das mudanças na previdência e na gestão administrativa do governo federal”, avalia. Schmitt destaca que esta política econômica refletirá no crescimento futuro do País, porque a União deixou de realizar importantes investimentos na melhoria da infra-estrutura, serviços de saúde, educação e segurança.

Desempenho – A queda no faturamento em outubro foi influenciada pela retração do mercado interno e pela taxa cambial desfavorável, que prejudicou os ganhos com as exportações. Naquele mês, o resultado dos negócios dentro do Estado recuou 3,46% e 0,86%, no Brasil. As exportações apresentaram recuperação de 3,33%, em relação a setembro, mês em que as vendas ao exterior caíram 19,56%.

No acumulado do ano, as vendas estão 3,46% menores dentro do Paraná e 3,40% dentro do País, em comparação com mesmo período de 2004. Já o faturamento com as exportações teve alta de 5,15%, ainda que este percentual venha diminuindo a cada pesquisa.

Os economistas da Fiep apontam que setores importantes da economia paranaense também diminuíram o ritmo de crescimento, em alguns casos tendo desempenhos negativos. Em outubro, o setor de Alimentos, que representa 34% do PIB da indústria estadual, teve queda de 0,38%, sendo que no mês anterior havia recuado mais de 15%.

O mesmo aconteceu com o setor de Material de Transporte, que responde por 17% do PIB industrial. O segmento teve queda 3,69%, em função da baixa nas vendas de automóveis no mercado interno. “Até o fim do ano, a tendência é de nova queda, por começar o período de entressafra do setor industrial, que só recupera o ritmo em fevereiro”, analisa Maurílio Schmitt.

Apesar de ser o setor cujo faturamento mais caiu no ano, o segmento de Couros, Peles e Produtos Similares conseguiu crescer em outubro, seguido de Perfumaria, Sabões e Velas e Têxtil. Já as maiores quedas aconteceram nas áreas de Editorial e Gráfica, Material Elétrico e de Comunicações e Química. (Ver gráfico).

Com a queda no faturamento em outubro, também houve recuo de 6,51% nas compras da indústria do mês. Porém, no acumulado do ano foram 4,68% superiores em relação a janeiro a outubro do ano passado.
Emprego – Dados da pesquisa também indicam que o efeito cambial e a queda na demanda influenciaram no nível de emprego do setor industrial. O setor de Couros, Peles e Produtos Similares registrou queda de 5,72% na empregabilidade. Já o setor de Madeira (4,55%) reduziu postos de trabalho em função do câmbio desfavorável e da queda na demanda. Estes mesmos efeitos, atingiram o setor Químico, que diminuiu em 2,72% a mão de obra.

No mês, doze dos dezoito segmentos apresentaram resultados negativos na contratação. Porém, no acumulado do ano, o nível de emprego ainda está 6,26% positivo. Em outubro, a capacidade instalada caiu um ponto percentual, atingindo 78% e as horas trabalhadas recuaram 2,13%.



GENÊROS COM MAIORES VENDAS EM OUTUBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Couros, Peles e Produtos Similares…………………………42,59%
Perfumaria, Sabões e Velas…???……………………….34,57%
Têxtil………………..??………………….??………………….14,84%



GENÊROS COM MENORES VENDAS EM OUTUBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Editorial e Gráfica………………………………………………….33,81%
Material Elétrico e de Comunicações……………………….11,12%
Química…………………………………………………………………9,48%



GENÊROS QUE MAIS COMPRARAM EM OUTUBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Couros, Peles e Produtos Similares ……………………..?41,06%
Produtos Farmacêuticos e Veterinários…………………….18,64%
Material Elétrico e de Comunicações………………………..12,78%



GENÊROS COM MENORES COMPRAS EM OUTUBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Editorial e Gráfica …….?……………………………………….15,50%
Química……………………………………………………………….14,64%
Produtos Alimentares?………………………………………….13,55%

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