1º Encontro da Ação Política Empresarial reúne dezenas de participantes em Curitiba e serve como base de lançamento para a campanha Voto Responsável. Para o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, o sistema político está travando o Brasil
Oportuno e imprescindível para que o Brasil melhore a qualidade das suas instituições políticas e fortaleça a democracia. Esta a avaliação que os participantes do primeiro encontro da Ação Política Empresarial fizeram do movimento. A reunião, que aconteceu ontem na sede do Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores do Estado do Paraná (Cietep), em Curitiba, teve a presença de dezenas de empresários dos mais variados setores, intelectuais, professores universitários e jornalistas.
O evento serviu como base de lançamento da campanha Voto Responsável, tema de palestra do cientista político Augusto de Franco. Durante o encontro, foi feita a apresentação oficial do movimento Ação Política Empresarial e da Rede de Participação Política do Empresariado. Formada por um instrumento de animação eletrônica do movimento, o site www.redeempresarial.org.br, a Rede se constitui em fórum virtual permanente, cujo objetivo é favorecer o debate livre de idéias que levem ao aprimoramento do sistema político brasileiro. Também foi apresentado o calendário de eventos.
Trava – Dirigindo-se aos presentes, o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, lembrou que “o sistema político está travando” o crescimento e o desenvolvimento econômico do Brasil. “As deliberações tomadas nos centros decisórios não permitem que a gente participe”, declarou, referindo-se ao descolamento crescente entre os anseios e necessidades da sociedade brasileira e a atuação daqueles que a deveriam representar.
“Tenho andado pelo estado e promovido a idéia de um salto de qualidade na participação política”, contou Loures. “Este salto pressupõe duas coisas: que os empresários se organizem com outros agentes sociais, num processo de aprendizagem compartilhada, e que façamos uma cobrança (do trabalho dos políticos). O grande objetivo é que tenhamos uma representação com melhor qualidade”.
Cobrança – Os empresários presentes ao evento mostraram-se entusiasmados tanto com o movimento Ação Política Empresarial quanto com a Rede de Participação Política do Empresariado. “É mais do que hora de agirmos e reagirmos”, disse a empresária Úrsula Klein, que se mostrou preocupada com o real comprometimento dos políticos em relação a uma agenda que leve à melhoria do sistema político brasileiro. “Os candidatos vão assumir qualquer compromisso para obter votos”, ponderou.
O cientista político Augusto de Franco, que falou sobre a importância do “Voto Responsável”, respondeu que o fortalecimento das instituições políticas não termina com o voto, mas deve ir além. É fundamental que, uma vez eleito, o candidato seja cobrado.
Ardisson Nahim Akel, empresário do ramo do vestuário e vice-presidente da Fiep, considera que “é muito oportuno este tipo de articulação”. João Batista Correia considera que o movimento não pode se restringir à classe industrial. É preciso conquistar os demais setores da sociedade. “Devemos procurar arregimentar outros segmentos sociais”, sugeriu, lembrando que “há setores do operariado interessados em se ombrear (ao movimento)”.
Léo de Almeida Neves, ex-deputado federal e ex-diretor do Banco do Brasil, qualificou o movimento Ação Política Empresarial como “nobre e oportuno”. Ele acredita que outras entidades se juntarão, pois se trata de uma iniciativa “salutar, que visa ao desenvolvimento econômico e social do país”. Neves assinalou, ainda, que os grandes movimentos da humanidade começaram assim, com “um punhado de bravos”.