Mercado de carbono é oportunidade para empresas

Curso promovido pela Fiep e CNI orienta a elaboração de projetos de crédito de carbono. Capacitação termina sexta-feira

Técnicos em meio ambiente e consultores de indústrias do Paraná estão sendo capacitados para a elaboração de projetos de crédito de carbono. O curso, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através do Conselho Temático de Meio Ambiente e CNI, iniciou nesta quarta-feira (06) e prossegue até sexta (08), na sede da Fiep, em Curitiba.  

O crédito de carbono é um certificado emitido sempre que há uma ação de redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. Quem compra estes créditos são os países industrializados e que geram mais gases de efeito estufa.

O coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente da Fiep, Roberto Gava, informou que no Paraná há vários exemplos de diversas empresas que já desenvolvem projetos de neutralização do carbono, conseguindo com isso, aumentar sua receita com a venda dos créditos. “Esta prática prova que é possível produzir e preservar os recursos naturais ao mesmo tempo”, disse.

“A discussão acerca das mudanças climáticas não se restringe apenas aos ambientalistas. Hoje, toda a sociedade, inclusive o setor produtivo, têm responsabilidade e entende que é necessário aliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade”, destacou Mario Cardoso, analista na área de meio ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que abriu o curso de capacitação. Ele informou que embora o Brasil ainda não tenha uma legislação específica a respeito das emissões de gases, há uma forte pressão para que países em desenvolvimento assumam metas que contribuam com o Protocolo de Kyoto.

O mercado de créditos de carbono aumentou após a assinatura do Protocolo de Kyoto, acordo internacional para reduzir as emissões de gases estufa dos países industrializados e para garantir um modelo de desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento.

O documento prevê que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990. Para a China e os países em desenvolvimento, como o Brasil, Índia e México, ainda não foram estabelecidos níveis de redução, o que deve ocorrer em breve, na avaliação do analista da CNI.

“Sem a participação dos países em desenvolvimento, dificilmente os países desenvolvidos conseguirão cumprir as metas de redução. Outra questão refere-se ao cenário econômico atual. Não se sabe ainda quais serão os efeitos da crise, mas acredito que os acontecimentos forcem mudanças de hábitos e processos, valorizando aqueles que já desenvolvem projetos de crédito de carbono”, disse Cardoso.

“Hoje, muitas empresas já fazem a medição dos gases poluentes e realizam melhorias no processo produtivo e eficiência energética para reduzir as emissões. Uma indústria que faça o processamento da cana, por exemplo, pode utilizar o bagaço para produzir energia e o calor das caldeiras para produzir uma maior quantidade de álcool, reaproveitando, desta forma, os gases que seriam liberados na atmosfera”, explicou Cardoso.

O cuidado com o meio ambiente é uma das preocupações da Volvo. As unidades industriais da Suécia e Bélgica, por exemplo, são neutras em carbono, pois utilizam a energia eólica e a biomassa como fonte de energia. No Paraná, a indústria também desenvolve ações de redução das emissões.

“Estamos fazendo mudanças no processo. Os testes de motor a diesel, antes realizados com o motor ligado, hoje são feitos a frio. Outra ação é o que chamamos de ‘bomba calor’: o calor usado no processo de usinagem é captado e utilizado para aquecer a água do vestiário dos funcionários”, disse Carolina Bedran, analista técnica da área de meio ambiente da empresa.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - 80530-902 - Curitiba-PR